Borracha
As vezes queria muito apagar todas as palavras ruins que disse.
Não a borracha que pode apagar nosso passado, e menos as atitudes.
Mais saiba que sou maduro suficiente, para resetar as partes ruins de minha memória,. E deixar só as boas lembranças, que me faz sempre amar e admirar você.
Por que você significa muito mais para min, para que não possa perdoar, relembrar tudo de bom que você fez na minha vida.
Com uma Borracha
As minhas lembranças são tantas,
Mas infelizmente algumas foram esquecidas, com um simples passar de uma borracha...
Há coisas que nem sequer eu lembro mais.
Talvez era pra esquecer.
Talvez eu não precise delas.
Mas eu às adoro tanto.
Minha vida está em minhas lembranças.
Momentos que se eternizaram em mim.
Queria vivê-las de novo...
Mas não posso às trazer de volta,
Porque foram esquecidas...
Com um simples passar de uma borracha...
EM CORREDOR HOSPITALAR
Hoje em corredor hospitalar, sobre o deslize e som rangido de borracha cilíndrica sob o chão, de idade de respeito e com olhar longe, mas simpático, onde os cabelos brancos por todo, cobrindo uma vida de histórias, entre as alegrias, tristezas, dos amores e desamores, a avó sentada, levada pela assistente suporte, foi-lhe questionada sobre a presença de um homem, homem este, sobre ondas de lisos fios de cabelos brancos, de igual idade de respeito.
Sabe quem é este homem? Questionou a assistente.
Sob uma trémula e doce voz, disse ela: Não me lembro, não sei de quem se trata..
Aos meus passos, e sob curiosidade expontânea, abrandei, e pude ouvir…
É o Zé, o teu filho…
Naquele momento, a emoção escalou sobre o meu corpo, e sob olhar úmido, mas de cabeça firme, senti, senti, bem, no fundo a dor de não nos lembrarmos de quem um dia, tanto amor transbordamos, tantas lembranças nós criamos, e tanto carinho dedicamos.
Foi hoje…exatamente hoje…
Em um corredor hospitalar .
07/07/2023
Felizes, são os que não dão à borracha, o atributo da finitude e da fatalidade, mas corajosamente, apoiam o antebraço na mesa nova, enxugam o suor da mão no mesmo lenço que enxuga as lágrimas; segura a pena com a mão combalida e trêmula, podendo reescrever a sua própria história. O que seria do artista se não houvesse rascunho?
Nascemos com três objetos, um papel, uma caneta e uma borracha.
O papel representa nossa história, a caneta, nossas ações e escolhas. Usamos a caneta para escrever nossa história, porém temos a borracha que serve para apagar o que já foi escrito, mas não dá para apagar o que foi escrito pela caneta, então para que serve a borracha?
Algumas palavras ditas podem escrever na vida traços de rancor, use a borracha do perdão e apague do coração o que nunca deveria estar escrito nele.
Liberdade é não ter pauta
É permitir que erros aconteçam
É escrever sem borracha
Sem rasuras
É não se preocupar com a letra
É sentir o movimento
É escrever o que vier na mente
Sem censuras
É sobre não ter pressa
É não olhar pra linha de cima
É deixar as palavras guiarem
Sem se importar com o sentido
se eu não poder ser o lápis que desenha sua felicidade, serei a borracha que apagara a sua tristeza❤️
Desenhava seus traços em papel
no seu caminhar, mas depois que se foi
Eu consegui uma borracha e apaguei
o seu caminho para que o seu desenho
não se fosse também...
O desafio da vida é ser (no) infinito, desenhar sem borracha e "poetisar" todos os silêncios.
© Ana Cachide Praça
Tiro o elástico de borracha das flores de corte e coloco em cima da mesa. No vaso já com água fresca, coloco uma por uma por vezes tocando de leve as suas pétalas sensíveis. Depois fito o elástico abandonado no canto faltando um fio para se romper. Esticado de todas as formas até a borracha chegar no limite. Nas minhas mãos o coloco, e em um simples movimento ele se parte em dois. Mesmo que eu o amarrasse ele não ficaria o mesmo. E é isso que acontece quando deixamos que ultrapassem os nossos limites. Quando permito que rompam com essa linha tênue, já sei qual caminho de destino. A gente permite por medo de abrir a boca e transferir o não. Para o outro, para nós mesmos. No fim de tudo, quem despedaça somos nós, não quem rompeu com a nossa barreira.
A vida se escreve a caneta, cada hora é uma vírgula, e mesmo com falhas e borrões, borracha nenhuma consegue apagar.
