Calar
Há aqueles que num minuto fazem uma leitura precisa da vida de alguém, mas vivem uma vida inteira sem decifrar a décima parte de si mesmos. Observar é um exercício interessante, calar, ouvir, perceber, é possível aprender muito convivendo de coração aberto com pessoas de bem, tão sujeitas a falhas como qualquer outro ser humano, aprende-se muito também mantendo olhos atentos ao mundo que nos cerca, nem sempre se encontra o bem em toda parte. Mas o aprendizado proveniente do olhar de si a si mesmo é realmente infinito, entre falhas e virtudes, garimpar-se é, sem dúvidas, a força motriz do desenvolvimento humano. "Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta." Esse Jung sabia das coisas...
Pessoas que falam a verdade para o nosso bem, sempre as temos como inimigas. Pessoas que diante dos nossos erros calam, "aceitam" e depois criticam, essas, temos como amigas.
O surdo tem vida de um mudo.
O mudo vive como um cego. Cegos, mudos e Surdos vivem a paz que não tens.
Seja surdo o quanto puderes e verás como um cego e falarás como um mudo.
Na grande maioria das vezes, o silêncio produz o mesmo efeito da sabedoria, se não se sabe o que dizer, o silêncio é a melhor resposta.
Voz
Cala-te, mas que não seja demasiado,
para não perderes o uso da voz.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Queria dizer, mas evito
Então me calo, ausente
Fica o silêncio presente
Sem musica, sem alento
Já a distância, torna fato
Que o silencio é realmente
Uma angústia dessa mente
Que quer cantar teu encanto
Mas ele evita saturar
Com elogios volumosos
Então aceita assim calar
Um poeta de mudos termos
Sem versos nem poesia a rimar
Só silêncios frios e densos
Calada permanecia, ocultada em si mesma. Já não era ela, nem outro. Só era algo que não sabia dizer o quê.
Às vezes nem tudo precisa de explicação
Às vezes mentimos para nos livrarmos de algo
Às vezes fazemos coisas que não queremos apenas para agradar a pessoas que não se importam
Às vezes é melhor se calar
Mas o problema é que esse "às vezes" deixa de ser às vezes e torna-se rotina
Conversa calada
Todos estão atentos a suas telinhas móveis
São seres fantasmagóricos, meros ignóbeis
Afinal, é prático se acostumar com a ilusão
Quando a realidade exalta ódio e desunião
Observe ele teclar para um amigo longe
Mal dá para vê-lo no outro lado do bar
Prefere esse lance de quem se esconde
Do que olhar no olho para conversar
Um cara de bem está internado no hospital
É grave ser honesto em um mundo animal
Todos que são justos não seguem a linha
De uma sociedade violenta em sua maioria
Ignore a frieza comum a almas penadas
Mesmo que pareça normal ser distante
Crie vínculos, não somente fachadas
Para este sistema, seja mais errante
Vamos todos dar as mãos e olhar ao céu
Orar por um futuro que seja menos cruel
Está difícil de acreditar no que acontece
Bairro, município, estado, país emudece.
Sempre fui mulher-emoção. Me sensibilizo, me comovo, me alegro, me divirto, arrepio, choro, entristeço, enfezo... tudo pela emoção à flor da pele!
Entretanto, a vida me ensinou, principalmente na casa dos 40, a me guiar pela razão. Continuo emoção, mas a razão comanda e me calo. E observo. E me calo. E observo de novo. E me calo novamente.
Hoje, sou um imã que atrai muito mais... e também repele muito, muito mais ainda. Tudo pela sobrevivência, pelo bom senso, pelo equilíbrio.
Para mudar algo é desnecessário falar.
Para ter atitude é desnecessário falar.
Para mostrar a que veio é desnecessário falar.
Para provar que adquiriu conhecimento e que sabe usá-lo é desnecessário falar.
Então, quando falar?
Somente quando for estritamente necessário.
Então, quem cala, consente?!
Discordo! Dependendo do momento, quem cala, se poupa. Quem cala, aprende. E muito!