Carta a um Amigo Detento
Ter um livro nas mãos,
- é sempre andar muito bem acompanhado
Seja no Sertão ou dentro de um palácio,
- só ele que é capaz de fazer de você um ser
completamente libertado,
O livro abre as portas e as janelas daquilo que
muitas das vezes foi ocultado,
- ele é o mundo maldito, científico e encantado
Por isso trate muito bem dele, o mantenha sempre
limpo e muito bem guardado.
Ter um livro nas mãos,
- é sempre ter a oportunidade de visitar lugares
nunca antes visitados
É poder viajar para conhecer o planeta e todos
os seus lados,
- é ter tudo de uma vez só: um parente, um amigo
o professor e também o seu ser amado
Além de mantê-lo limpo e bem guardado, para
fazê-lo jamais esquecido: é preciso compartilhá-lo.
Ter um livro nas mãos,
- é a oportunidade de capacitar os que não foram
escolhidos e aprimorar os que foram capacitados
O livro é capaz de te dar asas mesmo enquanto
você continua sentado,
- ele faz o seu coração bater mesmo sem você
estar apaixonado
Ele é a sua companhia, e traz quase sempre a
resposta para o que não foi solucionado.
Portanto, doe um livro e recomende sempre
para que o outro tenha também com ele
muito carinho e um santo cuidado.
É um campo verde e vasto
É um campo verde e vasto,
Sozinho sem saber,
De vagos gados pasto,
Sem águas a correr.
Só campo, só sossego,
Só solidão calada.
Olho-o, e nada nego
E não afirmo nada.
Aqui em mim me exalço
No meu fiel torpor.
O bem é pouco e falso,
O mal é erro e dor.
Agir é não ter casa,
Pensar é nada Ter.
Aqui nem luzes (?) ou asa
Nem razão para a haver.
E um vago sono desce
Só por não ter razão,
E o mundo alheio esquece
À vista e ao coração.
Torpor que alastra e excede
O campo e o gado e os ver.
A alma nada pede
E o corpo nada quer.
Feliz sabor de nada,
Inconsciência do mundo,
Aqui sem porto ou estrada,
Nem horizonte no fundo.
HEAL THE PAIN (TRADUÇÃO)
Deixe-me lhe contar um segredo
Coloque-o em seu coração e o mantenha lá
Há algo que eu quero que você saiba
Faça algo por mim
Ouça a minha humilde história
E talvez tenhamos algo para compartilhar
Você me diz que é fria por dentro
Mas como será o mundo exterior?
Um lugar que seu coração pode adotar
Seja boa consigo mesma
Pois ninguém mais
Tem o poder de fazer-lhe feliz
Como posso ajudá-la?
Por favor, deixe-me tentar
Eu posso curar a dor
Que você está sentindo por dentro
Quando você me quiser
Esteja certa de que estarei
Esperando pelo dia
Em que você dirá que será minha
Ele realmente deve ter te machucado
Para fazer com que diga as coisas que tem dito
Ele realmente deve ter te machucado
Para fazer estes olhos tão lindos tão tristes
Ele devia saber
Que era capaz e
Que você nunca o deixaria
Agora você não é capaz de ver que o meu amor é bom
E que eu não sou ele
Como posso ajudá-la?
Por favor, deixe-me tentar
Eu posso curar a dor
Não vai me deixar entrar?
Quando você me quiser
Esteja certa de que estarei
Esperando pelo dia
Em que você dirá que será minha
Não quer me deixar entrar?
Deixe este amor começar
Não vai me mostrar o seu coração agora?
Eu serei bom para você
Posso fazer esta coisa verdadeira
Mostre-me o seu coração agora mesmo
Quem precisa de um amante
Que não pode ser um amigo?
Algo me diz que sou aquele que você tem procurado
Se você o ver novamente
Diga que encontrou alguém que lhe dá muito mais
Alguém que a protegerá
Amará e a respeitará
Todas estas coisas
Que ele jamais pôde fazer por você
Do jeito que eu faço
Ou, de certo modo, como eu tento
Não vai me mostrar o seu coração
Do jeito que deveria?
Como posso ajudá-la?
Por favor, deixe-me tentar
Eu posso curar a dor
Que você está sentindo por dentro
Quando você me quiser
Esteja certa de que estarei
Esperando pelo dia
Em que você dirá que será minha
Não quer me deixar entrar?
Deixe este amor começar
Não vai me mostrar os eu coração agora?
Eu serei bom para você
Posso fazer esta coisa verdadeira
Mostre-me o seu coração agora mesmo
QUEM CHEGA PRIMEIRO BEBE A ÁGUA LIMPA
Cercados por um mar de lama, duas tribos decidiram fazer uma expedição para ir em busca de água limpa para consumo.
A primeira tribo resolveu planejar tudo dentro dos mais rigorosos critérios científicos e administrativos. Desde o material a ser utilizado na embarcação, até o preparo dos marinheiros, e a organização da equipe, tudo, absolutamente tudo foi discutido por meses a fio antes de executarem tão importante expedição.
Mas quando tudo estava pronto, deram-se conta que a segunda equipe, com muito menos preparo intelectual e com muito menos estrutura, já retornava da expedição com toda a água potável usando meras jangadas improvisadas, e a água que restou do outro lado agora também já estava suja.
Moral da história?
Com todo o seu planejamento, evidentemente que a primeira tribo conseguiu fazer uma embarcação ideal, com equipe treinada e tudo organizado para obter o melhor resultado.
Mas a segunda equipe chegou primeiro, e quem chega primeiro bebe a água limpa.
O amor é um riacho
Na busca do amor, os rastros se espalham pela estrada da vida e criam um caminho sem volta, o amor é uma armadilha deliciosa!.”
Talvez o amor seja um porto, onde ancoram navios de todo o mundo, o coração é o cais, que guarda lugar para um navio de cada vez fazer sua parada, uns saem apressados, passam apenas, sem deixarem marcas, outros são mais demorados, vão ficando dias e dias, deixando rastros enormes, marcas que não saem, e quando partem deixam saudades…
Talvez o coração seja uma ave, que migra a cada verão, é constante em seu caminho, guiado por um radar invisível, afinal de contas o que leva o seu coração ao encontro do meu?
Como encontramos o amor?
Será um vôo cego e rasante da paixão ou á carência intima de cada um?
Talvez o romance seja um conto mal escrito, desses que amassamos várias folhas de papel em branco, naqueles dias em que nada sai direito, o romance perfeito ainda não foi escrito, são capítulos diários de uma novela, as vezes melosa demais, noutras, choro e amargura em excesso.
O amor não é calmaria, nem poderia ser comparado ao mar, muito menos a um rio caudaloso, fúria não combina com amor, talvez um regato, uma nascente, que seja perene, que brote sempre da terra, num fio continuo, como o amor que espero viver.
Eu vivo o amor intensamente porque esse é o meu alimento e gosto de deixar esse rastro por onde vou…
Eu acredito em você, você acredita no amor?
Saudade
Saudade é amor.
Saudade é um parto reverso,
é um cais onde nenhum navio aporta,
é uma fogueira que não mostra a chama,
é uma dor que não sai nas radiografias,
principalmente no peito de quem ama.
Saudade é doce lembrança, que amarga como fel,
quando deixamos de viver a realidade,
para viver de fatos e pessoas que já não estão por aqui,
é manter uma agulha na pele,
ou vinagre na ferida que não fecha.
O pai que se foi, o relacionamento que se perdeu,
a mãe que partiu, o filho que morreu,
a gravidez perdida, o amigo que desapareceu,
uma recordação embaçada na mente,
uma roupa que deixou marcas,
um perfume que não esquecemos,
um beijo que marcou uma vida,
são mais do que recordações…
São âncoras que prendem vidas ao passado,
impedem-nos de sermos felizes,
porque a Saudade que sentimos,
deve ser impulso para dias melhores,
dias com certeza de reencontro,
de novidade de vida,
da grandeza de Deus,
da certeza que a vida continua,
além do além, além do vazio da Saudade,
desse vazio que por vezes chega a te consumir,
mas, que te empurra para a vida,
que por vezes deixas de viver.
Se a saudade te corrói, faça já uma prece,
pelos que se foram e deixaram marcas,
pelos que estão chegando e vão te marcar,
e pelos que ainda virão,
que poderão ser os frutos da mesma semente,
que um dia plantaste em algum coração,
que brotou da saudade,
regada pelo amor e pela paixão.
JUDEUS E IRANIANOS: PAZ E AMOR
A responsabilidade das ações de um Governo não pode recair sobre o povo de um país.
A vontade do povo raramente é representada por seus governos.
Nenhum povo quer a fome.
Nenhum povo quer a miséria, a corrupção, o desemprego, nem as diferenças sociais.
Nenhum povo quer a guerra.
Nenhum pai, nenhuma mãe quer ver seu filho indo à guerra matar os filhos de outros pais.
Nenhum pai se sente feliz vendo seu filho ir morrer numa guerra para defender os interesses
de uma corja de homens gananciosos e corruptos que usualmente ocupam os Governos.
O povo não tem culpa destas atrocidades.
O povo apenas aceita. Forçosamente aceita. Por medo.
O povo ainda tem muito medo.
Mas o amor...
O amor ainda pode vencer o medo – e os Governos!
Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor.
Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando.
De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar...
Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias...
O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção - a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.
Já devo ter mencionado um milhão de vezes que adoro as sensações que acompanham os acontecimentos. Mas o problema às vezes é quando eu não tenho lá muita coisa pra ocupar a mente e o coração e surge assim, como quem não quer nada, um ser humano vestido de azul e com um sorriso bem largo pra dizer que quer entrar na minha vida. Eu sei que a metáfora não foi das melhores, mas isso foi só pra que você entenda que eu deixei você entrar e agora você simplesmente estacionou na porta me deixando com cara de origami lhe esperando no sofá.
Acontece que eu sou muito sentimental, extremamente exagerada e altamente dependente. Mas não é disso que eu quero falar, e sim dessa sua repentina mania de me querer, pra que eu assim te quisesse e você, do nada, não estar querendo mais. Isso acaba comigo. Mas não é culpa sua, eu sei. A culpa é do meu exacerbado equívoco a respeito de suas palavras, ações e olhares. Você não veio com manual de instruções e eu acabo metendo os pés pelas mãos na tentativa de te decifrar, todos os dias. É sim, não dê risada, eu tento entender até o seu silêncio e a sua demora. Esmigalho cada gesto, cada frase, cada ''qualquer coisa'' achando que há um propósito maior quando você sorri e me pergunta como estou.
Daí que eu andei procurando as palavras certas em mim pra tentar fazê-lo entender que isso não é um contrato nem nenhum tipo de desespero neurótico. Na verdade, é até muito simples, eu só não quero dar relevância ao que não merece, nem mergulhar de cabeça numa piscina rasa, sabe?
Portanto, se você quiser, você fala, certo? Não demonstre, diga. Afinal, como já deve ter ficado óbvio, não sei entender gestos. E o mais importante: se não quiser, simplesmente se afaste. Me deixe cá com meus botões, com meus retalhos e cacos. Eu sempre me consertei sozinha, só preciso de tempo e muita cola.
A cola, nesse caso é a certeza. Eu preciso ter cer-te-za, entendeu? É isso.
José Serra é um administrador de competência inquestionável. Sem dúvida que o Brasil estaria em boas mãos sob sua Presidência.
Entretanto, será difícil convencer o povo brasileiro de que o país precisa de boa governança, ao passo em que o país vive um período de grande crescimento econômico. Seria o mesmo que dizer que o Brasil precisa de freios, e por mais que precise, mesmo, o povo não gosta de ouvir isso.
Também será difícil José Serra convencer as pessoas de que ele conseguirá guiar o país num caminho de desenvolvimento consciente e melhor. O povo só valoriza estabilidade quando não à tem. Quando tem estabilidade, o povo valoriza ousadia, e por que acreditariam que Serra será ousado, se o pensamento daqueles que o acompanham e dele próprio nunca foi este?
Marina Silva, por sua vez, tentará ganhar votos pelo Carisma. Dentre todas as candidaturas, é a que terá menor tempo em televisão. Tem também menores recursos. Empregará apenas R$ 90 Milhões em sua campanha, a pobre candidata, e pedirá que o povo vote com o coração. Assim como se candidatam com o coração todos os Presidenciáveis deste país. A nobreza destas pessoas me encanta... Pessoas de Deus!
E Dilma Roussef, o que dizer dela? Prefiro nem dizer. Coisa ruim, quanto mais a gente fala mal, mais ganha força. Mas uma coisa eu posso afirmar, com certeza, a respeito das eleições brasileiras: seja quem for que vença, a presidência será ocupada por uma pessoa muito, mas muito feia!rs
Eu era a imagem do que eu não era, e essa imagem do não-ser me cumulava toda: um dos modos mais fortes é ser negativamente. Como eu não sabia o que era, então “não ser” era a minha maior aproximação da verdade: pelo menos eu tinha o lado avesso: eu pelo menos tinha o “não”, tinha o meu oposto. O meu bem eu não sabia qual era, então vivia com algum pré-fervor o que era o meu mal.
E vivendo o meu “mal”, eu vivia o lado avesso daquilo que nem sequer eu conseguiria querer ou tentar.
Para um Amor na Rua
Meu amor,
vem pra casa que ouvi dizer
que vai estourar a guerra
Nostradamus previu
Raimunda, nega Raimunda confirmou
Por favor, ponha os pés na terra
Chão firme cama da gente
ouvi dizer que vai estourar a guerra.
Você que é mundano convicto
você que erra
vai argumentar que não há perigo e o escambou
que é apenas o "bicho" internacional.
Vai confundir tudo com show
vai dizer que tem Prince, Rock n'roll
Gun's N'Roses e talvez Gal;
É mau, meu bem
tem também Sadam, Bushes e mesquinharias
Vem pra casa guardar num cofre sua ingenuidade
vem proteger da maldade sua fotografia.
Aqui fiz cuscuz farofa e feijão fraldinho
aqui pintei filosofia, comigo-ninguém-pode
espada de São Jorge, jasmim, arruda, carinho.
Tudo anti-míssil
tudo bruxaria anti-crueldade bélica
Lá fora alguns meninos
querem experimentar a potência
de seus terríveis brinquedos.
Não tenha medo
vem pra casa sem nem telefonar
aqui tem ar, poesia, fé
e tudo que a alegria da alma encerra.
Vem, meu amor
que ouvi dizer que vai estourar a guerra.
(verão de 1991)
Eu sorri. “Ele é um pouco novo demais pra mim”. A carranca de Jacob se aprofundou mais ainda. “Ele não é assim tão mais novo do que você. É só um ano e alguns meses.”
Eu tinha uma sensação de que não estávamos mais falando de Quil. Eu mantive minha voz leve, zombeteira. “Claro, mas considerando a diferença de maturidade entre rapazes e garotas, não temos que contar como a idade dos cachorros? O que isso me torna, uns doze anos mais velha?”
Ele sorriu, revirando os olhos. “Ok, mas se vamos começar a ser seletivos assim, você tem que contar o seu tamanho também. Você é tão pequena que teria que descontar uns dez anos do seu total”.
Quando nós chegamos em La Push, eu estava com vinte e dois anos e ele estava com trinta - ele definitivamente estava colocando a balança a favor das habilidades dele.
Mais uma festa
Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligações, é… até que sou bem amada. Calma, você é amada, tá vendo? Não precisa mais ficar em casa de pijama assistindo Woody Allen, você é amada. É que dá uma preguiça de existir.
Comemoro que estou viva, no meio da confusão que é comemorar ter amigos, comemorar a blusa nova, comemorar que tenho emprego e, por isso, amigos e roupa nova, comemorar que fiz progressiva na franja, comemorar que não sou um alien e consigo socializar, comemorar que existo dentro de uma comunidade que me aceita e até sai de casa pra tentar achar uma ruazinha difícil pra caramba.
Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, fiz bem meu papel de “olha que legal, estou aqui, mais um ano se passou e eu continuo achando que vale a pena estar aqui”.
Um a um vão embora, e eu somando a quantidade de amor que vai embora.
Sobram os loucos e suas insônias, sobra o garçom cansado que não agüenta mais os loucos e suas insônias. Sobra uma latinha num canto, seis cadeiras solitárias formando uma rodinha animada, muitas bitucas que insinuam um animado papo que não existe mais. Sobro eu, novamente.
A vida, a noite, as festas, tudo continua igual. O mesmo fedor de cigarro no cabelo, o mesmo homem bonito me olhando de longe, o mesmo homem bonito que, quando chega perto e abre a boca, eu gostaria que tivesse permanecido longe. O mesmo ânimo em pertencer, a mesma alegria em comemorar, a mesma festa em se encontrar. Mas ninguém sabe exatamente ao que pertence, o que comemora e muito menos o que encontra.
Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas. Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a música da semana, sigo em frente. Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração é sempre esse saco furado e negro.
Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.
É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.
Não agüento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gírias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente. Não agüento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem é você.
Eu não acredito mais em sumir do país, em trocar de emprego, em mudar de religião, em ficar em silêncio até que tudo se acalme, em dormir até tarde, no fim de tarde na Praia Preta, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha até que bacana que gosta de jazz e restaurantes charmosos, no curso de história, em comprar o novo CD mais master animado do mundo, em ler John Fante longe de tudo, em ser dondoca, em fazer progressiva, em fazer boxe, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em não ser nada. Mas eu continuo acreditando na gente, eu continuo acreditando que tudo sem você é distração e tudo com você é vida.
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna. Como eu queria saber seu nome, seu cheiro, sua rua.
Assim como um dia um samba saiu procurando alguém, este texto tem a missão de sair em sua busca. Eu não escrevo por dinheiro, vaidade, pretensão ou inteligência. Eu escrevo porque eu sei que é assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque não posso mais agüentar que a festa acabe.
Círculo vicioso
Um dia, milhões de bebês choraram na liberdade uterina do milagre da vida: nasceram. Não vestiram seus corpos, não lhes calçaram sapatos nem lhes deram o conforto do seio materno, antes da posse do sonho infantil, foram rejeitados, ao rigor do abandono.
Um dia, mãozinhas trêmulas, inseguras, sem afeto, bateram na porta do vizinho, procurando abrigo. Não havia ninguém ali para oferecer afeto nem portas havia na pobreza do lado. O menino escorregou na direção da rua.
Um dia, a criança anêmica foi eleita à marginalidade da escura noite e disputava papelões e pães no lixo do depósito público. Aos tapas, cresceu como grão perdido no vão das pedras, sem a mínima possibilidade de sobreviver: sem teto, sem luz, sem chão.
Um dia, o adolescente esperto teve alucinações de vida e o desejo de conferir a sociedade: candidatou-se à luta amarga do subemprego. Alvejado pela falta de habilitação, foi condenado como vagabundo, recebendo etiqueta oficial de mendigo.
Um dia, o adulto desiludido, amargurado, sem emprego, sem referencial, saiu à procura do amor. No escuro, mas cheio de esperanças, foi colecionando portas fechadas pelo caminho. Sem Deus, sem nome, sem avalista, sem discurso, acreditou no “slogan” das campanhas sociais.
Um dia, o menino mal nascido, mal amado, mal educado, não soube cuidar do filho que nem chegou a ver. Não ouviu seu choro. Imaginou apenas que, após nove meses de duríssima gestação, alguém brotara de um rápido encontro, irresponsável, assustado e vazio que sempre ouviu dizer que se chamava amor.
" O sentimento não suporta tudo.
Mas é desse tudo que é feito um sentimento:
de choques e prazeres, de desejos e solidão.
O sentimento fatiado não existe.
Lascas só de sentimentos bons: não.
Vem sempre junto a parte estragada"
Crônica: Sentimentos indecisos - Livro: Montanha Russa
IV
Conclusão a sucata! ... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões Dráticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou ...
É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo...
Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais.
filosofia da composição
sempre sonhei compor um poema narcísico
com tetas como tempestades e as
furibundas fêmeas com quem copulou
o bardo Gérard Éluard Du Kar´Nehru
na mui sensualmente San Sebastian
ciudad de los enganos
mas a musa dos meus verdes anos
perdeu-me em sua primavera de pentelhos
e, ainda melhor, furtou-me o espelho
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