Cartas e Prosa de Fernando Pessoa
Para uma pessoa especial.
Boa noite...
Eu passei todo dia pensando em o que dizer à você, mais em momento nenhum me veio algo na cabeça.
Pois já não sabia qual seria sua reação, uma vez que a última mensagem minha, não me pareceu agradável a seus olhos..(eu acho).
Então, depois de receber sua mensagem decide escrever...escrever o que eu desejava e pensava a seu respeito.
E a primeira coisa que desejei foi..
Que você tenha o privilégio de viver bem, que mesmo parecendo impossível, nunca se preocupe, apenas ocupe seu tempo com coisas que te façam feliz, ocupe seu espaço, ocupe sua mente com o mesmo idealismo com o qual eu à conheci.
Que você disponha de boas palavras, disponha de boas vibrações, disponha sempre...e sempre...
Que você preze por qualidade, preze por valores, preze por virtudes, para que seja cômodo acomodar seu corpo, acomodar seu espirito, acomodar sua vida, acomodar você.
Desejo que você confie...confie no seu sexto sentido, confie em você, e acima de tudo confie em Deus...
Que você sempre continue impressionar pela humildade, impressionar pela simplicidade, impressionar pela elegância.
Desejo que você nunca se sobrecarregue, mas recarregue suas forças, recarregue sua coragem, recarregue suas esperanças, principalmente no que você acredita.
Que sua humildade prevaleça sobre toda humanidade, e que seja desprovida de frustrações, aumentando cada dia mais suas virtudes.
Desejo que no seu trabalho, você inspire pessoas, inspire talentos, inspire saúde para que retorne à cada dia mais disposta a trabalhar por esse ideal, pois acredito que assim viverá dias melhores......
Desejo à você...
Muitas alegrias, boas risadas, lindas viagens, muitos sabores...e que venham...
Recheados de bênçãos,
Cobertos por arco íris,
Submergido no mar,
Que seja suave,
De rara beleza,
Carregado em gentileza,
Que te faça cantar,
Com orgulho na alma,
Dosado em plenitude,
Que te traga calma,
E acima de tudo saúde...
Um Feliz Natal pra você e todos os seus.
São meus sinceros votos...
É triste, mas, é verdade!!!
As pessoas com deficiência são vistas ainda com muito estigma pela sociedade, seja por falta de conhecimento, ou mesmo, pelo próprio preconceito impregnando nas interações sociais. É bem uma realidade, as pessoas não aceitam quem somos. A sociedade meio que impõe que uma pessoa cega deve enxergar, que uma pessoa surda deva ouvir, que uma pessoa com deficiência física deva andar e ser ágil como qualquer pessoa, que a pessoa com deficiência intelectual deva pensar tão rápido como as demais pessoas, e, que uma pessoa autista deva interagir e se socializar como qualquer outra pessoa.
É triste, mas, é verdade!!!
A cada dia que passa, observo que ter empatia e alteridade não é tão fácil, não é toda pessoa que guarda em seu coração esses princípios. Às vezes, até as próprias pessoas com deficiência são preconceituosas consigo mesmo e com as demais pessoas. Muitas das vezes, observo oque existe de verdade é o egocentrismo vestido de humildade, a maldade vestida de bondade e a falsidade vestida de generosidade.
Com isso, não consigo mais confiar em pequenas e simples palavras!!!
Assim, diante de tudo, vivo a minha verdade! Porquê vivendo a minha verdade, não corro o risco de me decepcionar, de me entristecer e de me esvanecer em uma prisão da minha própria mente.
Não mude a perfeição, melhore-á.
Eu não sou perfeito, e na verdade não tem no mundo ninguém perfeito.
Imagine se Jesus viesse na terra só para buscar as pessoas perfeitas.
Ele iria olhar e falar: Perdi meu tempo descendo na terra.
Se você está procurando a pessoa perfeita, esqueça, ELA NÃO EXISTE.
Se você encontrar alguém que mude seu coração, a ponto de amá-lo, não exija perfeição, o que você pode fazer, é fazer como os lapidadores de joias. Torne essa pessoa tão fantástica a ponto de reluzir o que você precisa.
Encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca. Sofre horrores mas continua do bem, sempre inventando histórias com final feliz. Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão – escudo. E à noite eu ainda te espero, mesmo quando sei que você não virá, só para ter saudade.
Esse é só um dos sintomas, ficar muito tempo deitado. Tem outros, físicos. Uma fraqueza por dentro, assim feito dor nos ossos, principalmente nas pernas, na altura dos joelhos. Outro sintoma é uma coisa que chamo de pálpebras ardentes: fecho os olhos e é como se houvesse duas brasas no lugar das pálpebras. Há também essa dor que sobe do olho esquerdo pela fronte, pega um pedaço da testa, em cima da sobrancelha, depois se estende pela cabeça toda e vai se desfazendo aos poucos enquanto caminha em direção ao pescoço. E um nojo constante na boca do estômago, isso eu também tenho. Não tomo nada: nenhum remédio. Não adianta, sei que essa doença não é do corpo.
Foi a última paixão. Paixão é o que dá sentido à vida. E foi a última. Tenho certeza absoluta disso. Agora me tornarei uma pessoa daquelas que se cuidam para não se envolver. Já tenho um passado, tenho tanta história. Meu coração está ardido de meias-solas. Sei um pouco das coisas? Acho que sim. Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. (...)
Vou te procurar entre as estrelas e os satélites distraídos, que confusos me ditaram caminhos errados e esparsos. Eu irei caminhar por trajetos errados em diferentes passos. Em destinos errantes nas mais estranhas pegadas na areia. E vou te encontrar em um planeta abandonado no curto espaço entre nós dois. Em nossos abraços, em seus sorrisos largos.
Vontade só de dormir, dormir muito, para nunca mais acordar. (...) Só tenho passado, o presente é esta viscosidade, o futuro não existe. Ah, eu queria ter um objetivo na vida, uma coisa que sugasse todas as minhas forças, conduzisse todos os meus gestos e todas as minhas palavras. Não tenho nada, só este vazio.
[...] Sabe o que eu sinto? Tem duas coisas me puxando, dois tipos de vida — e eu não quero nenhum deles. Quero um terceiro, o meu. Que ninguém tá curtindo. [...] — não estou conseguindo viver como eu gostaria — e não tenho coragem de ficar sozinho e tentar, você me entende? Acho que não. Eu vou levando, tenho horas de soluções drásticas, vou levando. Mas não sei até quando. [...] E eu fico muito comigo mesmo nisso tudo — cada vez mais sufocado, mais necessitado que pinte um VERDADEIRO ENCONTRO com outra pessoa, seja em que termos for. Parece que ou eu ou os outros não somos mais tão disponíveis. Será que estou fechando, perdendo a curiosidade? Eu não sei. Vou dormir. Amanhã te escrevo mais um pouco.
Como se algo estivesse perfeito. Eu insisto no perfeito, era assim: pouco antes da perfeição se cumprir. Perfeito, preparado para acontecer e, de repente, não acontecesse. Não acontece. E logo depois, quando você ainda nem entendeu direito o que aconteceu, ou o que não aconteceu, ou por que deveria ter ou não ter acontecido, vem alguém de repente e te dá um soco no estômago. E a mão que daqui a pouco você tinha certeza que ia estar cheia, pronto!, está vazia de novo.
Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo, mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir por quê.
Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias.
De vez em quando choro. É bom chorar. Eu não tenho vergonha, mas em todos os momentos existe a certeza de ter feito uma escolha acertada, de estar caminhando em direção à luz. Não nego nada do que fiz, também não tenho arrependimentos ou mágoas: eu não poderia ter agido de outra maneira — mesmo em relação a você — levando em conta o quanto eu estava confuso naquela época. Também já não tenho aquelas queixas infantis, na base do ‘tudo dá errado pra mim’, ou autopunições como ‘eu sou uma besta, faço tudo errado’. Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento. Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superfície da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas. Não sei muito, também não tenho muito, também não quero muito, mas estou aprendendo a respirar o ar das montanhas.
Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final. Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronto pro primeiro capítulo.
(...) Ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei…
Porque fé, quando não se tem, se inventa... para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal... Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem... sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma — sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões... envia teu Sol mais luminoso...
"...E decidiu: vou viajar. Porque não morri, porque é verão, porque é tarde demais e eu quero ver, rever, transver, milver tudo que não vi e ainda mais do que já vi, como um danado, quero ver feito Pessoa, que também morreu sem encontrar. Maldito e solitário, decidiu ousado: vou viajar."
"Eu disse: a lua está tão bonita que dói por dentro. Ele não entendeu. É tudo tão bonito que me dói e me pesa. [...]. Não sei, não quero pensar. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro."
Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos, e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis.
Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio...
