"A troca da Roda" Bertolt Brecht
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição
no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar!
Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras.
Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos
faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado.
Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe
sexo.
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de
durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência.
Amor, só, não basta!
Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar. Amar, só, é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar.
Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.
Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra
cada um. Tem que haver confiança! Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.
Um bom amor aos que já têm! Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!
Nota: Trecho de um texto do autor.
As pessoas mais difíceis de serem amadas normalmente são as que mais precisam de amor.
Como posso nobre amigo ser só sua amiga se na verdade quero ser sua amante?
Como posso dizer que fico em paz se você me atormenta com seu sorriso?
Como posso nobre amigo ficar imune os seus encantos, se na verdade quero me perder neles?
Como posso olhar seus belos olhos escuros e não contemplá-los?
Como posso só aproximar-me de ti, se o que quero é te abraçar?
Como posso ter você por alguns minutos, se te quero por horas?
Como posso só apertar suas mãos, se na verdade quero com as minhas passear por todo teu corpo?
Como posso nobre amigo suportar o sacrifício de só observar seus lábios, se na verdade quero tê-los entre os meus?
Como posso só ouvir sua voz se na verdade quero ouvir sussurros nos meus?
Como posso ouvir você dizer que seu prazer estar em outro alguém se na verdade quero eu te dar esse prazer?
Como posso chamar-lhe de amigo se sinto algo mais por você?
Como posso segurar pedir-lhe ajuda se na verdade você é meu problema?
Como posso segurar sua mão se a minha gela de paixão?
Como posso nobre amigo entender que você é só meu amigo, se na verdade só consigo pensa em uma coisa: Eu amo você
Otário só tem dois direitos: tomar tapa e não dizer nada!
Ninguém vai chorar por você,
mas pela falta que você fará,
a companhia e a presença,
o tempo compartilhado,
os espaços preenchidos,
seu ouvido disponível,
sua voz consoladora.
A morte destrói o corpo,
não o amor que ficou,
embora em dor e saudade.
Lembrança é quase pessoa,
vagando por toda a casa,
perfume de coisas órfãs,
gemendo em cada lugar.
Qual o peso e o tamanho
da saudade que sentimos?
Que distância é a saudade
entre as pessoas ausentes?
Qual o tempo da saudade
para doer na perda
das afeições mais queridas?
Qual o peso da saudade
no coração solitário?
AMOR MADURO
O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem, o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro. Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne e de espírito.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos
antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão, basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito. Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança. É o sol de outono: nítido, mas doce.
Luminoso, sem ofuscar.
Suave, mas definido.
Discreto, mas certo.
Nota: Trecho adaptado de um texto do autor.
Você não é o seu emprego. Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco. Nem o carro que dirige. Nem o que tem dentro de sua carteira. Nem as calças que veste.
Sabe esses dias em que,Horas dizem nada
E você nem troca o pijama
Preferia estar na cama
Um dia, a monotonia
Tomou conta de mim
♪
Durante toda a minha vida, pensei que a história terminava quando o herói e a heroína ficavam juntos, em segurança - afinal, o que é bom o suficiente para Jane Austen deveria ser bom o suficiente para qualquer um. Mas é mentira. A história está só começando, e todo dia será uma nova peça do enredo.
Não é esquisito? Só podemos nos ver por fora, mas quase tudo acontece do lado de dentro.
Pedir ajuda não é a mesma coisa que desistir. É se recusar a desistir.
Eu aprendi que é melhor ficar sozinho. Sem ninguém pra atrapalhar. Relacionamentos são muito difíceis.
Talvez haja algum instinto secreto nos livros que os leve a seus leitores perfeitos. Se isso fosse verdade, seria encantador.
quando eu morrer
não
perca
um minuto
chorando por mim.
posso ir embora
mas vou
deixar para trás
todas as minhas
mil & uma
vidas.
– uma garota louca por livros nunca morre.
Ser gentil com você mesmo é uma das maiores gentilezas.