Cartas sobre a Felicidade Epicuro
Ontem quando fiquei ali por alguns segundos olhando para seus olhos
Olhos que brilhavam
Mas não brilhavam de alegria… brilhavam de lagrimas que você segurava tentando suportar em não deixa las cair, e enquanto os meus olhos encharcados das lagrimas mais confusas da minha vida esboçavam o futuro virando presente de um momento que sempre soubemos que iria chegar… Ali me bateu um desespero, como se tudo não fizesse mais sentido e como se eu estivesse cego no desconhecido sem ter mais a sua mão pra segurar e com medo de um dia nem poder mais ouvir sua voz.. te vi distante de mim como já não sei mais estar.
E ao mesmo tempo desse desespero da incerteza se vou viver tudo aquilo que já vivemos outra vez, tinha comigo de que assim, você sera feliz… e é isso que eu quero, mesmo que não possa ser comigo ao seu lado… mesmo que um dia não estaremos tão perto.. quero ver uma foto sua e te ver sorrindo… e que todas as suas escolhas e caminhos tomados tenham valido a pena.
Porque eu te amo. E isso nada nem ninguém vai tirar de mim.
Literalmente dei flores a ela, e ela me devolveu tudo em espinhos.
Fiz seu coração florescer.
Ela preferiu me expulsar do jardim que tanto cuidei.
Entendo o quanto é assustador, ser tratada bem em um mundo tão sem amor.
Ser tratada com amor, em um ambiente desumano.
Ser respeitada com cortesia e flores, como a moda antiga, em um mundo devasso e objetificado.
Um amor com boas pretensões é uma praga mortal para as moças que já se acostumaram a serem tratadas mal.
O romantismo assusta.
É insano tentar amar amando.
Isso deixam as mulheres com medo, eles fogem correndo e te chamando de louco.
Já vi muita gente investindo toda sua energia em se entristecer pela vida que gostaria de ter, ao invés de se alegrar pela vida que se tem [...]
Por mais que seja difícil aceitar nossas cartas, quanto antes aprendermos a jogar com elas e não nos importarmos com mãos imaginárias, mais rápido vamos progredir.
ola
escrevo essa carta para quem quiser ler
muitas pessoas me avisaram que o mundo não seria facil, o jogo da vida é realmente muito dificil mas fazer oque estamos neste mundo para viver e aprender coisas novas.
sei que você tem problemas todos temos mais não vai ser por isso que vamos desistir seja forte nunca se esqueça que você esta neste mundo por um motivo proposital .
bjs
ass:karol belizario
" Não era um para sempre qualquer
era o nosso ,que os ventos do destino,
trataram de levar
sobraram perfumes, lembranças
desejos
a um, que não sabe o que fazer com tanto presente
hoje ausente, nosso amor suportou
a dor, a falta e há de suportar a saudade
porque para nós, nosso para sempre,
será sempre honrado
mesmo que ele exista, somente em mim...
" Nós que passeamos pelos campos floridos do amor
sabemos da saudade, da dor, da fé
também conhecemos as belezas dos abraços
dos olhares cativos
das sombras do corpo dançando suave
ao final de uma tarde qualquer
nós que repudiamos a ausência
temos na presença o sabor especial da vida
curtimos os desejos, as praias, os passeios
nós que ainda não nos encontramos
sabemos que isso é apenas um detalhe
que o destino logo logo
se encarregará de juntar...
As palavras ditas sem pensar por vezes são tão pesadas quanto a culpa de algo fúnebre, que se perpetuam pela eternidade de nossos pensamentos criadores .
talvez sua carta tenha chegado ao outro destinatário, assim mudando sua vida .. nossos pensamentos criadores de idéias e ideologias são como os exoplanetas, temos algo em comum nunca existido assim mantem o equilíbrio Universal
Então quando finalmente, achamos algo igual a nós, o tempo de exploração vai nos mostrando que somos seres únicos com essências diferentes mais somos frutos do mesmo Criador
Seguimos padrões, porém não é o que nos define
Nunca tinha parado para pensar no real significado daquele pedaço dobrado de papel. Outrora era só mais uma folha em branco, guardada junto a outras 500 iguais em um pacote.
Não entendia o que ele representava quando o ganhei de uma pessoa especial e continuei sem o entender quando o queimei junto a outras lembranças de um passado não tão distante que, apesar de sombrio, guardava em uma parte especial da mente.
Pedaço esse que tinha a forma de um coração, dobrado uma parte de cada vez, construído assim como se constrói o amor.
Hoje, escrevendo essa carta, me pego a imaginar no que pensava enquanto o dobrava, o que sentia? É um exercício inútil de mais para me aprofundar, pois existem tantas possibilidades que não caberiam em uma carta e nem se quer em um livro de mil páginas. Mas se eu fosse resumir, acho que amor.
Tu me deste em minhas mãos o fruto de um sentimento, eu o guardei por tanto tempo, por tantos invernos onde podia sentir a gélida mão da solidão pesar sobre meu peito, guardei até mesmo depois de não fazer mais sentido algum tê-lo em minha posse.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado.
Lembro-me que por cima de tantas dobras, havia ali uma flor que também nunca soube identificar, mas apesar disso, me pego pensando em como foi colher no jardim. Penso até no real propósito disso! Poderia apenas ter me dado aquela dobradura que eu iria amar de todo modo, mas para você não foi o suficiente, desceu as escadas de casa, andou por algum jardim e escolheu uma flor, uma única e específica flor! Por que aquela? E não outra qualquer?
Enfim, já disse para mim mesmo que não posso pensar de mais nessas coisas, pois eu vou longe, tudo o que eu preciso agora é de manter os pés no chão e o mais importante: a cabeça no lugar.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado, mas se eu me permito imaginar, posso então lembrar de todas às vezes que me olhou e sem dizer nada eu sabia que tudo o que queria, era poder amar.
Amor… Esse que se foi com o vento, levado sem dó pelo tempo.
Amor era o que aquele pedaço de papel representava.
“Cômico, anos atrás, ela me indagou.
- Por que, ultimamente, tens sido um todo de ódio e rancor?
Respondi-a aos risos, com um certo torpor.
- Ora, como não odiar o mundo, quando cada batida de meu coração, lhe presta uma serenata de amor?
- Como posso amar o mundo, quando quem fiz de meu mundo, me negou amor?
- Não sou capaz de amar a todos, não sou Cristo, nosso Senhor.
Naquele momento, ela corou.
Vi em sua face, aquele belo e inconfundível rubor.
O que me assola, minha amiga, é que ela sabe que o mundo é só terror.
Ela parece ter medo da felicidade, tenta a todo custo, apagar a chama da minha paixão, tem menos medo da infelicidade, que do meu amor.
Recordo-me, minha amiga, que naquele dia, ela chorou.
De súbito, me abraçou.
Embalou-se em meus braços, nossos olhos digladiaram-se, o corpo dela tremia, até mesmo o Vesúvio, invejaria o nosso calor.
Ela fitou-me os lábios, mas não me beijou.
Foi-se embora, sumiu por dias, não me ligou.
Hoje ela retornou.
Cômico, minha amiga, novamente ela me indagou.
- Naquela noite eu fui feliz, não sei o que me aconteceu, o que foi aquele fervor?
Respondi-a aos risos, com um certo torpor.
- Naquela noite fora amada, aquilo foi amor…” - EDSON, Wikney – Cartas à Minha Amiga
"O amor, esse sentimento capaz de mover montanhas e transformar vidas, muitas vezes se manifesta nos gestos mais simples e sinceros. É nesse contexto que encontramos aquelas pessoas que estão dispostas a fazer o impossível pela pessoa que ama. São indivíduos que acreditam que o amor não deve ser contido, mas sim demonstrado através de atos genuínos de carinho e dedicação, mesmo que esses gestos possam parecer "bregas" aos olhos de alguns.
Comprar flores, escrever cartas, escolher presentes com cuidado - são essas as formas em que muitos escolhem expressar seu amor. Mas, na verdade, esses gestos não são bregas; eles são uma representação tangível da paixão e do desejo de fazer alguém se sentir especial. Eles são a linguagem universal do coração, capazes de tocar profundamente a alma da pessoa amada."
sempre pensei em mim, em meus ideais e como eu iria fazer pra chegar ate onde eu queria, ate que voce apareceu em minha vida me dando a oportunidade de conhecer mais sobre voce e me oferecendo apoio.
quando comecei a dizer sobre como eu queria no meu futuro voce se alegrou com a ideia de querer o mesmo que eu, foi então que nossos ideias se alinharam em um curto espaço no tempo que deu muito certo, que hoje nao sei como agradecer a oportunidade e ter morado no espaço do seu coração, eu fui tao longe com voce, conheci tantos lugares bonitos com voce, tive ali a sensação de poder iniciar uma nova jornada com alguém especial, voce foi a pessoa que me estendeu a mao quando eu mais precisei e sera a mesma que deixara de segurar minha mao, nao porque voce quer, mas porque ninguém sera pra sempre a vida toda, uma hora voce ira se cansar de mim e nossos sonhos, nossas memorias, nossa realidade, nossas dificuldades darão fim e o que foi vivido entre nos sera esquecido.
uma carta do futuro pra voce 10/11/2022 as 10:30 hrs.
Mostre sua existência
Às vezes, a gente esquece que estar aqui já é, por si só, um milagre. Em meio a bilhões de possibilidades, fomos escolhidos pela existência. Não por acaso, não por sorte, mas porque havia um espaço no universo exatamente do nosso tamanho.
Mas existir vai além do corpo. É também presença, sentimento, memória. Tem gente que passa a vida toda sem de fato se mostrar — camuflada na rotina, sufocada por medos, escondida dos próprios sonhos.
Um dia desses, me peguei olhando o céu. E pensei: será que o universo me vê? E se vê, será que sabe que estou aqui? A resposta veio silenciosa, mas certeira: o universo só te escuta quando você grita com o coração aberto, mesmo que em silêncio.
Por isso, vá lá fora. Sinta o vento, encare o céu com a coragem de quem quer ser visto. Diga, sem medo: eu existo! Mostre-se, mesmo que tremendo. Dê um passo, mesmo que pequeno. Porque quem se mostra ao mundo, encontra espaço dentro dele.
Você está aqui. E isso basta para que o universo te escute.
Na pressa dos dias, às vezes esquecemos que tudo na vida é passageiro. O que hoje parece impossível de suportar, amanhã já não pesa tanto assim. A dor, o sofrimento, a aflição — todos vêm, mas também vão. Ninguém sofre para sempre, por mais que, no auge do caos, pareça que sim.
A paixão arrebatadora, que um dia pareceu o centro do universo, perde a força com o tempo. A dor de cotovelo dá lugar a novos sorrisos. A sensação de perda um dia se transforma em memória doce ou lição necessária.
Quando perdemos alguém — seja um amor ou um ente querido — o mundo parece desabar. Mas o coração, esse teimoso que insiste em bater mesmo partido, vai aos poucos nos ensinando que a vida continua, apesar da ausência.
As lágrimas secam. A saudade se acomoda. E a dor, por mais profunda que seja, um dia se dissolve como neblina ao sol da manhã.
É assim com tudo: o tempo não cura sozinho, mas ajuda a entender.
Nem tudo é para sempre. E, por sorte ou por consolo, nem a dor é.
“Amor, você é a minha âncora.
Desde que te conheci, percebi como somos diferentes e, ao mesmo tempo, tão complementares.
Você é a minha terra firme — aquele que tem os pés no chão, que me acalma, me guia e me faz enxergar a vida com mais clareza.
E eu sou o ar — essa alma livre, sonhadora, intensa, que às vezes se perde entre pensamentos e devaneios.
Mas é você quem me ajuda a encontrar equilíbrio, quem me lembra que posso voar, sim, mas sabendo onde pousar.
Da mesma forma, eu te levo pra sonhar, pra acreditar no que parece impossível, pra entender que juntos podemos ir muito além.
Com você, eu me sinto segura, tranquila e, acima de tudo, feliz.
Você é o meu porto seguro, minha base, meu amor, minha âncora.”
Os anjos expulsos
Mais uma vez, você me deixou só,
“- E agora?” a saudade virou tristeza.
E novamente, não tenho com quem conversar...
Foram-se as rosas e os nossos beijos...
A nossa canção evapora pelo ar,
Tento consertar o relógio quebrado.
Aparentemente, a machuquei...
Quando os anjos mentem,
E as rosas também...
Eu só queria entender o porquê não a compreendo.
Eu pensei que era justo e implacável,
E nada disso não me levou a nada, não!
“Mas, o que encontrei?”
Foram as cartas todas rasgadas,
Com o meu pedido de desculpas...
E hoje em dia é tão difícil de alguém dizer:
“Eu a amo!”
E quando nos encontramos,
Estamos ainda mais sozinhos do que antes,
E na solidão das nossas camas,
No escuro, chamamos um ao outro.
O vazio nos destrói,
Como uma poesia noturna.
E quanto custará a cada versos?
E quanto custará os preços dos nossos pecados?
Mesmo destruídos,
Tentamos preservar a nossa montanha de lágrimas,
Dentro de nós...
Titânico Mello
Minha amada Carla,
Escrevo esta carta com em um mundo onde a maldade parece, por vezes, obscurecer a beleza, você surgiu como um farol, guiando-me através da escuridão. Confesso que, em muitos momentos, a esperança vacilou e a crença no amor se esvaiu. Mas então, você chegou, como um presente divino, e tudo mudou.
Lembro-me do primeiro dia em que nossos olhares se cruzaram. Seus olhos, como duas estrelas cintilantes, revelaram um universo de bondade e ternura. Naquele instante, soube que havia encontrado algo raro e precioso. E, a cada dia que passa, essa certeza se fortalece.
Você é a personificação do amor, Carla. Sua alma gentil e compassiva ilumina meus dias e aquece meu coração. Sua presença me traz paz e segurança, como um porto seguro em meio à tempestade. Ao seu lado, sinto-me completo.
Agradeço por cada sorriso, cada abraço, cada palavra de carinho. Agradeço por me mostrar que o amor verdadeiro existe, que a bondade ainda habita neste mundo e que a felicidade é possível. Você é a prova viva de que o amor pode transformar vidas, curar feridas e trazer esperança.
Prometo amá-la e protegê-la em todos os momentos, nos bons e nos ruins. Prometo ser seu porto seguro, seu confidente, seu companheiro para a vida toda. Que nosso amor seja eterno, como as estrelas que brilham no céu, e que nossa felicidade seja infinita, como o oceano que nos cerca.
Com todo o meu amor,
Bruno
Carla, meu amor, suas palavras me tocam profundamente. Obrigado por estar sempre ao meu lado, mesmo quando sou difícil de lidar. Sei que não sou perfeito e que às vezes minhas ações e palavras podem te magoar, mas saiba que meu amor por você é genuíno e incondicional.
Agradeço por sua paciência e compreensão durante os momentos difíceis que enfrentamos.
Sua força e apoio me dão a certeza de que juntos podemos superar qualquer obstáculo. Acredito que nosso amor é um porto seguro, um refúgio onde encontramos conforto e esperança.
Suas palavras de otimismo me dão força para acreditar em um futuro melhor. Sei que a fase ruim vai passar e que dias mais felizes virão. Juntos, vamos construir um caminho cheio de amor, paz e alegria.
Obrigado por me amar incondicionalmente, Carla. Saiba que meu amor por você é eterno e que estarei sempre aqui para te apoiar, te dar força e te amar. Juntos, somos invencíveis!
Abril de 1882
E é a consciência de que nada (exceto a doença) pode me arrancar esta força que começa agora a se desenvolver, é esta consciência que faz com que eu encare o futuro com coragem, e que no presente eu possa suportar muitos dissabores. É uma coisa admirável olhar um objeto e achá-lo belo, pensar nele, retê-lo, e dizer em seguida: vou desenhá-lo, e trabalhar então até que ele esteja reproduzido.
CARTA DE PRINCÍPIOS
A idéia da formação de um partido só dos trabalhadores é tão antiga quanto a própria classe trabalhadora. Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manterem organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégios das classes dominantes. Mas sempre que as lideranças dos trabalhadores e oprimidos se lançam à tarefa de construir essa organização independente de sua classe, toda sorte de obstáculos se contrapõe aos seus esforços.
Essa situação vivida milhares de vezes em todos os países do mundo vem acontecendo agora no Brasil. Começando a sacudir o pesado jugo a que sempre estiveram submetidos, os trabalhadores de nosso país deram início, em 12 de maio do ano passado (greve da Scania), à sua luta emancipadora. Desde então, o operariado e os setores proletarizados de nossa população vêm desenvolvendo uma verdadeira avalanche pela melhoria de suas condições de vida e de trabalho. A experiência dessas lutas tem como resultado um visível amadurecimento político da população trabalhadora e o crescimento, em quantidade e qualidade, de suas lideranças. Esse rápido amadurecimento político pode ser visto claramente no aprimoramento das formas de luta de que os trabalhadores têm lançado mão. O início das lutas é marcado por um período de greves brancas nas fábricas. Já os embates mais recentes, dos quais a greve geral metalúrgica do ABCD é o melhor exemplo, mostram a retomada, em toda a linha, das formas clássicas de luta: grandiosidade das assembléias gerais, a ação decisiva dos piquetes e dos fundos de greve. Os trabalhadores entenderam ao longo desse ano de lutas que as suas reivindicações mais sentidas esbarravam em obstáculos cada vez maiores e é por isso, dialética mente, que vão sendo obrigados a construir organizações cada vez mais bem articuladas e eficazes. Diante da força da greve do ABCD, os patrões e o governo precisaram dar-se as mãos para impedir o fim da política do arrocho salarial e o fim das estruturas semi fascistas que tangem os nossos sindicatos. Os patrões usam de todos os meios ao seu alcance para quebrar a unidade dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que se recusam a reconhecer os acordos obtidos no período das greves fabris. O governo desencadeia sua repressão: os sindicatos são invadidos e suas direções destituídas oficialmente, enquanto nas ruas a polícia persegue os piquetes e tenta impedir, pela violência, que os trabalhadores consigam local para se reunir. Por seu lado, o apoio que os metalúrgicos conseguem dos demais trabalhadores, embora seja suficiente para impedir que a repressão se aprofunde e faça produzir um recuo parcial, carece de maior conseqüência, devido, é claro, não à inexistência de um espírito de solidariedade, mas sim devido às limitações do movimento sindical e à inexistência de sua organização política. Tanto isso é verdade que as lideranças da greve são obrigadas a se escorar no apoio, muitas vezes duvidoso, de aliados ocasionais, saídos do campo das classes médias e da própria burguesia. Não puderam os trabalhadores expressar de modo mais conseqüente todo o seu apoio aos grevistas do ABCD, e essa impotência tenderá a continuar enquanto eles mesmos não se organizarem politicamente em seu próprio partido. É por isso que a idéia de um partido dos trabalhadores, ressurgindo no bojo das greves do ano passado e anunciado na reunião intersindical de Porto Alegre, em 19 de janeiro de 1979, tende a ganhar, hoje, uma irresistível popularidade. Porque se trata, hoje, mais do que nunca, de uma necessidade objetiva para os trabalhadores. Cientes disso também é que setores das classes dominantes se apressam a sair a campo com suas propostas de PTB. Mas essas propostas demagógicas já não mais conseguem iludir os trabalhadores, que, nem de longe, se sensibilizaram com elas. Esse fato comprova que os trabalhadores brasileiros estão cansados das velhas fórmulas políticas elaboradas para eles. Agora, chegou a vez do trabalhador formular e construir ele próprio seu país e seu futuro. Nós, dirigentes sindicais, não pretendemos ser donos do PT, mesmo porque acreditamos sinceramente existir, entre os trabalhadores, militantes de base mais capacitados e devotados, a quem caberá a tarefa de construir e liderar nosso partido.
Estamos apenas procurando usar nossa autoridade moral e política para tentar abrir um caminho próprio para o conjunto dos trabalhadores. Temos a consciência de que, nesse papel, neste momento, somos insubstituíveis, e somente em vista disso é que nós reivindicamos o papel de lançadores do PT. O povo brasileiro está pobre, doente e nunca chegou a ter acesso às decisões sobre os rumos do País. E não acreditamos que esse povo venha a conhecer justiça e democracia sem o concurso decisivo e organizado dos trabalhadores, que são as verdadeiras classes produtoras do País. É por isso que não acreditamos que partidos e governos criados e dirigidos pelos patrões e pelas elites políticas, ainda que ostentem fachadas democráticas, possam
Propiciar o acesso às conquistas da civilização e à plena participação política para o nosso povo. Os males profundos que se abatem sobre a sociedade brasileira não poderão ser superados senão por uma participação decisiva dos trabalhadores na vida da nação.
O instrumento capaz de propiciar essa participação é o Partido dos Trabalhadores. Iniciemos, pois, desde já, a cumprir esta tarefa histórica, organizando por toda parte os núcleos elementares desse partido.
1. A sociedade brasileira vive, hoje, uma conjuntura política altamente contraditória e, sob muitos aspectos, decisiva quanto a seu futuro a médio e longo prazos.
Vista do ângulo dos interesses das amplas massas exploradas, desde sempre marginalizadas material e politicamente em nosso país e principais vítimas do regime autoritário que vigora desde 1964, a conjuntura revela tendências extremamente promissoras de um futuro de liberdades e de conquistas de melhores condições de vida. Dentre as tendências auspiciosas, destaca-se a emergência de um movimento de trabalhadores que busca afirmar sua autonomia organizatória e política face ao Estado e às elites políticas dominantes.
Esse é, sem dúvida alguma, o elemento inovador e mais importante da nova etapa histórica que se inaugura no Brasil, hoje. Contudo, a par dos dados auspiciosos da conjuntura política, coexistem também perigosos riscos, que podem levar as lutas populares a novas e fragorosas derrotas.
Aqui, cabe destacar que o processo chamado de abertura política está sendo promovido pelo mesmos grupos que sustentaram e defenderam o regime hoje em crise. Com a evidente exaustão de amplos setores sociais com o regime vigente no País e com a crise econômica que abalou a estabilidade dos grupos dominantes que controlam o aparelho de Estado, os detentores do poder procuram agora, e até este momento com relativo êxito, reformar o regime de cima para baixo. Vale dizer, pretendem reformar alguns aspectos do regime, mantendo o controle do Estado, a fim de evitar alterações no modelo de desenvolvimento econômico, que só a eles interessa e que se baseia, sobretudo, na superexploração das massas trabalhadoras, através do modelo econômico de onde sobressai o arrocho salarial. Já está demais evidente que o novo governo militar pretende manter a continuidade dessa mesma política econômica ditada pelo capital financeiro internacional, agravada agora pelos planos de austeridade e recessão que já se esboçam. Isso significa que o sofrimento, a miséria material e a opressão política sobre a população trabalhadora tenderão a se manter e aprofundar.
O que significa estado de direito com salvaguardas? O que pretendem com anistia restrita? O que visam com a propalada reforma da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] e da Lei de Greve, urdidas secretamente? Qual o sentido da diminuição das penas previstas na Lei de Segurança Nacional e a preservação do espírito que informa essa mesma Lei?
Esses e tantos outros fatos indicam que o regime busca reformar-se tentando atrair para seu campo de apoio setores sociais e segmentos políticos oposicionistas, com vistas a impedir que as massas exploradas explicitem suas reivindicações econômicas e sociais e, o que é mais importante, a sua concepção de democracia. Em poucas palavras, pretendem promover uma conciliação entre os de cima, incluindo a cúpula do MDB, para impedir a expressão política dos de baixo, as massas trabalhadoras do campo e da cidade.
2. Essas afirmações não ignoram o fato de que o MDB foi utilizado pelas massas para manifestar eleitoralmente seu repúdio ao arbítrio. Tampouco pretendem ignorar a existência, entre seus quadros, de políticos honestamente comprometidos com as lutas populares.
Isso, no entanto, não pode impedir e não nos impede de apontar as limitações que o MDB – partido de exclusiva atuação parlamentar – impõe às lutas populares por melhores condições de vida e por um regime democrático de verdadeira participação popular.
O MDB, pela sua origem, pela sua ineficácia histórica, pelo caráter de sua direção, por seu programa pró-capitalista, mas sobretudo pela sua composição social essencialmente contraditória, onde se congregam industriais e operários, fazendeiros e peões, comerciantes e comerciários, enfim, classes sociais cujos interesses são incompatíveis e onde, logicamente, prevalecem em toda a linha os interesses dos patrões, jamais poderá ser reformado. A proposta que levantam algumas lideranças populares de “tomar de assalto” o MDB é muito mais que insensata: é fruto de uma velha e trágica ilusão quanto ao caráter democrático de setores de nossas classes dominantes.
Aglomerado de composição altamente heterogênea e sob controle e direção de elites liberais conservadoras, o MDB tem-se revelado, num passado recente, um conduto impróprio para expressão dos reais interesses das massas exploradas brasileiras. Está na memória dos trabalhadores a conduta vacilante de parcelas significativas de seus quadros quando da votação da emenda Accioly, da lei antigreve e de outras medidas de interesse dos trabalhadores. Apegado a uma crítica formalista e juridicista do regime autoritário, o MDB tem-se revelado impermeável aos temas sociais e políticos que tocam, de fato, nos interesses das massas trabalhadoras.
Amplos setores das elites políticas e intelectuais das camadas médias da população têm afirmado que “não soou a hora” de se dividir a oposição articulada no interior do MDB, afirmando que a democracia não foi ainda conquistada. Rechaçamos com veemência tal argumento. Primeiro, porque em momento algum podemos aceitar a subordinação dos interesses políticos e sociais das massas trabalhadoras a uma direção liberal conservadora, de extração privilegiada economicamente. Segundo, porque não podemos aceitar que a frente das oposições se mantenha às custas do silêncio político da massa trabalhadora, único e verdadeiro sujeito e agente de uma democracia efetiva. Tampouco consideramos que a existência de partidos políticos populares venha a contribuir para romper uma efetiva frente da luta dos verdadeiros democratas. O PT considerem imprescindível que todos os setores sociais e correntes políticas interessados na luta pela democratização do País e na luta contra o domínio do capital monopolista uni fiquem sua ação, estabelecendo frentes inter partidárias que objetivem conquistas comuns imediatas e envolvam não somente uma ação meramente parlamentar, mas uma verdadeira atividade política que abranja todos os aspectos da vida nacional.
3. O Partido dos Trabalhadores denuncia o modelo econômico vigente, que, tendo transformado o caráter das empresas estatais, construídas pelas lutas populares, utiliza essas empresas e os recursos do Estado, em geral, como molas mestras da acumulação capitalista. O Partido dos Trabalhadores defende a volta das empresas estatais à sua função de atendimento das necessidades populares e o desligamento das empresas estatais do capital monopolista.
O Partido dos Trabalhadores entende que a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores, que sabem que a democracia é participação organizada e consciente e que, como classe explorada, jamais deverá esperar da atuação das elites privilegiadas a solução de seus problemas.
O PT entende também que, se o regime autoritário for substituído por uma democracia formal e parlamentar, fruto de um acordo entre elites dominantes que exclua a participação organizada do povo (como se deu entre 1945 e 1964), tal regime nascerá débil e descomprometido com a resolução dos problemas que afligem o nosso povo e de pronto será derrubado e substituído por novas formas autoritárias de dominação – tão comuns na história brasileira. Por isso, o PT proclama que a única força capaz de ser fiadora de uma democracia efetivamente estável é a das massas exploradas do campo e das cidades. O PT entende, por outro lado, que sua existência responde à necessidade que os trabalhadores sentem de um partido que se construa intimamente ligado com o processo de organização popular, nos locais de trabalho e de moradia. Nesse sentido, o PT proclama que sua participação em eleições e suas atividade parlamentares se subordinarão a seu objetivo maior, que é o de estimular e aprofundar a organização das massas exploradas.
O PT não surge para dividir o movimento sindical, muito ao contrário, surge exatamente para oferecer aos trabalhadores uma expressão política unitária e independente na sociedade. E é
nessa medida que o PT tornar-se-á, inevitavelmente, um instrumento decisivo para os trabalhadores na luta efetiva pela liberdade sindical.
O PT proclama também que sua luta pela efetiva autonomia e independência sindical, reivindicação básica dos trabalhadores, é parte integrante da luta pela independência política destes mesmos trabalhadores. Afirma, outrossim, que buscará apoderar-se do poder político e implantar o governo dos trabalhadores, baseado nos órgãos de representação criados pelas próprias massas trabalhadoras com vistas a uma primordial democracia direta. Ao anunciar que seu objetivo é organizar politicamente os trabalhadores urbanos e os trabalhadores rurais, o PT se declara aberto à participação de todas as camadas assalariadas do País. Repudiando toda forma de manipulação política das massas exploradas, incluindo sobretudo as manipulações próprias do regime pré-64, o PT recusa-se a aceitar em seu interior representantes das classes exploradas. Vale dizer, o Partido dos Trabalhadores é um partido sem patrões! As tentativas de reviver o velho PTB de Vargas, ainda que, hoje, sejam anunciadas “sem erros do passado” ou “de baixo para cima”, não passam de propostas de arregimentação dos trabalhadores para defesa de interesses de setores do empresariado nacional. Se o empresariado nacional quer construir seu próprio partido político, apelando para sua própria clientela, nada temos a opor, porém, denunciamos suas tentativas de iludir os trabalhadores brasileiros com seus rótulos e apelos demagógicos, e de querer transformá-los em massa de manobra para seus objetivos.
O PT não pretende criar um organismo político qualquer. 0 Partido dos Trabalhadores define-se, programaticamente, como um partido que tem como objetivo acabar com a relação de exploração do homem pelo homem. O PT define-se também como partido das massas populares, unindo-se ao lado dos operários, vanguarda de toda a população explorada, todos os outros trabalhadores – bancários, professores, funcionários públicos, comerciários, bóia- frias, profissionais liberais, estudantes, etc. – que lutam por melhores condições de vida, por efetivas liberdades democráticas e por participação política. O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não há socialismo sem democracia e nem democracia sem socialismo. Um partido que almeja uma sociedade socialista e democrática tem que ser, ele próprio, democrático nas relações que se estabelecem em seu interior. Assim, o PT se constituirá respeitando o direito das minorias de expressarem seus pontos de vista. Respeitará o direito à fração e às tendências, ressalvando apenas que as inscrições serão individuais.
Como organização política que visa elevar o grau de mobilização, organização e consciência de massas; que busca o fortalecimento e a independência política e ideológica dos setores populares, em especial dos trabalhadores, o PT irá promover amplo debate de suas teses e
propostas de forma a que se integrem nas discussões:
• lideranças populares, mesmo que não pertençam ao Partido;
• todos os militantes, trazendo, inclusive, para o interior do debate partidário proposições de quaisquer setores organizados da sociedade, e que se considerem relevantes com base nos objetivos do PT. O PT declara-se comprometido e empenhado com a tarefa de colocar os interesses populares na cena política e de superar a atomização e dispersão das correntes classistas e dos movimentos sociais. Para esse fim, o Partido dos Trabalhadores pretende implantar seus núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, em sindicatos, bairros, municípios e regiões.
O PT manifesta alto e bom som sua intensa solidariedade com todas as massas oprimidas do mundo.
A COMISSÃO NACIONAL PROVISÓRIA
1º de maio de 1979
PARTIDO DOS TRABALHADORES
Leitura: Fernando kabral 13
Mínimo/máximo
O mínimo é necessário só pro de repente,
Se caminhar na direção certa é o objetivo, então, o processo da compreensão é o volante,
O elo entre o que você perdeu e a cura pode estar naquilo que não percebemos ao acordar ouvindo o som dos pássaros, ou no escutar o uivo dos lobos ou quem sabe não está na simplicidade da fogueira acesa na beira do rio,
Se é o máximo que te completa, procure as cartas certas para jogar na mesa.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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