Camila heloíse
Era hipocondríaca sentimental
achava que amava
que tinha saudades
e que era real
se doloria por inteira
e no final das contas
só era vazia
Teus olhos são meu maior abismo
Em tua boca eu me jogo em um íngreme precípicio
Porque por mais que me doa admitir
Você é minha perdição
A minha loucura feita em pessoa
Você trascende o que preciso
E me mostra pro mundo
Você me faz fazer sentido nesse mundo tão desordenado
És a única pessoa que me dá isso,
me deixa no caos e me devolve a ordem em questão de segundos
Você me deixa mais louca que sou
e me faz ver estrelas onde não tem
Você é minha contelação de sentimentos, meu bem,
em forma de estrelas que voam,
dançantes borboletas
que hoje me habitam por inteiro.
E o amor lá faz sentido?
Essa história de um completar o outro só é bonita em filmes. Na vida real as coisas são bem diferentes. Colocam na cabeça que é preciso ser metade, e acabam sendo vazio. Querem completar alguém, sem ter nada nem pra si próprio, são corações vazios querendo se juntarem a corações vazios. O que teremos? Sentimentos vazios, almas vazias e cabeças cheias de tanta decepção. Porque isso que fazem não é amor. Amar não é completar, é acrescentar, desculpem-me os clichês, mas amar é mais que dar pelas metades é se dar por inteiro. Amar é ser por completo e fazer o outro trasborda-se de si por não se caber mais, é ser a peça a mais do quebra a cabeça e dar beleza por ser assim, diferente de tudo.
Explico-me, antes tudo, pra ser feliz com alguém, é preciso vivenciar a felicidade sozinho. Se bastar, se felicitar e se amar. Por isso relacionamentos acabam de uma hora pra outra, alguém que não ama a si mesmo, quer amar o outro. Não é assim. É viver o amor próprio e depois viver o amor a dois. Não é ser cara metade, é ser o sentimento todo, e de tanto acrescentar transbordar pra fora. É preencher o próprio vazio, e quando cheio se derramar pro outro, de forma recíproca. É viver na sintonia do amor, se amar, amar, e ser amado. Se esvair se de forma bonita, se perder nos rios de sentimentos e encontrar o outro mergulhando na maré da felicidade e fazê-lo companhia. É sentir de verdade, com o coração, com alma e com todo o ser.
Porque amar é trasborda-se pro outro, de forma
Esvaiu-se de toda tristeza
e voou como pássaro à procura da felicidade
ao encontro de novos ares
de novos horizontes
Nostalgia de quinta
depressão de quarta
delírios de terça
desamores de segunda
tédio de domingo
vida sem graça de sábado
vida sem graça de todo dia
Alecrim
Alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado
O meu amor, também foi assim
Veio repentino para o meu jardim
E foi o meu amor, que me fez assim
Sou apenas retalhos de um amor sem fim
Jaz aqui uma alma retalhada, um coração remendado e um sorriso a ser costurado. Jaz uma moça doce e amarga, um paradoxo ambulante de poéticas primaveras. Flor do campo, retalho do dia.
O amor pra mim sempre foi um talvez. Uma interrogação à parte, um mistério sem solução, sem nenhuma afirmação de dar certo.
Perguntaram-me o que carrego dento de mim. Minha vontade era responder amor, saudade boa, felicidade aos extremos. Mas fui sincera, disse que dentro de mim havia apenas uma oquidão, uma oquidão infinita de vazios.
E um dia desses, eu te disse que com esse seu sorriso você ganharia tudo o que quisesse.E aí você ganhou logo meu coração.
Sinto falta da melancolia que agora já não é mais minha. Masoquista eu? Não, não gosto de sofrer. Mas é simples, quando estava sozinha em minha solidão, estava eu acompanhada de minhas palavras indizíveis e pensamentos eloquentes, coisas que eu sentia pra mim e acabava vivendo pro mundo. Um paradoxo que me tomava. Talvez Clarice estivesse certa, de certo modo, minha escuridão era a minha melhor face, minha solidão era minha força. Agora entendo, era meu lugar certo, onde minha essência brilhava e onde já não havia nada mais que pudesse me ofuscar, até porque,eu já estava mesmo no fim do poço!