Carta para uma Pessoa Especial

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⁠Mundo Azul

Ele caminha devagar na calçada,
como quem mede o peso do dia.
Apressados tropeçam nele,
mas ele nunca tropeça
na pressa do mundo.

Disseram que era estranho,
porque via o mundo por ângulos tortos.
Que culpa tem um espírito sensível,
se a sociedade se crê reta demais
para enxergar a beleza do desvio?

No intervalo entre duas palavras,
ele enxerga um poema inteiro.
No espaço entre um toque e outro,
ele sente tudo o que existe.

A falta de respostas assusta os outros,
mas o silêncio dele não é vácuo: é morada.
Ali dentro, onde poucos chegam,
há um universo à espera de tradução.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠O Silêncio dos Vagalumes

Foram-se os vagalumes,
não por medo da noite,
mas porque sua luz já não cabia
em mãos que desaprenderam o assombro.
Foram-se como preces mudas,
sem rastro, sem vestígio,
levando consigo a infância dos olhos
e a última centelha do espanto.

A cidade caminha sobre sombras,
e os passos ressoam na ausência do que era vivo.
Onde antes um lampejo fugaz
rasgava a pele do escuro,
agora há um breu domesticado,
submisso ao clarão sem alma
das lâmpadas que nunca dormem.

Mas quem sabe, em outra noite,
quando os homens cessarem o peso
sobre as coisas miúdas,
eles voltem.
E, sobre as ruas, redesenhem em claridade
o que o silêncio agora esconde:
o simples milagre
de brilhar sem porquê.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Aprendimento

Os mais antigos diziam:
— menino que se rala vira sabedor.
E eu virei sabedor de queda.
Sabedor de chão.
Sabedor do peso das palavras
que não se ouviram.

Porque antes do som da queda
vem um barulho de silêncio —
é quando a vida avisa
com cochicho.

Mas eu,
desobediente das alturas,
só aprendo na unção da poeira.
No sermão das formigas.
No degrau que fere meu joelho.

Alguns precisam beijar o chão
pra entender que não se pisa em tudo.
Aprender é descalçar o orgulho
e fazer verso com a cicatriz.

No meu aprendimento,
comi esse doce de fel.
Era azedo como boldo,
mas, no fundo,
tinha gosto de aurora.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Tempo de menos (Quaresma)

É tempo de menos.
Menos palavras,
menos pressa,
menos querer o mundo nos bolsos.

As árvores estão mais nuas,
os ventos, mais francos,
e os silêncios,
com cheiro de pão amanhecido.

Uma pedra repousa no canto da alma,
e a gente aprende — devagar —
a não pedir tanto,
a ouvir mais.

Talvez seja só isso:
um tempo em que se aprende
que perder também é uma forma
de se encontrar.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Barriga da Terra

A semente morreu no escuro
sem dor, sem missa, sem lamento.
Cresceu na barriga da terra,
mãe de todas as coisas.

Já foi galho, flor, fruto maduro,
mas o vento a desfez em promessas.
Caiu no chão com saudade de raiz
e reencarnou em semente.

Veio à tona vestida de caule,
com folhas como dedos verdes.
Tinha um verbo brotando nos olhos
e pássaros que riam no peito.

Nunca mais teve pressa.
Era árvore e sabia
que quem cresce no ventre do chão
leva eternidade nos galhos.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Francisco

Você tinha um quê de passarinho.
Não voou, mas havia um céu inteiro
dentro de si.

O céu cabia nos teus bolsos —
um céu de algodão-doce,
de nuvens que sabiam cochichar.

De vez em quando, abria a boca
e soltava um bando de andorinhas:
palavras de um certo Galileu,
um Latino Galileu.

Enquanto o mundo lhe exigia asas,
não precisou sair do chão.
Quem carrega um céu dentro do peito
não precisa provar nada ao vento.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Tenho plantado árvores

Tenho plantado árvores
sem saber o nome das mudas.
Algumas nascem tortas,
outras largam o caule no meio da tarde,
como quem desiste do dia
antes que a manhã termine.

Não escrevo placas,
não celebro datas.
Apenas volto, às vezes,
com um copo d’água e um silêncio,
como se ambos fossem sementes.

Plantar me parece um jeito
de conversar com o que virá depois de mim:
alimentar com frutos e sombra,
como quem deixa recados
em folhas verdes,
numa língua que ainda será inventada.

Às vezes, passo semanas sem voltar.
E, quando volto, há silêncio também nas raízes.
Outras vezes, encontro uma folha nova
que não me esperou para nascer.

As crio em pequenos vasos,
pensando protegê-las do mundo.
Mas elas anseiam pelo chão —
há raízes que não suportam cerâmica,
há vontades que só entendem o barro.

Tenho aprendido que a terra escuta melhor
quando não a interrompemos.
E que há gestos que não florescem
para nós.

Tenho plantado árvores
como quem aceita não entender tudo,
mas ainda assim insiste.
Como quem planta uma pergunta
e colhe, com sorte,
a sombra de uma resposta.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Til

No til não há pressa.
Também não há urgência.
É um sinal menor,
mas que carrega pão,
mãe,
irmão.
Sem ele, o mundo seria mais seco.
Seria são demais.
Seria não.

Til é curva que não encurva.
É nariz da língua,
sorriso discreto no rosto da letra.
Ninguém repara —
até que falta.
E quando falta,
tudo desafina.

Poderíamos viver sem ele?
Claro.
Como se vive sem o silêncio.
Mas é no til que a fala respira.
E a palavra se lembra de ser palavra.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Mãe é verbo

Mãe é verbo.
Na língua da eternidade,
o feminino de Deus é silêncio grávido,
é oração de nove luas,
é evangelho que se derrama em leite.

E o Verbo se fez carne.
Não apenas carne —
mas ventre,
e, na tessitura de sangue e espera,
aprendeu a amar antes de saber o nome do amor.

A Mãe —
quarta pessoa da Trindade,
ausente nos púlpitos,
presente em todos os partos.
É ela quem cria o Deus que vai chorar no mundo.

A teologia não sabe,
mas o coração conhece:
Deus ensaiou o milagre da vida
no corpo que aceitou perder-se
para que outro existisse.

Todos são filhos.
E, por isso, antes da cruz,
houve um útero.
Antes do sacrifício,
houve uma mulher dizendo “sim”
com o ventre e com a alma.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠ "Tento escrever o que meu coração sente, mas minha boca não fala. O que penso ou o que digo em poucas palavras, mas sempre com a emoção de transmitir o que penso ou o que deixo de pensar. Amo ser livre de mentira, amo a intensidade de ser eu, mas quem sou eu? Eu também não faço ideia, só sou mais uma no meio de muitos com pensamentos diferentes. Eu poderia só falar de amor, mas o que é o amor de verdade? O amor sou eu, a intensidade sou eu, o que escrevo sou eu ou sou o que querem que eu seja, que também não faço ideia de como seria. Espero que no pensamento dos outros eu consiga ser um alguém interessante."

!!?

Inserida por winbas

⁠14 de Maio

No 14 de maio de 1888, o Brasil amanheceu livre. Ou ao menos, livre o suficiente para se parabenizar diante do espelho.

A escravidão fora abolida na véspera, por um gesto régio, breve e elegante, como convinha à pena de uma princesa. A tinta mal havia secado, e já se cochichavam loas nos salões. O Império, enfim, provara sua humanidade — ainda que com duzentos e tantos anos de atraso. Diziam-se modernos. Civilizados. Cristãos.

Mas, nas ruas, não houve fanfarra. Nem pão. Nem terra. Nem nome.

Os que saíram das senzalas na véspera encontraram, no dia seguinte, o mesmo chão duro, as mesmas mãos vazias, e o mesmo olhar de soslaio da cidade que os libertara com uma assinatura, mas não com dignidade.

Alguns acreditavam que o trabalho viria como recompensa. Outros, que a caridade cristã desceria dos púlpitos e dos palácios como chuva mansa. Mas a chuva não veio. Nem a caridade. Nem o trabalho. A liberdade, como os santos nos altares, era bonita de se ver, mas inerte ao toque.

Os senhores — agora ex-senhores — mostraram-se melancólicos. Alegaram prejuízos, saudades das "boas relações" com seus cativos, e passaram a vestir ares de vítimas. Alguns, mais práticos, converteram antigos escravos em serviçais por salário algum, chamando isso de transição. Outros apenas viraram o rosto, como quem se desobriga de um cão abandonado ao portão.

O Estado, por sua vez, considerou missão cumprida. E foi descansar.

No dia 14 de maio, portanto, nasceu no Brasil uma nova classe: a dos livres-sem-lugar. Cidadãos sem cidadania. Homens, mulheres e crianças com a dignidade estampada na Constituição e negada na calçada.

Seguimos livres no papel, presos na realidade. As correntes caíram, é verdade — mas com elas não caiu o silêncio, nem a desigualdade. Só mudou a forma da prisão.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Ser

Não quero ser importante para todo mundo.
Quero ser pedaço de manhã nos olhos de alguém.
Ser uma palavra descalça
que germina no quintal da alma alheia.

Tenho gosto de ir buscar o irmão
nas margens onde Deus esqueceu de fazer asfalto.
Levo uma enxada de escuta
e um naco de luz escondido no bolso da camisa.

Quando eu cair,
que seja pra virar raiz.
Pra florir em silêncio.
Ser espantalho.
Pra espantar a tristeza dos passarinhos,
me travestindo de abraço.

Devolver todo conhecimento emprestado.

Não quero ser grande.
Quero ser coisa pequena,
mas que saiba iluminar.

Porque vale a pena ser
quando a gente descobre
que Deus também gosta
de brincar de ser simples.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Da Ideia à Criação

Antes da lâmpada brilhar,
houve a sombra da ideia,
um pensamento que se insinuava
como quem espreita o destino
sem revelar suas intenções.

O homem, em suas limitações,
só cria porque contempla
o que ainda não existe.
Do verbo ao cosmos,
do planar ao conceito de vôo,
tudo vibra na necessidade
de criar o novo, de moldar o nada.

Pensar é plantar mundos,
colher inovações
que o futuro não supõe.
É fazer do impossível o alicerce
e do impensável
o corpo da criação.

A primeira ideia foi o verbo,
e, desde então,
cada invenção é como uma prece
que nasce nos cantos da alma,
esperando o instante
em que essa ideia se faça matéria.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Fontana do Trevi

Caem as moedas como migalhas de brilho,
partem das mãos com o desejo de se tornarem sonhos,
e o fundo as acolhe como silêncios,
esperando que o tempo lhes devolva voz.

A fonte, imensa em sua mudez,
de costas, recebe pedidos que não ousam gritar.
Em Trevi, o desejo pactua entre águas,
como se um murmúrio pudesse concretizar o devaneio.

Cada moeda que afunda carrega um preço,
um desejo que custa a esperança.
É um pacto entre a moeda e o homem: ele joga, e a fonte o dissolve em segredo,
restituindo-lhe um pouco de vazio,
como se o vazio fosse tudo que temos.

O que desejamos, na verdade, não é sermos atendidos — mas sim que o mistério siga impenetrável,
e, no reflexo da fonte, o que buscamos ver
é apenas o eco de nós mesmos,
profundo e mudo.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠⁠Fé de Encontro com o Axé

O dia em que fui à Umbanda foi um dia de encontro. Encontrei um sistema de crenças profundamente enraizado na cultura brasileira, erguido sobre pilares de caridade, humildade e amor. Ali, naquela roda que girava ao ritmo do sagrado, vi o sincretismo se manifestar de maneira harmoniosa, como flores de diferentes cores e fragrâncias em um mesmo campo. Todos os meus sentidos foram despertados. A adoração ali não era apenas uma experiência espiritual; tinha cheiro, gosto, ritmo e movimento. Uma fé com o toque de axé.

Deus ali transcende os nomes e, junto d’Ele, orixás e guias, tão próximos e benevolentes, desenham uma unidade misteriosa. Divindades se entrelaçam, criando uma tapeçaria vibrante de fé. Sob o olhar atento de santos e orixás, há um terreno comum, cada um representando facetas do divino. A Umbanda é inclusiva, uma fé que abraça a universalidade da busca espiritual.

Quando a gira começou, Iansã trouxe seus ventos, e senti a poeira subir como partículas de uma história que reverbera em nossos passos. Eu, testemunha respeitosa, tentava decifrar o significado daquele movimento que parecia maior do que os corpos que dançavam. Eles giravam — alguns em profunda conexão, outros em uma quietude contemplativa, mas todos entregues a algo que, como eles, eu ainda buscava compreender.

O ritmo se intensificou, como se a própria terra pulsasse sob os pés de quem dançava. Gritos e batuques se entrelaçaram em um ápice de energia, revelando algo que não se traduz, mas se sente. Não era um clímax de liberação, mas um convite ao entendimento profundo do que somos: seres que giram e se movem, talvez para não enfrentar o silêncio ou o vazio. Na Umbanda, compreendi que o movimento é mais do que deslocamento; é a vida que persiste, é axé, a energia sagrada que demanda renovação.

Junto deles, entendi que, na dança da vida, parar é perder a conexão. Cada movimento se torna a prova de que somos mais do que corpos; somos esperança que não descansa. E, quando o ritmo acalma, somos um com a roda, com o vento, com o mistério. Quem entende o axé sabe: é preciso continuar a girar. Só assim haverá renovação, pois é o movimento que traz a mudança, a melhora.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Panapaná

Essas borboletas têm mania
de carregar o verão nas asas.
Se vestem de vento e claridade,
vão aonde a cor inventa o ar.

Gosto delas porque sabem
se miudarem no céu — só ou em bando —
como se o céu fosse coisa de brincar.
Coleciono-as em álbuns soltos.

Ali, no meio do sol,
são mais tintas que matéria,
mais riso do que bicho:
elas são coisa e não são.

Dizem que vivem pouco
— mas pouco pra quê?
Pousam na eternidade das manhãs,
ficam suspensas no que não dura,
deixando rastros de voo
que só o invisível sabe ver.

E eu as celebro com meu olhar ralo,
que aprende, com elas,
a gastar a vida
no que não sobra.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Vi, vendo e aprendi.

Deus — eu acho — inventou o mundo pra ser riso,
mas a gente, caçador de nadas,
faz da vida um troço
cheio de importância.

Pássaros aproveitam mais as tardes que os homens,
voam fora das asas.
Olhar um passarinho seria suficiente,
mas teimamos em perguntar o por que de tanto voo.
No voar sem pressa,
nos ensinam a atrasar o fim do dia.

Vi, vendo e aprendi o homem complica,
feito formiga carregando folha grande.
Parece que a vida não basta em si.
Não tem segredo em ser, disso eu sei.

É só a alegria besta de estar na terra,
feito pedra que gosta de água
ou planta que conversa com o vento.
Só se é adulto quando se cresce criança.

A gente inventa propósito tentando esconder o óbvio:
que viver é um exagero de simples,
uma risada larga,
um susto bom de não entender tudo.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Dois de novembro

No silêncio íntimo que invade o Dia de Finados, a saudade se debruça. Ela não tem pressa, é senhora do seu próprio compasso. É o dia em que a ausência brinca de ser presença, quando os que partiram voltam, não em carne, mas em sopro, como se sempre estivessem apenas a um afago de distância.

Os túmulos não mentem. São declarações sem palavras de que o que foi vivido realmente existiu, confessando com a solidez do mármore que a vida é frágil e que o tempo é um rascunho rabiscado à pressa. Cada nome entalhado ascende, não como uma mera inscrição, mas como um feitiço sussurrado entre as frestas do esquecimento.

Nem toda ausência é tratada pelo tempo. O tempo não se compromete com permanências. Passa por nós sem desculpas, sem aviso, sem oferecer alívio. Quando alguém que amamos morre, morre também uma versão nossa. Deixamos de existir daquele jeito. É como ter sua casa assaltada por uma ausência. Por isso, não se deve apressar a dor de ninguém. No luto, não se questiona o amor por quem partiu. No luto, deixamos de nos amar, e voltar ao amor próprio demora. Deixe a pessoa doer.

O luto não passa; somos nós que passamos por ele. É um caminho de fragilidades. Não há como sair de uma dor caminhando. Precisamos engatinhar até voltar a firmar os pés novamente. E demora até que essa dor vire saudade. Demora até que essa saudade vire gratidão. A dor é solitária, e você tem todo o direito ao seu luto, mesmo depois da licença do outro acabar. Cada um tem seu tempo de digestão.

No murmúrio de uma prece, na chama vacilante de uma vela, reside a certeza de que, do outro lado do mistério, alguém sorri — os eternos hóspedes da eternidade. Hoje, flores são depositadas por mãos trêmulas de emoção. Mas não é o frescor das pétalas que importa, e sim o gesto. É flor de ir embora. É uma homenagem ao laço que nem a morte é capaz de desfazer.

Inserida por Epifaniasurbanas

Três de novembro


No mês em que a primavera se despede,
e o sol, mais manso, faz-se presente,
floresciam dias de ouro e espera,
prenúncio de encontros, docemente.

Foi na estação de brisa e lume,
quando as folhas murmuram segredos,
que nos achamos sem alarde,
em cores tênues, sem medos.

Caminhavas já em meus sonhos,
estrada traçada em silêncio,
onde o murmúrio do vento sussurra
o amor que arde em denso, intenso.

O mundo, em sua dança vasta,
girou em círculos de espera,
até que em ti se fez acalanto,
porto certo, luz sincera.

Achei-te na dobra do tempo,
onde o aleatório se curva à sina.
Outros conheci por ócio e acaso;
a ti, encontrei porque eras divina.

Outros, passos soltos, vento;
tu, raiz, urgência, beijo,
entre ecos e risos, enfim,
vi que ao teu lado me pertenço.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Timoneiro


Se me fosse imposto optar
Entre a pedra do chão que sangra
E o céu que engole o dia,
Eu ficaria com o mar,
Onde o tempo se desfaz em ondas
E a eternidade é apenas um sopro.

Nos braços do meu barco
— solidão que navega —
Paro em portos de ausência
E parto levando memórias
Que ainda não gestaram.

Longe do ruído do mundo,
Sou um vulto que vaga e sonha.
O balanço do mar é um relógio,
E remo, rezo e remo até que a noite
Cante em meu braço cansado.

Quando não puder mais suportar,
Soltarei os remos,
Redirecionarei a rota dos silêncios.
E se não souber o que fazer,
O vento, antigo mestre, saberá,
Pois ele é voz do que em mim nunca cessa.

Inserida por Epifaniasurbanas

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