Cantar o Amor
Como é feliz um pássaro que pode apenas fazer aquilo para que foi criado: cantar e voar. Imagine alguém não poder cantar e voar…
Um pássaro me ensinou que cantar em cativeiro pode parecer bonito, mas é lindo voar e cantar em liberdade, apesar dos perigos.
Confissão de um artista incompreendido
Eu só sou artista quando escrevo.
Tocar, cantar — tudo isso, por mais que me habite, me degrada. Há um processo silencioso de deterioração da minha alma artística quando tento me expressar fora da palavra. Como se algo se perdesse no ar. Como se aquilo que eu sou, no fundo, não coubesse no gesto ou na voz.
Minhas melodias? Eu as crio em catarse. Elas nascem do abismo, do indizível, mas raramente alcançam quem ouve. Alguns me dizem, com um sorriso breve: “muito legal.” Outros me parabenizam — por educação, talvez. Mas eu percebo. Eu sei. A língua que falo, com minha arte, não chega audível aos seus ouvidos.
Eles não escutam o que eu ofereço. Escutam outra coisa. Um som qualquer. Um ruído bonito, talvez. Mas não escutam eu.
É por isso que, quando escrevo, me sinto inteiro. Porque sei que um — um só já basta — um leitor, em qualquer tempo, há de entender. Há de perceber. Há de aprender a língua secreta do meu ditirambo. Porque a palavra escrita não exige pressa, não pede aprovação imediata. Ela se deixa ler por quem for capaz de ouvir o silêncio entre as sílabas.
E é ali, nesse instante invisível, que eu sou artista por inteiro.
PARA CANTAR NO ESPELHO
Um dia você não vai estar aqui,
Não vai chorar, nem vai sorrir
Nem vai sentir tudo o que sente.
Um dia você não mais se ocupará
Com coisas bobas, nem com as inquietações da sua mente.
Um dia você não mais acordará
Para trabalhar ou estudar,
Tomar café ou conversar...
Porque um dia você não mais existirá
E será só uma lembrança
Isso... se alguém lembrar!
Um dia você vai desaparecer!
Serás só uma lembrança até deixares de ser!
Um dia, suas ideias e seus feitos,
Seus amores, seus defeitos
Serão todos esquecidos!
Um dia o mundo vai seguir em frente
Sem você estar presente como se nunca existido!
Já dizia o velho Salomão:
- Tudo aqui é passageiro;
Faça o que vier-te à mão!
Porque um dia você não mais existirá
E será só uma lembrança
Isso, se alguém lembrar!
Um dia você vai desaparecer!
Serás só uma lembrança até deixares de ser!
E, se acaso, em outra vida for viver
Podes disso ter certeza:
Que já não mais serás Você!
descansa seu coração.
Deus ta caprichando sua benção, em breve você recebe. Ai você vai cantar o hino da vitória, quem te viu passar na prova vai te ver sorrindo!
Contigo também, Senhor, está a fidelidade.
É certo que retribuirás a cada um
conforme o seu procedimento.
Salmos 62:12
Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo providenciará um escape, para que o possam suportar.
1 Coríntios 10:13
O sol carregado no coração
A luz irradia ao amanhecer
Pássaros a cantar
Caminhos a andar
Direções a descobrir
Carrega a luz que incendeia
Pulsa com fogo
E em passos e desencontros
Busca sensações únicas.
Não adianta quase nada se derramar em lágrimas na igreja, ou cantar fervorosamente no período de louvor, ou ainda ofertar generosamente no culto, e lá fora não forem pedras vivas (1º Pd 2.4-5) de Deus nesse mundo caído.
O pianista e a vocalista
O pianista
Vocalista, toco o que quiser
Se cantar no meio da pista de dança, quer?
A vocalista
Pianista, toque esta música
Música pop para minha doença, é a cura
O pianista
Vocalista, de que doença sofre?
Saiba que há remédio para tudo, menos para a morte
A vocalista
Pianista, sofro da doença do amor
Quando estou assim, não consigo compor
O pianista
Vocalista, não force o que não é para ser
Deixe apenas fluir, deixe acontecer
A vocalista
Pianista, acha que devo cantar?
O pianista
Vocalista acha que devo tocar?
O vocalista
Tu primeiro
A vocalista
Perfeito!
Acha que consegue tocar?
O pianista
Eu toco se cantares
A vocalista
O meu amor veio de longe para me ver
Mesmo sem me conhecer
Ele queria saber
Porque eu gosto mais de dar do que receber
Eu gosto de dar música porque música é vida
Quando canto esqueço todas as feridas
Como a fénix, renasço das cinzas
O pianista
Estou a sentir algo que eu nunca senti
É uma força que se sente daqui
Dói no microfone mas não em mim
Tu não me magoas, fazes-me feliz
A vocalista
Pianista, saia, vá para bem longe daqui
Leve o teclado, lava esse coração derramado
O pianista
Vocalista, até ao fim, eu ficarei
O teclado ficará, o meu coração também
A vocalista
Pianista, toca esta última nota
Sem batotas
O pianista
Dó remi
Está sol aqui
A vocalista
pianista, vem ter comigo
O pianista
Vocalista, tenha piedade
Eu nem sou artista
Estou sempre sozinho
Eu só existo porque por trás de um pianista está uma grande vocalista
Há todo um processo por trás
Nos bons e nos maus momentos
Você está lá
Para me impedir de cair no esquecimento
A vocalista
Pianista, agradeço-te
Do fundo coração a grande educação que teve desde o nascimento
O pianista
Vocalista, não me agradeça
Se toco tão bem é porque você é dona de uma grande grandeza
A vocalista e a pianista
E assim terminamos em beleza
Criar é delirar, criar é o surto d'alma querendo cantar, e a beleza está em poder ouvi-la cantando pra sí.
SONETO ORANTE
Em teu louvor, Senhor, estes meus versos
Aqui a teus pés, minha fé, para cantar-te
Neste soneto em rogo, orante... Destarte
Aqui as falhas mortais, na prece imersos
Humildemente o meu olhar a adorar-te
Ó Sacrossanto que reina os universos
E põe a margem os corações perversos
Os meus erros para ao Teu perdão parte
Diz-me o necessário dos maus anversos
Pra que possa me redimir em descarte
E ter comunhão, caridade n'alma emersos
No merecimento do Céu inteiro, fartes
Meu coração de paz e bem, dispersos
Nas boas ações, e na fé como baluartes (Amém!)
Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado
Desejo
Quem me dera ter vivido poeta
Ter olhos que veem a emoção
Mãos pra cantar a canção certa
Fazendo poemas da inspiração
Ah, quem me dera!
Saber rimar frases de amor
Compor rimas com quimera
E na quimera lapidar a dor
Quem me dera, ah!
Ter a estrofe certa pra paixão
Na quadra ter a sublime forma
E doces versos para o coração
Ah! Sonhador de ser poético
E neste sonho muito quisera
E o pouco que faço é sintético
Ser poeta? Ah, quem me dera!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
UM SONETO
Canta na alvorada o sabiá canta
Um cantar suave e tão contente
Que nostalgia o encanto da gente
Saudosamente, e os males espanta
E na tal quimera sonora, consente
Que nesta manhã de beleza tanta
A alma transude numa magia santa
Exibindo a alegria que a vida sente
Assim, em uma fortuna reluzente
O canto nos põe frente a frente
Com a felicidade e com a emoção
Então, neste encontro presente
Desta ventura, aí, tão somente
A boa sorte, regi toda a canção
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
CANTAR O CERRADO
É cascalhado e sinuoso, mas todavia
de um encanto lotado de um alento
no seu sulcado chão tão macilento
poema se lê com rimas de teimosia
E uma vez que na extensa pradaria
ao admirar o horizonte pardacento
hora se faz dia e o dia o momento
nascendo o diverso em desarmonia
A velha terra, de poesia e liberdade
com tal melancolia e uma saudade
que encharca a sequidão de sabor
Então, ao encontra-lo, assuste não
Logo terá acordo e muita emoção
Pois, o cerrado passa além do amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11/11/2020, 08’47” – Araguari, MG
CANTAR EM VERSO
Tenho sede de poesia, tua rima, de tua poética
e por essa via vou sedento, falante, esfaimado
me sacia cada verso, cada sensação que libera
busco o som, a quimera, as prosas de cada dia
Sou faminto da imaginação, teu sonho alado
de tua sintonia, tons, fantasia, isto ou aquilo
tenho fome de emoção de tuas unas alcunhas
quero devorar cada ato na minha inspiração
Quero a poesia alinhada em sua formosura
alvura no verso, tal qual o claro luar posto
quero beber a luz fugaz de tuas centelhas
E, sequioso venho e vou provando o gosto
das palavras, catando toda paixão da gente
os cheiros, sentimentos, no sedutor cerrado
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28, agosto, 2021, 14’21’ - Araguari, MG
MANACÁ de cheiro
Para cantar o Manacá numa verdade
Não basta a prosa, tem de ter beleza
No olhar, sensibilidade n’alma acesa
Saber degustar do encanto que brade
Duma flor, duma graça e delicadeza
Do lilás a alva... tão pura na vaidade
Uma quimera envolvente, majestade
O Manacá de cheiro, orna a natureza
Invejo o vento que no seu movimento
Acaricia, beija, e se envolve no cheiro
De essências robustas, doce momento
És formosa que qualquer outra vontade
Pois, abrenha o sentimento por inteiro
Odor que trescala, um cheiro de saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 setembro, 2021, 17’20” – Araguari, MG
CANTAR EM VERSO
Poetar! Esquadrinhar os sentimentos
A imensidade ilusória da imaginação
O vário profundo casto da sensação
O redil duma emoção, os momentos
Poetar á luz prateada de uma paixão
Ver todos os chãos, os pensamentos
O pulsar do coração, os sacramentos
Da alma... rolada pela face do quão!
Poetar, sempre plural, de maravilhas
O teu reino das viscerais quimeras
Eras da percepção, enredadas trilhas
Poetar os confins da razão, o risonho
Agrado. Os perfumes das primaveras
A leveza do vento, na asa do sonho!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 outubro, 2023, 18’34” – Araguari, MG
O tempo começa quando tudo fica cinzas. Tempo infindável para cantar, fazer canções de ninar em outras vidas. Sorrir do acaso que se repete a cada vida vivida...
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