Camila heloíse
Eu não necessito me embriagar. Apenas um gole, um bebericar e já sinto adocicar, já sinto arder, me consumir. A vida é meu maior destilado.
Essa minha prontidão absurda, sempre incogniscível a abrir espaços, a fechar janelas assim que a escuridão chega, a acender a luz...
Quando ousei atravessar a fronteira, a luz cegou meus olhos. Sussurrou sucesso com seus reflexos dourados; apodero-me e prossigo iluminada.
Feche os olhos, se despeça da escuridão. Vê? Só existe o silêncio e som. Ar cortado em fatias. Se crê, há de enxergar luz e só luz. Amém.
Carrego pó que recolho de metade histórias que vivo, espalho grãos no caminho de lembranças fugidias. Sigo só e só me querendo em você...
Se a pretensão dos seus dias te levar para o abismo, fique com suas certezas pequenas; apenas eu sei sobre o interlocutor do meu amor.
A parede continuava de pé, mas não mais se importou; aprendeu a grafitar e coloriu a imagem pálida do nada à sua frente. Reiventou-se.
Não tenho um minuto pra oferecer. Só tenho um segundo da eternidade, eternamente suspenso num minueto à dois.
E se te pego descalço e desprevenido sem olhar tanto para o próprio umbigo, te laço! Te lanço rumo ao infinito do encanto do amor.
Havia um monte de pedregulho na palma das mãos, e no meio, algo bem pequeno e valioso piscando em vão...
Vai apagar lentamente, como labareda insandecida onde o oxigênio é roubado abruptamente; vai consumindo à si própria até a completa escuridão.
Sabe a poesia mãe dos dias? Revirou. Revirou lixo e achou luxo. Revirou estômago e vomitou temporal.
Avisou que no coração agora, é carnaval.
Comprimir numa caixa as percepções que capto, as decepções e os desencantamentos diários; ao final emudecer e lacrar. Não vale a pena falar.
Serei eu que corro demais contra o tempo sem necessidade? Ou as pessoas que se entregam a ele por falta da vontade?