Cartas se te Fiz algo eu te Peco Perdao

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AMOR
Deixa eu te dizer que o amor é lindo
É como a tarde dourando o firmamento
E a poesia canta os passarinhos a gorjear fogosos
Ah! o amor é tão lindo, que eu prometo eterno
O mais terno amor e se for triste
Porque triste é o amor, infinito será
Porque amor é assim assim...
Te direi todas as manhãs
Quando abrirem-se as rosas húmidas de orvalhos...
E as cambaxirras cantarem
Os primeiros raios do alvorecer
Porque no alvorecer o amor se expressa
Então entenda que os seres viventes,
As águas, o vento, o fôlego
Que conserva e harmoniza essa vida
Só é possível porque existe o amor

Inserida por tadeumemoria

Na adolescência eu era um anjo triste

Desses que perambulam,

que caem, que existem

melancólicos, sonhadores,cinzentos

Como os finais de tardes dos dias invernosos

A minha solidão respingava nas vidraças

Como a neblina fria jogada pelo vento

Que doía fundo na minha carapaça

E a minha angústia,

a dor daquele sentimento

A solidão de me sentir sozinho

Não era solitária, era uma multidão

E como cada um faz seu rumo, seu destino

De fazer da multidão, a sua poesia

Aquele garoto triste um dia teve o tino

Inserida por tadeumemoria

PROCISSÃO

Quando eu não tiver nada ainda terei as palavras

Terei o silencio e a virtude de saber não possuir

E as minhas palavras dar-se-ão as mãos

Numa ciranda a cantar poemas a edificar a solidão

E a minha solidão povoa,

Pavão, pavoa, encantos, penas e cantos

Leitos, lagoas, embarcação, canoas

Uma procissão, uma novena,

Meu verso vai de Tóquio a Cartagena

Porque minhalma não é pequena,

Minha estrofe é forte e minha verdade serena

E o meu silencio não dói; não dói quando passa a tarde

Quando passa o rio, quando passa o vento,

O meu silencio só dói quando passa o sentimento

Inserida por tadeumemoria

EU VI
eu vi um homem que não era mais homem
e tinha um olhar que não era mais seu
e tinha a ausência de todos os fantasmas
e tinha a asma de todos os gatos
e tinha os mistérios dos cemitérios
a pele morta, sem vida,
dentes sem precedentes
um odor inconcebível;
não era mais um ser vivente,
por mais que parecesse gente,
não era um cachorro,
os cachorros são felizes e são gratos,
os gatos têm orgulho,
era maior que um rato em tamanho,
mas revirava o lixo
com a ânsia desse bicho
eu vi um homem que não era mais homem
ou vi um bicho que não era mais bicho

Inserida por tadeumemoria

PREFÁCIO

Trinta anos atrás eu amanhecia,

Encantado com as espumas

Que as ondas provocavam

Ao baterem impertinentes contra o quebra-mar

E politicamente radical

Com os cachos dos meus cabelos castanhos

Ou o black power do meu irmão; eu era um contestador

Há trinta anos atrás a gente sorria mais fácil

E era mais fácil ser politicamente radical

Há trinta anos atrás bastava um sonho,

Uma postura e a ilusão da democracia;

As utopias revigoravam nossa ideologia

Há trinta anos atrás,

Eu só tinha trinta anos

E trinta Anos era uma eternidade,

Agora eu tenho duas eternidades

E este desejo que arde

Como se eu tivesse treze anos

Cronologicamente o meu cérebro não se deu conta

Que passou tanto tempo

E meu coração não se deu conta de seus efeitos.

Ainda me encanto com o alvorecer,

Com os tons de cada estação,

Com os pássaros, com o que vejo ou só imagino...

Com essa coisa nova que tilinta, que sussurra, que sopra,

Que canta, que me desperta

Que me faz correr como se eu fosse um menino

E então qualquer momento é uma eternidade...

E eu sonho... é o meu destino...

Eu sonho...

Inserida por tadeumemoria

TEMPO

O tempo já levou o meu olhar faz tempo...

Faz tempo que eu olhava o tempo

Com a esperança vã de um dia em algum tempo

Que essa coisa toda que envolve a gente...

Nem sei se é assim...

Mas pelo menos em mim, faz tempo...

Sempre quis entender, mas essas coisas do coração...

O tempo foi passando e passou o tempo do entendimento

Agora eu só percebo que o silencio

Vai além do que comove e o que se locomove

Rodopia com a poeira dos meus pensamentos...

Eu sei que vou sonhar ainda até que entenda

Que o tempo já levou o meu olhar faz tempo

Faz tempo que eu tento entender o que se passa

E não passa este acreditar no amor,

Esse ter fé e esperar nos meus pressentimentos

Faz tempo que eu olhava o tempo,

Faz tanto tempo... tanto tempo, que naquele instante

Que ainda não era o nosso tempo e as nossas mãos

Se uniam a tecer a eternidade

E éramos deuses de todos os momentos

Que nem percebemos o galopar veloz

Desse corcel indomável que se chama tempo

Inserida por tadeumemoria

FILHO DO SILÊNCIO

filho do silencio, eu e escutei cantigas antigas

que a ternura doce e materna soprava na brisa;

tinha a beleza de tudo que a infância embeleza,

a beleza do que não é belo, mas embeleza o espírito,

a beleza porque tudo é novo quando se é criança...

e tudo é paixão quando se tem espaço no coração;

guardei sorrisos, olhares, palavras,

alguém que passava mas deixava o perfume,

alguém que falava ou balançava os quadris,

alguém que só existisse na minha imaginação;

que contemplasse o que tivesse movimento, aroma e luz,

armazenei colinas e silhuetas, o que cintilasse, o que gorjeiasse,

o que sorrisse, o que vibrasse, o que silenciasse;

porque às vezes silenciamos para as coisas que partem

ou para o que não temos explicação

e assim eu me tornei filho do silêncio

quando silenciei pro meu pai, pra minha mãe,

pra todas as despedidas, pra tudo o que partia,

pra tudo o que se partia

e me transformei em órfão dos sonhos, das promessas, dos ideais...

Inserida por tadeumemoria

Eu sempre quis de ti o que era fugidia

O que era fugaz, o que era quase ou por um triz
A loucura da procura, a aventura da caça;
Eu sou um predador...
O difícil de querer me seduzia,
Mas quando eu via e pegava,
Desacelerava, morria o interesse da caçada;
O prazer se reduzia a quase nada...
Acho que amo os desencantos
Eu não queria ser assim...

Se algum dia eu sonhar com algo que não for poesia,
Se algum dia os desencantos não me encantarem,
Talvez eu esteja preso
Entre tuas pernas e os teus braços
No abraço do poema do prazer,

Como se a vida fosse alguns gemidos de paixão ou de amor
Mas a vida é uma selva e eu sou um predador

Inserida por tadeumemoria

A coisa mais bonita do mundo dá uma ansiedade,

Quando não acontece dá uma saudade

Então eu penso que o mundo dá tantas voltas...

E eu não mudo... já ficou tarde e eu ainda penso em você

Uma canção de longe quando amar não era brega

Me devolve momentos bonitos,

Agora eu fico aflito e tenho que obedecer regras

Mas nada impede que eu sonhe e acredite no verso

O amor é sem dúvida todo esse universo

Inserida por tadeumemoria

DEZ OLINDAS
se ela não fosse bonita
com a beleza que eu vejo
ela já era linda

mas ela era bonita
com a beleza que eu penso
e a beleza que eu penso,
penso mais que dez Olindas

tinha todos os deslimites
que a beleza do mar
tinha a imensidão do sonho
e o sonho imenso de amar

Inserida por tadeumemoria

Em outra circunstância eu diria que sinto saudades; outrora a casa vivia repleta de crianças; filhos, netos, sobrinhos... éramos uma família unida e feliz. Foi um tempo de abundância quando o algodão era um sinal de luz, as árvores frutíferas atraiam os pássaros, as flores ornamentavam a casa grande, como promessa de muita felicidade e tudo isso começou na igrejinha de santa Rita de Cássia pequena e acanhada de piso morto. Frei Jerônimo celebrou nosso casamento depois de seis anos de namoro, discussões ríspidas entre nossas famílias que tinham suas rixas e eram contra a nossa união; mas o amor se sobrepôs ao ódio e derrubou a cerca de arame farpado que ia da estrada até as proximidades do rio, o que compreendia nossas propriedades e não deixava de ser um bom pedaço de terra, algumas cabeças de gado, porcos e outras criações, além do algodão e do milho. A partir de então houve entre nossas famílias uma total harmonia, eu diria que nos tornamos uma, porque os problemas que surgiam eram nossos e resolvíamos em conjunto e nossas alegrias eram compartilhadas; então veio, em homenagem a avó paterna Ana Luzia, nossa primeira filha: Analu. Juaquim meu marido queria que ela se chamasse Elenice o meu nome mas eu tinha uma grande admiração por dona Ana, minha sogra, que mesmo nas nossas rixas durante o nosso namoro nos apoiou. foram anos de uma felicidade completa; vieram outros filhos e isso só consolidou o nosso amor. ninguém teve tanto a certeza de ser amada como eu; mas mesmo nos melhores momentos, as vicissitudes da vida acontecem e ninguém está imune às paixões.
Analu corre ainda entre a varanda, o pomar e as roseiras que adornam a frente branca e azul de nossa casa, nas brincadeiras ingênuas de sua adolescência com os irmãos, primos e vizinhos, Juaquim cuida dos bichos ou das plantações e provavelmente cantarola uma canção romântica; assim as coisas ficaram na minha lembrança. Numa parte ou outra, dunas ameaçavam bairros e as chuvas tornavam-se mais escassas. ouvia-se histórias de famílias que migravam por essas dificuldades; resistimos a todas as adversidades.
Era uma tarde nublada de agosto, Juaquim tinha ido pescar no rio quando o carro entrou pelo nosso portão e chegou bem próximo aos degraus que conduziam a nossa porta; era Eriberto, o advogado, que trazia uma pasta; ele cuidava do inventário do sr Benedito, meu sogro, falecido há poucos meses, vitimado por falência múltipla dos orgãos. Ninguém diagnostica o tempo como causa mortis; meu sogro já contava 99 anos. "Quem é esse anjo?" Questionou Analu, que já contava 18 anos. Heriberto era assim, dava sempre essa impressão, e se sorrisse e nos olhasse nos olhos passava-nos a sensação de uma fragilidade que também nos contagiava. Eu já conhecera aquele sentimento e vivia numa dúvida cruel, convivendo com aquele remorso, imaginando se Samuel, meu filho mais novo, não seria filho de Eriberto. desde então Analu parecia mais calada, vez ou outra estava sempre no telefone sussurrando; Samuel certa vez ao chegar da escola mencionou ter visto Analu na pracinha conversando animadamente com Heriberto parecia uma tragédia anunciada, meses depois notava-se a barriga de Analu crescida; Juaquim chegou a ir atrás de Heriberto, mas ficou sabendo que ele era casado e havia se transferido pra outra capital; meses depois nascera Cecília, mas Analu perdera todo o brilho do olhar, juaquim também ficara meio rançoso; certa noite me questionou por que eu não lhe falara sobre a origem de Samuel. Juaquim era um anjo, de um amor puro e imaculado. Quantas vezes olhamos o por do sol sobre as dunas que guardavam a nossa história; e dali vimos o brilho de um nascente renascer nos olhos de Analu, que na igrejinha de santa Rita de Cássia, agora com piso de mármore e torres iluminadas, casara-se com um dos filhos de um primo distante de Juaquim.
De vez em quando penso que todo esse tempo não passou, quando contemplo Gustavo, marido de Analu, tirando leite das vacas, colhendo o milho, obsevando a plantação de algodão; ele também cantarola algumas canções que mencionam amor e paixão, de vez em quando caminhamos à beira do rio; de vez em quando são subdivisões de uma eternidade que se divide em partículas para serem bem guardadas ou esquecidas pelo tempo e o perdão.

Inserida por tadeumemoria

eu vou chorar sozinho no meu canto
me valendo do meu santo
olhando os astros, eu canto baixo,
eu sussurro o meu encanto
enquanto for assim,
por mais que doa em mim
vai ser melhor que dor nenhuma...
eu vou mudar desse lugar,
pra Irajá ou Inhaúma
vou me esconder desse desejo...
eu vou blindar meu coração
com brisa e mar e algum vinho
eu vou ficar sozinho no meu canto,
eu mereço esse castigo...
ainda tenho as lembranças,
ainda tenho tudo que eu pensava que tinha,
eu fico mudo nessa ilusão,
de dores e angústia eu me fiz
não se atormente, eu cuido bem desta agonia,
vai ser feliz
eu vou ficar quietinho no meu canto...

Inserida por tadeumemoria

DOLCE AMORE MIO
Um dia eu apareço no teu sonho
E te mostro o tamanho do meu coração,
Um dia eu te mostro
Como a minha paixão é densa...
Pensa numa coisa imensa sobre outra coisa
E entra e sai...
E entra e sai e coisa numa coisa intensa
Compensa qualquer sacrifício
Esse é o meu ofício,
É um vício, é ócio, são ossos do ofício...
Um dia eu apareço e te mostro
Um dia eu te mostro o mastro da minha paixão,
Navio a cortar vagas,
A vagar no cio desse teu desejo,
Um dia eu apareço...
Um dia eu apareço, dolce amore mio...

Inserida por tadeumemoria

AUGUSTO E EU
Entre mim e augusto existe o tempo e a imensidão; outonos dourados que derramaram pétalas e desfolharam árvores avolumando a relva que adubaram o solo e esconderam os vestígios dos que perambularam, dos que caçaram, dos que fugiram, ou simplesmente se perderam ao acaso... em busca de um senso, de um espírito, de algo surreal que dê sentido à isso; e o que me faz pensar que eu sou augusto? Ah, eu não sei, algo, uma presunção megalomaníaca, fantasmas, os demônios que escarravam os seus poemas, os vermes... eu não sei... augusto e e, caminhamos... um pântano sinistro galhos e raízes como esqueletos dos que perecem num purgatório que habita na nossa própria essência. Alta madrugada e eu esfacelado na minha sensibilidade diante das agruras que sangram a alma de qualquer ser com fôlego e tato, diante desse cotidiano maldito; Augusto gargalha algum poema com farpas, entrementes onde estive esse tempo? este plasma indócil vagou pelos desertos da África; colhi fome, miséria e inanição; a Etiópia cingiu minh'alma e tingiu minha pele. O deserto habita o meu silencio e povoa o meu coração. augusto me olha deste abismo inexplicável de abstrações que serve de pilar à poesia; caminhamos juntos entre a lógica e o absurdo, tudo que explica perfeitamente o que não somos de uma forma coerente a se fazer dissolver o que é real nesse universo de moléculas, átomos e estrelas; mas eu tenho os meus sonhos, sonhos como chuvas, como rigorosos invernos e nessa realidade árida, só me resta chover...

Inserida por tadeumemoria

CORPOS SANTOS
Acho que ainda não é meia noite,
Quem dividiu a noite eu não sei,
Mas está tudo bem silencioso,
Está meio medroso, o carro preto veio...
Todavia eu procuro umas palavras,
Eu procuro umas palavras,
Umas palavras eu procuro.
Além do muro onde me escondo
Um mocho grasna seu agouro fúnebre,
Esse silêncio tenso tem o timbre do mais triste escuro

O carro preto... o carro preto às vezes é prata,
Às vezes é vermelho, as vezes é branco
Para cobrar vem como um raio
Vem como um relâmpago

Acho que ainda não é meia noite e o pipocar da vida
Abrindo feridas em tantos corpos santos;
Jazem no asfalto anjos sem mantos sob a luz da lua
Seus corpos tatuam pra afastar o medo
Eu procuro palavras... eu procuro palavras
Pra descrever a morte

Acho que ainda não é meia noite...
Quem dividiu a noite pra mim ainda é segredo
Nesse contexto. me parece, morrer é muita sorte
E viver não passa que morrer de medo

Inserida por tadeumemoria

O que é que está acontecendo comigo
o gato que eu era em cima do telhado
de repente soltou seu miado
e sardinha, a piranha que dormia na calha
se espreguiçara indiferente
o meu olhar quarenta e tres
só vale dez por cento dos dez por cento que valia
Aceb, o mulçumano,
não entendia eu te amo
como eu entendia Aceb e sua filosofia...
o que acontece comigo
não olho mais o por do sol como eu olhara um dia
não arquiteto o teto sob estrelas
e tê-la, somente tê-la é minha obsessão,
só resta-me uma vida, só uma vida, das sete que se presumira
a brisa que leva seu perfume, leva a minha existência
e o felino que habitava este coração
caminha silencioso sob o firmamento riscado por meteoros buscando entender o que acontece...

Inserida por tadeumemoria

⁠E quando for verdade o que não for verdade
eu levo dessa cidade o que não for cidade
eu levo o tempo que eu não tenho
pelo tempo que eu tenho perdido...
eu acredito tanto que a vida pode mudar,
se mudarmos um tanto nesse acreditar;
ah, podemos ser felizes sim
mesmo se só restar um olhar, um aceno, uma canção...
a vida é pródiga, a existência profícua...
temos a lua e o tobogã, a esperança e mente sã...
e o lago que eu imagino,
eu atravesso a nado como se fosse um menino,
mas, nada nada assim no nada...
o que não existe além do que eu imagino
se a estrada é o sonho e o caminho é caminhar,
ainda sou um menino de cinquenta anos,
tenho minhas fantasias, ainda faço planos
ainda me apaixono às vezes, às vezes sete vezes por dia...
dezessete vezes por dia eu acredito nesta rebeldia
de me acreditar menino, de me acreditar poeta.

Inserida por tadeumemoria

eu nem sou triste assim, eu só sou triste, e nem sou tão sozinho
eu só sou só...
⁠e as vezes, só as vezes, as vezes olho pelas venezianas procurando... ainda não sei o quê
as paredes do condomínio me impedem o horizonte e os pirilampos que brincavam nas copas das árvores de corpos celestes e me inspiravam agora é só uma lembrança das boas recordações que eu ainda tenho...
acho que gostaria de dizer isso pra alguém, mas não sei pra quem... quem entenderia um olhar pela veneziana buscando vagalumes, quem ainda entende de horizontes? O condomínio não me permite estrelas como as madrugadas do sertão, mas acho que não posso falar isso, acho que não posso falar muito; é melhor escrever...

Inserida por tadeumemoria

⁠a minha verdade não é minha
e a minha essência é multidão
eu brinco de ciranda ao redor da montanha
de mãos dadas comigo mesmo
penso que sou feliz e isso é tão longínquo
que os rios me carregam
e as estradas me conduzem
em fila indiana até que eu caia de um crepúsculo
e ressurja no nascente e os primatas
que eu fui eram tão ternos,
tinham a ternura das tristezas e das indecisões
e isso fazia deles seres melhores do que hoje somos
agora eu fico sozinho comigo mesmo e os meus cromossomos
ora refletindo, ora contemplando
e eu me pergunto: será que eu não sou Deus?
porque afinal de contas, eu também sou solitário,
eu também sou triste, fico perdido no que me constitui
e no que compõe o meu DNA.
Primata? -Não, os dias gloriosos se foram;
preservei daquele símio só o angustiante prazer
de se entregar a paixão... e quando ela passa
iluminando o vale com sua aura, eu brinco de ciranda
de mãos dadas comigo mesmo ao redor da montanha
até que ela o encontra sob a copa de uma amendoeira frondosa
se abraçam terna e loucamente apaixonados
a fazer piscar de acanhamento astros há mil anos luz ...
e eu fico pensando: ah, se eu não fosse Deus...

Inserida por tadeumemoria

⁠ainda é cedo, mas o medo que eu tenho não tem noção de tempo
de clima ou de temperatura
o medo que tenho chove com sol e se aquece com a chuva
o medo que eu tenho não tem olhos nem ouvidos
ainda é cedo pra ter medo, mas o medo que tenho acorda tão cedo
sem noção de emoção ou sentimento, sem segredos nas periferias

Inserida por tadeumemoria

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