"As Boas Ações" Bertold Brecht
*AS ESTRELAS NO CHÃO*. (Victor de Oliveira Antunes Nt)
O mundo de hoje parece um pesadelo. Tudo reflete dinheiro; tudo é volúpia e marketing sempre; pra fazer mais dinheiro. Nessa ciranda louca e desenfreada estamos nos metamorfoseando; viramos coisas e já se diz que somos CPFs. Cada vez mais nos desconstruímos como entes; seres criados imagem suposta de Deus. Hoje o império dos sentidos submete a vida de cada um de nós às regras da grana. Nas mídias, pulsa a cultura da juventude consumista e insaciável: todo dia se quer algo novo e descartável. Os automóveis, por exemplo, já nascem um ano antes do ano. Essa loucura exige submissão: a do poder aquisitivo... Você sempre precisará ganhar mais... Tudo é vivido e feito com um único fim: ganhar dinheiro pra poder comprar... Nós, como entes vivos, perdemos, portanto, nossa dignidade. E a propósito, nossa própria capacidade de ficarmos assombrados.
Somos marionetes e nos transformamos nas mercadorias anunciadas que compramos. E agora perplexos, verificamos que esse estamento de coisas se aprofunda, a cada dia. Hoje, cada um de nós vale o que produz ou o que pode comprar. Nós somos CPFs. E é esse tratamento que damos, uns aos outros. Não poderia ser diferente, portanto, o tratamento dado às famílias dos que morreram em Brumadinho; às famílias dos meninos incendiados do Flamengo, às vitimas das tragédias de Teresópolis, de Petrópolis, e também da Ucrânia.
Se por um lado os valores comprometidos com a segurança da barragem foram abaixo da linha do mínimo, tanto quanto a segurança dos meninos, das famílias dos municípios ditos que viviam nas encostas cujos deslizamentos se anunciavam nos vales ribeiros, sobranceiramente das vitimas da invasão da Ucrânia, é porque embaixo disso tudo só tinham CPFs... Simples números... Entes pífios e sem qualquer significado se observarmos a dimensão das tragédias em relação às falas dos “políticos” e “gestores”; amiúde o tratamento social, humano e financeiro dispendido. É sempre mais do mesmo e da mesma forma. Passado o susto publico do primeiro momento, eis que começam as ponderações sobre o valor destes “entes CPFs”, números...
Pois é: tratar essas situações com falácias e barganhas é francamente acima do "terrivelmente vergonhoso”. Nenhuma grana será suficiente para minimizar a absoluta destruição de tantas vidas. Nada poderá remediar tamanhas dores e perdas; e é certo que ficarão centenas de lesões de alma. Mas daí a um pouquinho, ninguém mais liga... E a coisa que nos vem a cabeça é isso: e o dinheiro?... Quanto deram, quanto se gastou... Será que tem gente doando?... Tudo já está girando em torno dele: o dinheiro... Hora de dar “preço” na dor e na perda. Vamos começar a medir a importância dos CPFs, mas não a importância da “pessoa”, que foi explodida na calçada. Vai rolar valor por baixo, mas, ainda assim, vai ficar bem abaixo do que vale a vida; vida de cada um de nós. Talvez por isso não tenhamos famílias seguras, boas escolas e bons atendimentos na saúde e segurança nas ruas. A gente não é mais humano... é numero, coisa, produto, lixo... É que a nós vale mais "uma joia”, um “carro zero”, do que centenas de mortes; não foi ao meu lado, então que se dane... É “vida que segue”... Aliás, que dignidade que nada; vamos salvar o dinheiro e indenizar por baixo, abaixo da dignidade de cada um... Aos meninos do Flamengo, às vitimas das Serras, aos explodidos na Ucrânia... Vale mais guardar pra gastar com a Copa do Mundo que está chegando; vamos viver a vida... a expectativa de vida; e quiçá da nossa alegria e sucesso; esqueçamos, foram só CPF’s... Vamos ao shopping comprar coisas que brilhem aos nossos olhos...
Para os que discutem dinheiro seguem as avaliações dos CPFs...
Para os comuns, apenas entes...
Para os que se importam, morreram pessoas tanto em Brumadinho, quanto no Ninho do Urubu, em Teresópolis, em Petrópolis e na Ucrânia; morreram e continuam morrendo sonhos de vida e esperanças; o que morreu e continua morrendo assim, todo dia, portanto, é gente, não são números...
Acho, portanto que passarei a me lembrar desses lugares, como lugares das Estrelas no Chão. É o mínimo de reverência e respeito que me ocorre. A cada anoitecer há que lembrar cada uma, daquelas significativas vidas; lembrar e vê-las como estrelas que brilham no chão. Até porque, não existe e nunca se fez retrato de um CPF. (Victor de Oliveira Antunes Nt).
Esse meu jeito incomum, desencanado e absurdamente louco é pra proteger meu coração das ciladas de qualquer paixão - essas que cegam e nos impedem de nos reconhecermos em meio a multidão!
Excêntrico, não?
[Identificação].
-VilasBoas
Não penses jamais que conheces toda a verdade,
Por mais que saibas, ainda falta muito por aprender.
Pode o rio dizer que conhece as profundezas do oceano,
se ainda corre para ele?
Pode o viajante dizer que chegou ao fim da estrada
se apenas começou a trilha-la?
Continua a tua busca...
Se você ficar sempre olhando para trás,
vai passar pela mais importante
encruzilhada da sua vida
e não vai nem perceber.
O que realmente somos é resultado da genética de nossos pais, do pensamento e educação de quem nos cria e o do local em que nascemos.
O mundo seria bem melhor se o mesmo número de mãos que rezam pelo próximo, realmente fizessem algo pelo próximo.
Se Deus criou os céus,a terra e o homem em seis dias (Genesis 1), por que antes do homem ter sido criado, já existiam há 225 milhões de anos atrás os dinossauros e já havia os céus e a terra? Se este livro "sagrado" não está certo de onde viemos, como ele sabe para onde vamos?
O que me assusta nesse mundo
É que ninguém mais se assusta
Tudo parece ser normal
Por mais brutal a luta
Por mais banal o ato
Por mais que o ato morra
Por mais que morra o mundo
Por mais que ninguém socorra
O que mais me assusta nesse mundo
É o mundo individualista
Onde até político mata
E o povo se mata por política.
- Jordan Vilas Boas
O tempo passa e vira rugas
O tempo passa e vira judas
Ninguém te ajuda,
E o tempo corre
Você corre
Você corre, e corre e corre
Você cansa
Você volta
Você não sabe onde vai
Você acaba não indo
E o tempo voa
Voa teus sonhos
Teus sonhos dormem
Mas você não dorme
Você se mata
Mas continua vivo.
- Jordan Vilas Boas
“A infância não me é distante. Há poucos anos atrás eu ainda corria descalço, subia em arvores e ralava os joelhos. Sorria, chorava, tinha medo do escuro. Às vezes parece que tudo foi um filme, ou um teatro. E se foi um teatro, talvez a peça tenha acabado antes da hora, e as cortinas tenham se fechado muito depressa, quando meu papel de ser criança, começava a fazer sentido."
"As pessoas criam o próprio desanimo, as próprias grades, as próprias rotinas. E se mal acostumam com as próprias desculpas."
“Eu simplesmente não consigo, não adianta, às vezes penso que esse mundo não é pra mim. Não quero isso, não quero aquilo, só preciso de paz, entende? Não nasci com paciência pra estudar, procurar empregos e sustentar uma casa, eu nasci pra outros lances, pra sentir o vento no rosto, pra fumar uns cigarros, pra beber umas cervejas.”
“E os anos têm passado rápido demais, chega a me dar um aperto no coração, não que eu me importe com a velhice, pelo contrario, adoro me lembrar que estou envelhecendo. O aperto no coração é por conta dos sonhos que não realizei, dos planos que fiz e não puis em pratica. Isso que me dói, isso que me rasga por dentro, mas é assim que é.”