Cada qual tem um Gosto que o Arrasta
Às vezes, eu gosto de ter meu refúgio.
De ficar no meu esconderijo secreto.
Onde eu ouço... só os meus pensamentos.
Tem tempo que eu gosto de me esconder!
Ficar escondida... é fugir um pouco… desse novo tempo, que às vezes nos cobra tanto... nas nossas ações ou na nossa aparência. Às vezes eu preciso me desligar do presente e viajar para o velho tempo... que não existia tanta cobrança.
Gosto de ouvir músicas antigas, já que não dá para eu voltar no tempo, eu faço aquele tempo voltar em mim. 📻📀
MINHA META É A MORFOSE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Aprecio mais o zíper
do que a calça.
Gosto mais mais da própria alça
que da caneca.
A soneca me atrai mais
que o sono, em si.
Amo a ideia de que a terra
"transla e rota",
e não amo tanto a terra.
Admiro a cor intensa
que desbota,
e o professor, quando erra.
Sempre fui um desafeto
do sempre ou nunca;
um dia posso não ser.
O tempo voa,
se nasci não foi à toa.
foi pra crescer.
Muito mais do que do ano,
gosto dos meses;
muitas vezes nego a esmo,
mas gosto mesmo
é deste às vezes.
Sou pessoa de gostar
e depois não,
por enquanto estou assim,
porque acho que o começo,
lá pelo meio
tem ou não fim.
...
Aprecio mais a ida
do que o ponto.
Gosto mais de ficar tonto
que alicerçado.
Ir e vir, mudar de rota,
girar em torno,
são escolhas de pessoas.
Não somos broas
que vão ao forno.
AMOR DE SÓTÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Gosto mais de você do que o meio permite;
calo todos os traços do meu rosto entregue;
dou à luz do grafite que reluz nos olhos,
uma sombra serena; sossego sem paz...
É um triste gostar que se acomoda e vive
do sorrir disfarçado e do mero estar perto,
rechear meu deserto, minha solidão,
de conversas distantes do que penso e sinto...
Fantasio, imagino, me dou em sigilo,
você nunca recebe, mas dou assim mesmo,
peço asilo em seus olhos e finjo ganhar...
Meu gostar de você fere laços formais;
gosto mais do que posso não gostar do quanto;
do que planto e sufoco esperanças estéreis...
IRMÃOS; UMA SOCIEDADE FANTÁSTICA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Do que mais gosto quando estou entre meus irmãos, é a certeza de estar entre irmãos. Não há entre nós formalidade ou melindre; temor de nos magoarmos por palavra mal posta ou resposta negativa. Nenhuma ideia, por mais longínqua ou dispersa, da hierarquia de muitos clãs que têm os mais distintos conforme a idade, o grau de instrução, a condição econômica e outros itens. A qualquer instante, um dos nove pode gerar um mal entendido, fazer algo irresponsável na opinião dos outros e provocar uma confusão homérica; um bate boca daqueles. Porém, no dia seguinte não haverá mais mágoa; vítima nem algoz; inocente ou culpado. Distância; silêncio; cerimônia.
As nossas conversas nunca se tornam discursos de alguns, palestras ou aulas de outros, lições de sabedoria ou moral de um de nós. Cada qual tem seu jeito, e nem por isso elegemos protagonistas; antagonistas; coadjuvantes; pontas. Todos portam defeitos e qualidades devidamente assumidos, e nossa mãe nos ensinou a jamais classificar a família por méritos, porque mérito é volátil. Se hoje tenho a razão, no dia seguinte a perderei para outro. E se a família vira uma sociedade comum, gueto e nata mudarão de lado a todo instante, o que há de gerar conflitos profundos; guerras ideológicas sem trégua; preconceitos incorrigíveis.
Entre irmãos não há retórica. Regras parlamentares; reivindicações formais. Evocações de leis, direitos, deveres. Irmãos que se amam não são cidadãos entre si. São irmãos. E assim como volta e meia um se excede, quebra o ritmo, apronta poucas e boas e frustra todas as expectativas, tem até o que faz isso com mais frequência. Mas nesse meio não há fiscais. Apontadores. Árbitros nem juízes para julgar e dar veredito. Todos perdoam, mesmo com xingamentos, protestos e juras de que foi a última vez... mas a última vez é infinita, pois irmãos não têm parâmetros, vantagens ou desvantagens. Brio nem vergonha.
Falo apenas dos irmãos que se amam. Não daqueles que se aceitam nos limites da conformidade. Da organização hierárquica e burocrática. Da comunhão de ideias, ideais, visões de vida, sociedade ou credo. Nem dos que se gostam, respeitam e até se unem por acordos e obediências de ocasiões. Se amo tanto estar com os meus irmãos, é porque o nosso amor se reconhece maior do que todas essas besteiras que fazem da família uma vitrine vistosa, porém desnecessária, enganosa e frágil... e porque decidimos, depois de muitos baques da vida, ser exatamente uma família... não propriamente um clã.
SINAL DE ORGULHO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Gosto mais de você do que suponho;
mesmo fria, longínqua, envolta em sombra;
nenhum sonho no espelho de seus olhos
ou reflexo algum do meu olhar...
Tenho mais do que afeto corriqueiro,
apesar de saber que o seu sabor
é amargo; seu cheiro é de vazio;
não existe promessa nesse abismo...
Qualquer dia consigo dar meu gelo
ao seu clima propício para tanto;
meu encanto precisa se quebrar...
Já me canso até mesmo do sorriso
desse aviso do fim de seus instantes;
mas me falta saber gostar de mim...
MATURAÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Hoje gosto de calma. De ar puro. Sombra, rede, quintal. Gosto de amar, fazer amigos, ter liberdade para ser quem sou e deixar bem claro que é pegar ou largar. Escrevo e leio mais do que nunca, sei exatamente o que não quero, aprecio arte, boa música e já não tenho vergonha de ser sensível; romântico; sentimental.
De bem com a vida e comigo mesmo, estou no ponto em que tempo não é dinheiro e sossego não é caretice. Posso desprezar a moda, gostar do que realmente gosto e sonhar ao meu bel prazer... e como não se chega impunemente a tal estágio de segurança, bom gosto e sinceridade, chego à conclusão de que realmente chego à velhice.
UM GOSTO DE NADA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Gostar muito de alguém nos propõe a injustiça
de querer desse alguém o que não foi tratado,
não é bem de consumo que se negocia
nem contrato assinado para se cumprir...
Gosto tanto de ti que me torno tirano,
quero pronta resposta numa entrega igual,
tenho plano e mais plano de aproximação
que se for como quero será simbiose...
Meu gostar faz protestos na sombra e no vácuo,
porque falham projetos e faltam pretextos
em olhares e textos que traduzem mal...
É um gosto de nada que pulsa no peito
e no gosto de tudo que sempre suponho,
quando sonho mais fundo e desperto mais só...
ENTREGA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quando gosto e confio não escondo nada;
emoções, pensamentos, mágoas nem conflitos;
meu silêncio, meu grito, minhas alegrias,
esperanças, receios, expectativas...
Não me privo de mim pra quem tem meu afeto;
sou exposto, sem casca, pinturas e panos,
nem as perdas e os danos escondo de alguém
que me torne cativo do seu bem querer...
Mostro sonhos, certezas, frustrações e tombos,
ponho rombos, remendos à flor de quem sou
e me dou feito servo por gosto e vontade...
Desembrulho minh´alma, revelo meu corpo,
desnovelo, destampo, desestabilizo
todo senso de aviso, recato e prudência...
MAIS QUE DE MIM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Gosto muito de ti, pra deixar de gostar;
tento achar o rancor que até digo sentir,
quando falo comigo nas raivas fugazes
e me forço a mentir, pra não ralar meu brio...
Meu gostar me desgosta se quero vencer
a vitória do afeto sobre qualquer dor,
o calor que não cessa na capa de frio
que reveste meu rosto quando quero fuga...
Basta seres mais doce, que me torno abelha;
teço mel do teu riso mais brando que for,
vejo flor no deserto e festejo em silêncio...
Eu não gosto do gosto da simples ideia
de gostar mais de alguém do que gosto de mim,
dizer sim ao meu não que se perdeu da voz...
AFETO OCULTO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Gosto mais de você do que é certo,
mas guardei o gostar só para mim,
no deserto insondável do meu eu
lá no fim do sentido que não faz...
Fecho a dor, é preciso me trancar
pra manter o placebo da presença;
ter o ar que você também respira
e jamais lhe perder pra seus temores...
Não me deixo legível pra você,
quando alguma oração me denuncia
numa linha facial descuidada...
Gosto mais de saber que não lhe tenho,
mas manter meu engenho de quimera,
do que nem lhe sentir ao meu redor...
Gosto de cavalos brancos, filhos de bois capengas e de passarinhas gigantes...acho que são unicórneos...mas prefiro ver como cavalinhos dóceis espaciais e especiais.
Já faz tanto tempo que te vi mas ainda lembro do seu beijo. Ele tinha gosto de chiclete de morango.
Havia algo de errado comigo, como se eu tentasse ser serio. Mas era tudo tão engraçado. No fundo eu sabia que não haveria mais que um beijo.
As melhores estórias são como os melhores filmes,
sempre acontece alguma coisa pra perdermos o final.
Talvez se fosse um livro, onde sempre se acha uma hora pra reler, agente pudesse achar uma hora pra recomeçar. Mas olha que bobagem! Na vida não existe pause.
Então já que o whisky acabou, vou ouvir uma musica e lembrar de você.
As vezes eu falo sozinho, converso sozinho. Gosto de me escutar. Gosto de ouvir a minha própria opinião sobre determinado assunto.
