Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo
Quem olha para o sol sempre andará à frente das sombras. Quem prioriza Deus jamais terá tempo para o mal!
O tempo é uma ponte positiva apenas para aqueles que lucidamente fazem a travessia entre seus acertos e fracassos!
MEUS IMATUROS ANOS
Os meus imaturos anos dia deste
Acarquilhou no tempo, foi embora
Deixando a saudade, vil senhora
Cá no peito, no horizonte celeste
Diversa, macróbia, que cá mora
Alquebrada, da vida quer teste
Se o já é valedouiro a toda hora
Da sabedoria se diz inconteste
E da idade, a acama, cafajeste
Todo que ora não fui sou agora
Troça e ri tal qual a uma peste
E nos desvarios me levo afora
Sem que o sonho me moleste
Pois, a alma é nova, sem outrora...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
velhice
a hora que o tempo tem
com tanta pressa se vai
disparou, e nela contém
um suspiro que desvai
o prazo que ainda resta
nada sei, e pouco abstrai
então, nesta tal aresta
não adianta ser samurai
antes que finde a festa
uai! E vire o que seria
orquestre a tua seresta
e viva cada verso da poesia
antes que se torne indigesta
pois não terás está cortesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
poeminha escuro
era tão distante
a vida tão presente
o tempo passou volante
que o berço virou ausente
agora um breu tão forte
o sol no horizonte poente
e tão perto, ficou a morte...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
cerrado goiano
SONETO PASSADO
Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar
Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver
No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar
Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
E o ano assim termina,
outra vez, afoito, que a vida promove.
É o tempo em sua sina.
Que seja então, e do bem se prove...
O novo floresce, o velho declina.
Vai-se 2018, vem-se 2019!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
28 de dezembro, 2018
CICLOS
Tempo. Segue avante, agridoce gomo
Delírios ardentes, o destino e liminar
O coração pulsa, o amor em assomo
Do desejo primeiro, olhar... Sonhar!
Fado. Sede, - querer o beijo, como
se quer o perfume a nos encantar
O afeto abre-se em riso, doce pomo
E declama a voz do prazer... Amar!
Sina. Messe e baixa, fausto e tributo
Nascimentos e também alma de luto
Nada é eterno, metamorfose. Pensar!
Sorte. Oh! Madrasta!... assíduo drama
Das trilhas aflitas pelo chão derrama
As dores, risos e lástimas... Meditar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
17 de agosto, 2019
Araguari, MG
Olavobilaquiando
Passa
o tempo por nós passa
passa o ser sem tempo
num delírio e arruaça
o fado sem passatempo
o futuro
longe ou perto
fácil ou duro
sempre incerto
e tudo passa
mágoas passam
a perda a caça
pessoas passam
é ventura é pura graça
a existência é oblação
a vida passa...
Luciano Spagnol
O tempo prostrado
a inação
está parada
no céu são
nuvens em silêncio, calada
lutuosa trova uma canção
numa voz desafinada
é o tempo prostrado, catão
os olhos do pensamento
fixos na imensidão
sem qualquer argumento
sem ocupação
seria a perfeição
este estado
da alma em infusão
do corpo amuado
submerso em meditação
ou será o pecado
da solidão...
Luciano Spagnol
Cadência
No pêndulo
Do relógio
Fique e vai
Vai e fique
A hora o tempo atrai
Pra brincar de pique...
Luciano Spagnol
Meu tempo
Meu tempo se faz acelerado
Muitas vezes, também, lento
Meu tempo por mim temperado
Nas cores das rajadas do vento
Tempo, meu tempo tão atento
Que num piscar de olhos é raio
Num simples sorriso sedento
No afago doces brisas de maio
Este meu tempo do tempo ao tempo
Das nostalgias sem tempo de alistar
Do tempo de saudade ao relento
Não perde tempo só quer amar
Se o tempo é o dono do meu tempo
O meu tempo no tempo quer se libertar
Pra isto no tempo tenho contento
Fazendo do tempo, tempo de poetar
Oh! Tempo do meu tempo
Traz pra mim mais pulsação
Mais paciência e mais atempo
No meu tempo, tempo do coração...
Tu tempo do meu tempo, agitação!
Ser criança
Na magia de ser criança
Pouco foi o tempo
Calça curta na lembrança
Saudade ao vento...
(Traz à alma alento!)...
Pés no chão jogando biloca
Banho na chuva, diversão
Finca, guaraná com pipoca
Queimada, nas mãos o pião...
(Eita! Como é bão!)...
O simples da ingenuidade
O complexo da pureza
Faz da infância felicidade
E da recordação certeza...
(Que não volta mais!)...
Tempos nunca demais
Com gostinho de querer
Outros iguais
Acompanha o nosso viver...
(Ser criança nosso primeiro aprender!)...
Nos faz falta frações de momentos vividos, olhares no tempo perdidos, de nossas vidas. Vividas em amizades que nos dão saudades... Tão rápidos nesta curta eternidade... Tudo é pó, e poeira a vaidade.
Um dia a gente acorda, olha no retrovisor do fado, e vê que a distância é proporcional ao tempo. Aí você levanta e vê que o epítome nunca pode ser um passatempo.
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