Bernado Guimaraes Poemas sobre Amor
A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?
Quem-sabe, a gente criatura ainda é tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens é mandando por intermédio do diá?
O espírito da gente é cavalo que escolhe estrada: quando ruma para tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom.
No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!
Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.
E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta.
Se eu fosse filho de mais ação, e menos ideia, isso sim, tinha escapulido, calado.
Manter firme uma opinião, na vontade do homem, em mundo transviável tão grande, é dificultoso.
Somente com a alegria é que a gente realiza bem – mesmo até as tristes ações.
Para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!
O senhor não pode estabelecer em sua ideia a minha tristeza quinhoã. Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?
PRESSA cria URGÊNCIA para fazer algo, por não confiar na perfeição.
PRECE, ao contrário, cria PAZ por confiar na perfeição.
A vida é uma jornada parada, você não veio do passado e nem vai para o futuro. Apenas VIVA E CURTA SEU PRESENTE.
Vou, buscando com garra e imensa ousadia. Um elo perdido no vão dá história. E enquanto busco minha alforria, badalam rumores presumindo a derrota.
Um pensamento voa vago. Leve, solto, solto, longo, breve...
O pensamento voa livre, mesmo em branco como a neve.
