Poems de natal
FELIZ NATAL
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Tivemos o ano brasileiro da imbecilidade presidencial nas falas, nos atos institucionais e nas decisões "de orelhada". Tudo criteriosamente seguido e copiado pelos filhos, capangas ministeriais e ministérios da “fé” comprada pelas promessas de vantagens reais ou ilusórias à vista e a perder de vista. Não me refiro à fé legítima, sem aspas, que não visa essa espécie de sinal da besta; esse carimbo ideológico de prestígio e de postas abertas... ou não me refiro à exceção; falo apenas da maioria.
Destaque para a imbecilidade popular. Da mesma forma, não de toda a população; só de sessenta por cento. Um povo que aplaudiu cada palavra, gesto e decisão contra ele próprio. “Bateu palmas para maluco dançar”; pediu – e teve – a ditadura de volta. Ululou a favor do sucateamento definitivo da educação pública; da perseguição aos professores que promovem o pensamento crítico e a liberdade de expressão – e perseguiu junto.
Prestou ação de graças à quase extinção da ciência que busca, entre outros feitos, a cura para doenças e vírus graves. Enalteceu a destruição da natureza, o abuso oficial contra mulheres, estrangeiros e crianças, a ideia do trabalho infantil, do armamento em massa e do extermínio dos índios, pela devastação de suas reservas. Alegrou-se como antes nunca, pela segregação acentuada dos negros, dos membros de seitas e religiões de matriz africana e dos gêneros não convencionais ou obrigatórios.
Vimos uma massa ensandecida, que atuou sem saber por que razão, contra as artes e os artistas até então amados por suas histórias, posturas públicas, engajamentos em prol do livre arbítrio e do respeito às escolhas e orientações. Gritou-se aos ventos, cada um seguindo ao outro, todos submissos à vara e ao cajado do poder. Multidão cega, seguindo a multidão, sem ninguém se reconhecer no meio dela, por se tratar de uma hipnose.
Vim aqui desejar feliz natal. Aos oprimidos, opressores, e os que se julgam opressores, iludidos por vantagens passageiras. Um natal de reflexões pelo bom senso. Que os cristãos iludidos com o poder inquisitório e os profanos que se converteram à inquisição repensem o país. A nação livre, o estado laico, o justo discernimento entre questões espirituais e sociais, para o bem de todos os cidadãos em suas diferenças de classe, cultura, culto, não culto, gênero, etnia e tantas outras.
Que os políticos legislem e governem com justiça. Sem maldades. Buscando recursos nas fontes certas. Cortando gastos onde o tesouro se oculta e não na miséria ou escravidão popular, que tem sido a fonte de suas riquezas pessoais, entra governo sai governo. Sejamos povo com menos vocação para povo no sentido pejorativo da palavra e com mais vocação para gente; cidadãos; indivíduos pensantes; seres sociais.
O LIXO DO NATAL
Demétrio Sena - Magé
Está nas ruas chuvosas e precárias de minha cidade, Magé, o lixo de Natal. Houve comemoração no mundo inteiro, mesmo com essa festa macabra e longa do Coronavírus. Umas mais modestas e respeitosas, outras bem mais extravagantes e "nem aí" para o sofrimento alheio.
Nos guetos, becos e vielas, houve os olhos de quem assistiu às festas na expectativa de revirar o lixo do Natal, no dia seguinte, para roer os ossos da ostentação, do barulho e do "nem aí". Pessoas sombrias e silenciosas, entre os restos de luzes multicoloridas fabricadas para estampar, com requintes especiais de crueldade, as diferenças sociais.
E para contribuir com o cenário, a vingança pós-ano eleitoral, dos prefeitos não reeleitos ou mal sucedidos em suas apostas: A não coleta do lixo de Natal, porque as prefeituras não honraram seus compromissos com as empresas contratadas e, os coletores, que ficaram sem seus proventos finais ou o décimo terceiro, não saíram para realizar a coleta.
Eis a performance do Natal: contrastes de ostentação e miséria, expectativas trabalhistas frustradas e vinganças políticas que penalizam, proporcionalmente, as classes cotidianamente mais sacrificadas. O lixo do Natal vai muito além do que os olhos veem.
FIM DE ANO DO RECOMEÇO
Demétrio Sena - Magé
Embora o Natal, como data, não tenha sentido para mim, tem sentido recordar que bem pouco tempo atrás o Brasil vivia um dos piores fins de ano de sua história. Um Natal que não fazia sentido para nenhum ser humano de boa fé e de boa vontade. Não apenas pela pandemia de Covid 19, mas também por uma praga em forma de gente, que até então governava; digo; desgovernava o país.
Neste momento em que vivo num país cuja democracia foi retomada... cujas leis contra preconceitos, especialmente o racismo, a homofobia e a misoginia voltaram a ser de fato... num país que voltou a ser bem visto pelo mundo civilizado e, surpreendentemente, começou a ter de novo a inflação controlada, o que eu nem esperava já para este ano, estou bem otimista.
Ver as artes reocupando seus lugares; a cultura como um todo "revalorizada" e a cidadania recuperando seu contexto, não tem preço. Como não tem preço ligar a tevê e não ver mais, todos os dias, notícias de um idiota empoderado pelas urnas promovendo insanidades.
Mesmo sem comungar com o sentido possível do Natal, este ano está fácil participar da ceia promovida pelos meus, que acreditam... e que sempre respeitei. Boas comemorações para todos. A reunião anual das famílias em torno de uma aura consentida pelo ser humano como uma espécie de trégua, cessar fogo ou pausa humanitária é um mérito verdadeiro desta data.
... ... ...
#respeiteautorias É lei
Não adianta armar uma bela arvore de natal toda iluminada e mil enfeites se não é natal ou se não tem o amor ao próximo no coração, da mesma forma que não adianta se vestir de maçom, cheio de pins, medalhas e penduricalhos de metal barato se o irmão maçom, não seja livre, não lute pela igualdade, não seja fraterno a todo semelhante e não sinta se inacabado e por isto promova humildemente ao seu espirito o estudo constante.
Peço por nós nessa preparação para receber o #Natal um mundo sem convivência com guerras desnecessárias mesmo as mais pequenas do nosso cotidiano.
As pessoas já deveriam ter apreendido que a #paz é o caminho que gera desenvolvimento e qualidade de vida, e que trabalhar por ela a todo instante nunca será demais onde quer que você esteja.
Faço votos que esse seja um Natal de transformação social no sentido que parem as perseguições objetivas e sorrateira contra todas as pessoas que pensam diferente, que exista uma mão estendida para todas as pessoas que se encontram em dificuldades, que cesse o genocídio indígena na América Latina e que seja o fim dos últimos maiores campos de concentração do mundo moderno que mantém presa a população uyghur que foi aprisionada pelo Regime Chinês.
Precisamos de esperança genuína e concreta que conceda a realização do sonho de liberdade para todos.
Feliz Natal do Senhor!
Nessa véspera
de Natal faço
votos que
o próximo seja
um Natal sem
presos políticos
em nosso continente
e no mundo inteiro.
Esse Natal é o Natal
do resgate civilizatório
e gratidão máximo ao dom da vida,
cuidando de nós mesmos, dos nossos
e daqueles que cuidam da gente.
Todos os que honram o Menino Deus
devem devotar as suas ações
para aplainar o caminho das pessoas
que mesmo na função mais simples
estão dando a própria vida
para que todos tenham vida.
Não existe Natal sem consciência social, e a imagem do presépio criado por São Francisco ilustra bem isso como uma tentativa de reiterar altos valores através da arte para uma Humanidade que menospreza o próximo em situação de vulnerabilidade, trata refugiados como marginais e menospreza a Natureza.
Seremos lembrados como uma geração que nada aprendeu vezes nada e que repetiu em até fechar os olhos para aberração dos campos de concentração que são herança viva e nefasta da 2a Guerra Mundial.
O nosso continente virou um oceano de presos políticos e uma considerável parte da nossa gente tem saído para tentar a vida nos EUA para morrer no deserto ou acabar presa em locais que podem ser chamados de campos de concentração e ser separada dos filhos, e seguimos indiferentes!
As minhas preces neste Natal seguem dedicadas a todos que estão encontrando desafios existenciais de todas as ordens, aos presos políticos, exilados, refugiados e imigrantes do nosso continente e do mundo, e segue extensiva sem dúvida aos uigures, tibetanos, hong-congues e outros povos presos no campos de concentração da China.
O melhor presente de Natal que podemos nos dar diante disso tudo é a empatia, a paz social, a solidariedade sem fronteiras e o resgate de uma cultura de vida, e sobretudo ensinar as novas gerações ao culto do pensamento autônomo e o amor a Natureza para que a vida dure.
Que o espírito de Natal inunde os corações e aprendamos a valorizar a paz mundial!
Passou o Natal,
nada se sabe a respeito
da liberdade
da tropa e do General.
Nada se sabe
do calvário
do Tenente Coronel,
Só sei que do velho
tupamaro também não.
Passou o Ano Novo,
nada se sabe a respeito
da liberdade
da tropa e do General.
Não há notícias de
consolação para
os corações de quem
tem entes desaparecidos.
O Ano está começando
nada se sabe a respeito
da liberdade
da tropa e do General.
Só sei que estes poemas
são todos meus,
e continuarão
sempre os mesmos,
(se nada mudar);
porque mesmo que
eu me cale todos
estão a se espalhar.
Entra Natal e sai Natal
tudo tem se repetido,
Ninguém sabe quando
terminam as penas
de cada preso político,
A responsabilidade
por cada reclamo poético
sempre vivo assumindo.
Por utopia insistente
venho pedindo este
e os próximos Natais
com elevado sentido
de ter nunca mais
na vida presos políticos.
Não quero um Natal
repetido: com tupamaro
histórico perseguido e preso,
com professor desaparecido
com heróis reprimidos
e com culto a incoerência.
O quê tenho escrito
serve para mim, para ti
e para quem quiser tirar
proveito toda às vezes
que deixamos esquecido
o nosso protagonismo
independentemente
do grau de importância.
Porque enquanto houver
uma tropa inteira presa
e um General injustamente
preso por pensar diferente,
Onde quer que estejamos
estaremos presos sem
mesmo com que percebamos.
No Reino da Indiferença,
também passou o Natal
e não há nenhuma notícia
de liberdade para o General.
No Reino da Indiferença,
quem dera eu plantar
compaixão, poesia e paciência.
No Reino da Indiferença,
a Mãe deve estar chorando
e ninguém escuta,
ainda tenho a dúvida se ela
tem notícia dos sargentos.
No Reino da Indiferença,
quem dera eu plantar
esperança, a reconciliação e boa convivência.
No Reino da Indiferença,
não dão nem tempo para pensar
a voltar a se humanizar para não mais assim ser.
No Reino da Indiferença foi descoberto
mais uma conspiração contra a vida, ordem,
a paz e a Assembleia Nacional,
infligindo contra o povo um terror sem igual.
No Reino da Indiferença o tempo vai passando
sem tempo para parar e pensar;
de boicote em boicote o fluxo do cotidiano
acaba por atrasar a vida de quem já sofre tanto:
E lá quando tudo para eu paro junto,
porque a justiça está atrasada
para dar liberdade ao General e para muitos
que como ele ainda seguem presos injustamente.
No Reino da Indiferença ainda se prendem sindicalistas,
se mantém preso o velho tupamaro,
nada se sabe do Capitão-de-Navio e da tropa,
e se têm deixado o autoproclamado da responsabilidade escapar.
(Sem querer ofender à ninguém,
peticiono ao Reino da Indiferença
para que seque as lágrimas de quem não para de chorar).
Neste mês do Natal
a única certeza que
se tem é que seguem
injustos com o General.
O pouco que se soube
foi pela página do jornal,
não houve ninguém
de honra para socorrer.
Com o Capitão-de-Navio
a História se repetiu,
nada se sabe ou viu,
e com uma tropa igualmente.
Triste história com quem
veste ou vestiu farda,
e nunca se esqueceu
de ter um coração de gente.
No próximo mês já é Natal,
não há nenhuma notícia sobre
a liberdade da tropa e do General,
a esperança vem do diálogo
no México porque o cálice tem
sido incontestavelmente amargo.
O General está preso desde
o dia treze de março
do ano de dois mil e dezoito
por ter elevado a voz
contra todo o tipo de desgosto,
ele continua sem perspectiva
e sem ver brilhar o Sol da Justiça.
No próximo mês já é Natal,
menos para a tropa e o General
que optaram em ser presos
de consciência onde a Justiça
deles não tem sequer clemência
e seguem no calvário prolongado.
O relógio do tempo tem sido
implacável com todas as esperas,
nem o Esequibo tem escapado,
espero que a Corte restabeleça
a justiça e para a Venezuela
seja perpetuamente devolvido
para a Nação reencontrar o destino.
Bom dia, é quase Natal!
Que nada te impeça
de um exame de consciência
para viver a vida
com paz e mais amor.
Boa noite, é quase Natal!
Não deixe que não haja
interferência externa
neste período tão importante
para estar com os amigos
e mais próximo da sua família.
Cada um fala uma coisa
e o grito vem sendo gutural;
está quase perto do Natal,
reunião com a mesa
negociadora da oposição
muitos pedindo anistia geral
e os filhos dos presos de consciência
se uniram numa voz transcendental.
Vejo gritos de pedido libertação
por um sargento torturado,
pelo Capitão da Guarda Nacional,
por seis sargentos paraquedistas,
pelo fim da greve de fome
do Tenente Coronel Chaparro,
para que salvem o Capitão de Navio
onde ninguém é escutado.
Mais de trezentos presos políticos,
nenhuma notícia de liberdade
para a tropa e para o General preso injustamente há quase cinco anos
e a escuridão ocupando os sentidos
onde os principais problemas
já eram para ter sido resolvidos.
Parece que conviver sem reconciliação é o quê o poder
só tem a oferecer nos planos
(onde todos na vida sem exceção
têm tudo nesta vida a perder
enquanto não se unirem
por pacificação e reconciliação).
Rodeio na véspera de Natal
Cercada pelo verdejante
Médio Vale do Itajaí
Rodeio na véspera de Natal
fica ainda mais cativante
vestida das tradições mantidas aqui.
Rodeio na véspera de Natal
abraçada por uma paz sem igual
onde o silêncio permite ouvir
o canto dos pássaros e a voz
do nosso interior agradecendo
ao Criador que carinhoso
abençoa o nosso lindo lugar.
Cidade com Natureza abençoada
e de beleza esplendente,
morar em ti é para todos
nesta vida o maior presente.
Rodeio na véspera de Natal
é o nosso abrigo celestial
deste mundo que segue
numa marcha decadente,
adormecer aqui e acordar
com tanta beleza que beija
o olhar faz o coração contente.
Nesta véspera de Natal,
nada se sabe da tropa
da liberdade do General
e tampouco do Esequibo,
Só sei que eu continuo
por milagres insistindo.
