Poems de natal
Só quem já perdoou na vida sabe o que é amar, porque entendeu que o amor só é amor se já provou alguma dor...
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Nota: Trecho do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa
É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se eu quiser conhecer as borboletas...
O essencial é invisível aos olhos.
Nota: Trecho do livro "O pequeno príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Exaltação ao Nordeste
Eita, Nordeste da peste,
Mesmo com toda sêca
Abandono e solidão,
Talvez pouca gente perceba
Que teu mapa aproximado
Tem forma de coração.
E se dizem que temos pobreza
E atribuem à natureza,
Contra isso, eu digo não.
Na verdade temos fartura
Do petróleo ao algodão.
Isso prova que temos riqueza
Embaixo e em cima do chão.
Procure por aí afora
"Cabra" que acorda antes da aurora
E da enxada lança mão.
Procure mulher com dez filhos
Que quando a palma não alimenta
Bebem leite de jumenta
E nenhum dá pra ladrão
Procure por aí afora
Quem melhor que a gente canta,
Quem melhor que a gente dança
Xote, xaxado e baião.
Procure no mundo uma cidade
Com a beleza e a claridade
Do luar do meu sertão.
É muito difícil ir embora - até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo.
– Aslam, como você está grande!
– É porque você está mais crescida, meu bem.
– E você, não?
– Eu, não. Mas, à medida que você for crescendo, eu parecerei maior a seus olhos.
O brasileiro de hoje em dia é aquele sujeito valente que teme olhares e caretas como se fossem balas de canhão, que enfia o rabo entre as pernas à simples ideia de que falem mal dele, que troca a honra e a liberdade por um olhar de simpatia paternal de quem o despreza.
O diabo fica nas esquinas da vida, nos mostrando o que não fizemos, ao passo que Deus pega em nossas mãos e nos mostra o que pode ser feito.
Quando você vier haverá o encontro da sua busca com a minha espera. E o seu abraço será a moldura do meu corpo. E a minha boca o pretexto para o seu mais demorado beijo. E a gente vai brincar de se desmaterializar dentro da música, de desatar auroras, de escrever poemas de orvalho... E eu vou inventar uma madrugada eterna pra quando você tiver que ir embora no dia seguinte. E você vai inventar um domingo que vai durar pra sempre porque tenho preguiça das segundas-feiras. E a gente vai rir dessa maldade da demora do tempo pra fazer essa brincadeira de desencontro: quase nos deixou descrentes... A gente vai rir dessa maldade porque o nosso amor será a coisa mais bonitinha do mundo.
"Não é falta de saudade, é desapego. Não é falta de amor, é a certeza do tempo esgotado. Não é falta de interesse, é uma profunda ocupação com a minha própria vida. Não é mágoa, é indiferença. Não é exagero, é escolha."
Um mal não é um mal para quem não o sente; que te importa se todos te vaiam se tu mesmo te aplaudes?
Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois apesar deles, poderia passar, se não fosse a vaidade e a adulação. Oh! a adulação!