Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo
Deus. Eu não preciso vê-lo para acreditar que ele existe. Basta eu olha para as pequenas coisas e ver que em tudo tem sua mão!!!
Corri, corri! Passou, não percebi! Olhei, mas não vi! Páginas que não li! A velocidade passa tão depressa. A rapidez se precipita pelas ruas e passarelas. As ações se multiplicam na agilidade que não cessa. Acelera-se a Vida tornando-a sintetizada, sintética, um sumário de ideias vagas ou um breve comentário na contra capa. Resumida em uma sinopse sem detalhes abrevia-se o seu contexto e suas frases. A Vida é um livro que contém segredos que despertam o coração pulsante, mas quando se torna somente um livro fechado sobre a estante é sobremaneira desinteressante. Desacelerar os passos e diminuir o ritmo é preciso para abrí-lo e fazê-lo com atenção, lido e absorvido. Contudo não de todo compreendido, pois talvez nunca o seja, até porque não é um livro escrito para ser compreendido e sim para despertar a visão para o que é bonito e o que é bonito muitas vezes está além do que é entendido.
Não desejo a Tristeza, mas muitas vezes ela é inconveniente, aparece na porta sem ser convidada, principalmente nos dias ensolarados e quentes quando tudo parece em perfeita ordem e então, entre o canto dos pássaros se ouve o ranger da madeira e os passos no chão, é ela que com a chave na mão entra sem permissão. No entanto nem sempre a expulso e nem sempre dela tenho medo, pois sob a face da Tristeza também há beleza e sabedoria, uma sabedoria que às vezes não se encontra sob a face da Alegria. Portanto uma vez que já esteja dentro, cumprimento, dou-lhe o meu respeito e quem sabe até um beijo. Peço-lhe para se assentar e ouço atentamente o que ela tem a me ensinar, porém solicito que seja breve, pois a sua contínua presença adoece. Mas de qualquer forma a Tristeza em sua sabedoria cria, inspira, motiva e no meio da estrada de dores é capaz de fazer crescer um belo canteiro de flores. Então, por que varreria para debaixo do tapete as tristezas da vida quando posso fazer delas o próprio tapete de flores que embeleza o caminho dos meus pés?!
Não estou mais tão preocupado em impor razões sobre a vida. Por que buscaria impor razão se, no final das contas, a minha razão se torna a desrazão de alguém? Não que não posso ter razão, posso e tenho a minha razão, mas ela é minha, só minha e de mais ninguém. Afinal, o que é a minha razão senão somente a minha miragem da vida?! Miragem que, por um momento, surge no horizonte pelo muito caminhar sob o sol do deserto existencial. As nossas razões são miragens, são visões, são oasis dos nossos desejos que aqui estão e logo se vão. Aproximo-me e ela some com a areia, não posso tocar e nem com a água me refrescar. A miragem se vai e com ela também a minha razão se desfaz. Continuo a caminhar sob o sol e uma nova imagem da areia começa a brotar. Mais uma razão toma forma no horizonte, mas sei que também irá se transformar até que eu deixe de caminhar. Por isso não me preocupo em impor razões sobre a vida, pois elas aparecem como as miragens, belas paisagens que só aos meus olhos cabem!
O CORAÇÃO BOM E O CORAÇÃO MOLE
Em uma esquina qualquer se esbarram dois Corações. Um tem a face meiga, suave, olhos doces e em uma das mãos carrega flores e na outra um cesto cheio de coisas sem valores. Ama a todos e por amar crê que deve aceitar tudo o que lhe dão de qualquer maneira e assim, faz do seu cesto uma lixeira. Vem sorridente pela esquina, mas ao dobrar, algo me chama a atenção: dele escorrem algumas gotas pelo chão. O outro também tem a face meiga, suave, olhos doces, porém em uma mão tem flores, na outra uma peneira e pendurado ao pescoço um molho de chaves. Mas por que chaves?! Então entendi que são as chaves da sua porta e as dá para quem com ele se importa. E a peneira? É porque ele ama a todos e por amar não aceita tudo de qualquer maneira e por isso passa pelo crivo da peneira. E as flores, reserva à gentileza.
Um diz ao outro:
— “Olá, eu sou o Coração Bom, pois só tenho flores e recebo tudo sem olhar valores!”.
O outro retribui o cumprimento, mas diz:
—“Olá. Não, você não é o Coração Bom, embora pareça, você não é, você é o Coração Mole!”
—“Mole?!”
—“Sim! Derrete-se pelo chão e em pouco tempo estará mergulhado em entulhos por não conseguir dizer “não”. Eu sou o Coração Bom, pois não tenho só flores, tenho também chaves e peneira que me preservam em dignidade e de me tornar uma lixeira.
Alguns dizem que por ser amigo não pode ser Amor, pois o Amor levará o que há de bom para o finito. Mas por que o Amor tem que ser inimigo?! Para mim, o nível mais profundo do Amor, sendo o motivador da longevidade, é a conciliadora chamada Amizade. Nela, ainda que se tenha a dor, o amar é com sinceridade! Por isso na conquista de uma união, antes de tudo, melhor é conquistar a Amizade, pois não se sustenta um relacionamento apenas com romance e sedutores olhares e sim com a cumplicidade e reciprocidade existente na profunda Amizade! Existem tipos de amizades e há uma em especial, aquela em que se passam as horas e não se percebe chegar o “tarde”. Amizade com cor! Como distanciá-la do Amor?! Ela é uma de suas faces. É a coberta quando se vai o calor!
Amor verdadeiro é aquele que o vento não leva e a distâcia não separa. Te amo muito! Feliz Dia dos Namorados!
Se tudo o que existe no mundo possuísse uma fonte de energia, a minha com certeza seria você. Te amo! Feliz Dia dos Namorados!
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