Camila heloíse
Aparece no meu sonho. Aparece no meu dia. E não consigo distinguir qual é mais real, nesta neblina espessa que aturde e confunde...
O meu silêncio é o que dou: frio, distante e introspectivo. A verborragia caminha lado a lado com a convicção.
Trocou melodia pelo medo, trocou palavras pelo silêncio. Cavou resignada e achou poço fundo e fértil. Desde então sentiu sede e nada mais...
Não sinto meus passos, não sinto os pés no chão. Piso em nuvens de algodão, piso em flores, nas dores molhadas de chuva.
Carrego pó que recolho de metade histórias que vivo, espalho grãos no caminho de lembranças fugidias.
Sigo só e só me querendo em você...
Se tudo gira, rodopiando em repetidos erros, enjoo-me, enojo-me.
Vômito à tudo que perde sentido, que zune aos ouvidos, que amarga a boca.
Sigo inquieta, nunca aquieto-me.
Não, mentira, minha.
Quando há nosso enroscar de pensamentos e olhares, a calma transborda, o tempo pára...
Pra longe vou, por os pés na terra, nutrir-me de minhas raízes, sentir cheiro de verde, me perder no silêncio das estrelas, silenciar...
Restos, raspas, cascas ficam soando como farsas em minha mente... Muita disposição mental para limpar tudo que não agrega.
Andei triste sem motivo. Mas os motivos ocultos são sombras que se escondem quando iluminamos com vela e reza a face da dor.
Preciso de um detector de estômago vazio. Sempre acabo achando que estão, mas encontro caroços de azeitona engolidos por acaso.
De silêncio em silêncio, se perderam num abismo.
Aguardava as palavras do espelho da alma, verdadeiramente irrefutáveis.
Ando relutando, mas há algum tempo que não sou mais carmim. Misturei-me, estou púrpura.
Purpurinas cintilando momentos vitais e sutis...