Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
Lentamente
Assim germina a semente
Num passo ingrato e quase inaudível
Desata o laço
Pequeno pedaço que se vai
Sem deixar lembrança
Também não leva saudade
Nada se perpetua
Os passos na rua
Apressadamente
Brancura dos dentes
Sorriso na escuridão revela
O que a claridade escondia
Lentamente, dia-a-dia
Como enorme carruagem que vem
E quando passa
Atropela
Depois se afasta lentemente
Talvez a vida tenha sido
Por acaso e sem igual
Mas sempre tem prazo a cumprir
E faz doer e fica mágoa e apaga
E quase sempre acontece
de forma proposital.
Edson Ricardo Paiva
Boa é a sensação que vem
Quando a gente se sente só
E mesmo estando assim sozinho
Só faz assim porque sabe
Que em algum lugar deste mundo
Tem alguém que sente saudade
E se sente só também
Bom é quando a gente
Não se cabe de alegria
Quando começa ou termina o dia
Tendo em mente que está lá
E que aquele coração
é outro que se apressa
Pra depois arrefecer, sereno
Aguardando que um mais um
Sejam dois
E que dois seja um só
Bom saber que ela queria
Em grata, simplesmente se molhar
Na tempestade que aqui choveu
Olhar pro mesmo Sol que eu vejo
Saltaria aos olhos dela
Se me visse a rir à toa
Sentindo essa coisa boa
Só por saber que ela existe
Lá, sem saber onde esconde
A alegria que lhe vem ao rosto
Por saber que é querida
E só por ela eu penso assim
Em tê-la até o fim da vida
Aqui, muito perto de mim.
Edson Ricardo Paiva.
Era quase que assim
Um leve tremor de terra
Prenuncia o apito do trem
Só que quase ninguém percebia
O sermão durante a missa
A igreja tão cheia
E quase ninguém ouvia
Quanto ao resto da vida
Não o sabe até hoje
Da secura na boca
Calma, aguda, iludida
Muda algia rói alma
Carece de companhia
Um tanto menos pernóstica
Só fantástica e desabrida
O contrário
Era um jeito de olhar o Céu
Enxergar nele a vida
Um tanto profunda
e de olhar esquecido
Quem lhe visse podia jurar
Era antes pequeno desejo
Jamais um pedido
A vida meio vazia
A outra metade era vida
No outro dia tanto faz
A semente bem regada
Cuidada por cuidar
Pois de lá não saia nada
Assim era tudo
Enfim, um saber calado
Um verso oculto
Cujo vulto do tempo
Escreveu apressado
Se está fora de lugar
O correto é cair
Equilíbrio é o silêncio que faz
A vidraça parecer escura
A paz que precede a chuva
Sempre que a chuva vem
A água evapora
A alma cura
Entretanto ela chora
Tempestade, água turva
A curva do rio, a lagoa
Fatalmente o ponteiro, a hora
Por ora, balaio no chão
Canta muda
A canção silenciosa
E somente o coração escuta
Roupa suja, varal
Ensaboa um sinal da vida
Outro aceno do mundo
Desalento um segundo
Quando meio segundo
é momento
A saber
Água limpa
Não lava alma turva
Acredite em não crer
O saber de cada receio
Escondido em gavetas
Espalhado pelo imenso mundo
Se contar nos dedos
A qualidade de tantos medos
Reais e de faz de conta
Um mais um, às vezes são dois
Mas, de vez em quando, não
É aí que mora a diferença
Entre pensar
E pensar que pensa
Olhar e saber na hora
Àquilo que vem
Sem demora.
Edson Ricardo Paiva.
Não se pode segurar o tempo
É difícil saber
A maneira certa
de prender a vida
Assim como a tudo
Que nela houver
Mas, numa tarde qualquer
Acontece de olhar
O vento e a chuva na janela
E guardar no coração
Que nem magia
A chuva que caiu naquele dia
Mesmo sem perceber
A gente vai vivendo
E não enxerga o quanto é triste
O olhar insistente
A buscar somente
O brilhar da prata
Um tosco brilhar que ofusca
A arte da luz do Sol
Que parte e que se reparte
Numa humilde bolha de sabão
E flutua leve, ao sabor da brisa
Mas a pressa de viver
Não deixa ver
Que é dessa simplicidade
Que a vida precisa
E vai ficar eternamente
Se a mão da gente
Pesar feito pluma
Só então se aprende
A repartir a vida
Igual o brilho da espuma
Parte a luz
Com força suficiente
Pra dividi-la e deixá-la ir
Muito tempo se perde
Até que se perceba
Em quanto poder existe
Quando a força da mão é leve
Então
O dom de prender a vida
E vivê-la feliz
Grato a tudo que nela houver
Veja que não importa
O quão breve ela seja.
Edson Ricardo Paiva.
Acabrunhado, infeliz
Quis o mundo seguir assim
De olhar parcial
Igual a quando te olha
Qual folha caída
Assim quis a vida
Tal luz escondida
Se vida se ausenta
Na noite perdida
Novamente vai-se a vida
Era nau na tormenta
Mera imagem pintada, aquarela
Apesar de procela, era o nada
Conforme é o passar do tempo
Os tempos mudam
Quis o vento soprar assim
De olhar enviesado
E se olhava de perto
Era só desalento
Triste vento, desenxabido
Mormente destituído
de graça e de vida
Uma adaga escondida a brilhar
Em cada desvão do caminho
Um triste cantar passarinho
Cantando baixinho
O seu triste cantar
Era quase um lamento
Meramente uma questão de escolha
Eram dois os caminhos
Simplesmente
Ser gente ou ser folha
A pensar-se imparcial
Mas o dia amanhece outra vez
E outra vez parece igual
Infeliz desarvorada
desejando , quase calada
Que seja feliz o dia
Esperança ela tinha
Qual folha caída
Alegrias de outrora
Isso eram coisas ... lá de outras horas
Demora, demora
e não vinha.
Edson Ricardo Paiva.
"Vale o escrito
Desde que tal ato
A ninguém seja dito
E assim segue a vida
Mesmo que ninguém saiba pra onde
E no fim se descobre
Que o maior alívio é viver sem motivo
Evitando o desconforto
De saber-se vivo
Apesar de morto"
Edson Ricardo Paiva.
Vida Flor.
A vida é o dia de uma flor
Quando a chuva aproveita
Bota as pétalas de lado, assim
Se espelhando numa poça rasa
Detalhando os seus tim-tins
Orgulhosa da própria beleza
Ajeita luz do sol
Renovando a folia
Acredita, enquanto há tempo
Tempo é tudo quanto mais havia
Quando o tempo de já não mais crer vier
Ele vem, crer ela não quer...aceita
Bota espinhos, tenta defendê-la
Tristes mãos que, porventura, recolhê-la
Assim, como um sol que renasce
E que jamais se opõe
Ao orvalho das trevas
Escolhe uma melhor lembrança e a leva
Molha-te por molhar-se
Escolhe um ramalhete pra passar teus dias
Que, por ora, ornamenta e tenta e tenta
Tanto tenta que, quando desiste
Já não sente assim, tanta tristeza
Tenta, mas aprende a desistir também
Nem jamais te arrependa de nada
Desaprenda o sorrir
Mesmo assim, depois, aprende
Rir-se de si mesma.
Edson Ricardo Paiva.
Tenho vontade de passar a mãos nos seus cabelos sentir o seu cheiro...mas a vida é assim vejo o céu as lindas estrelas mais jamais irei toca-las...
Não pense assim pois ainda não acabo você tem todo o tempo de conquistar e ser conquistada não há coração que não trema ao sentir amor...
E seu fosse uma estrada que te indicasse uma direção, um caminho será que assim você me seguiria?
E se você estivesse caída e eu fosse uma mão estranha estendida será que você exitaria em pega-la?
E quem sabe seu eu fosse um bom conselho que saiu da boca de quem todos á julgam mal,será que assim mesmo você confiaria?
E se eu viesse a ti como sempre errante e vesse em meus olhos arrependimento,concederia assim seu valioso perdão?
E se como sempre eu tivesse medo,por acaso me abraçaria e me diria que tudo iria ficar bem?...
A vida é assim
Cheia de truques
Repleta de baques
Nos deixa maníacos
Provoca ataques cardíacos
Quando tudo parece sereno
É então que eu sinto mais medo
Quando a vida revela os segredos
Algo sempre acaba
O mundo desaba
E então tudo morre mais cedo
Existe alguma coisa
da qual ninguém se recorda
É como um sonho
Que rapidamente se dissipa
Assim que a gente acorda
E isso permanece latente
Independente do que a gente viva
E enquanto a gente vai vivendo
Coloca tantos outros interesses
Acima daquilo que interessa realmente
Principalmente a pressa
Que não nos permite
Enxergar os raios coloridos
Que a Terra também emite
Todo dia, quando o Sol se põe
O quão bonito que é
Olhar os pássaros a se recolher
Eles pousam em algum lugar
Sempre em bando
E um deles fica distante
Piando de vez em quando
Procurando algum recalcitrante
Que ainda não veio
Eu gosto de olhar as folhas que caem
e a maneira que se comportam
Cumprindo a sua missão
encerrando seu ciclo, humildemente
às vezes, elas tem ao seu lado as pedras
E está tudo interligado
Intrinsecamente unido
de modo que a única coisa que falta
é aquilo que eu disse
que a gente não recorda
Se a gente descobrisse isso
Talvez a gente se integrasse a esse todo
E deixasse de ser somente
Um Ser à parte
Perdido e esquecido
Tenho a impressão de que somos
Em meio à criação
O pássaro que não veio
E tudo isso está esperando por nós
Pra não nos deixarem sós
Hoje amanheceu
Amanheceu um dia assim
daqueles que a gente olha
e vê somente um dia lindo
Que parece que não vai ter fim
E se por acaso chove
A gente nem liga se a chuva molha
Cada coisa nova que vem
Preenche uma nova lacuna
e é bonito tudo que tem
pois todas as coisas se fazem unas
e as pessoas se comprazem
em estar juntas
e se cumprimentarem
e darem risadas, muitas
e riem também pra mim
neste dia lindo
Que simplesmente amanheceu assim
Sem compromisso com luz ou com sombra
e mesmo assim, tem tudo isso
e não existe nada ruim
Somente beleza
Que não diminui
Nem mesmo com a ponta de tristeza
em saber
Que ele vai, sim
ter um fim.
Quando tudo tiver passado
E não houver ninguém
Pra me amar ou me odiar
Um dia assim, igual a hoje
Mas hoje ainda não é o fim
é só um dia banal,
sem ninguém ao meu lado
Talvez então, eu me sinta magoado
Contudo, vou levar recordações felizes
e concluir que a vida valeu à pena
Apesar de algumas tristezas
Pois a vida sempre pode ser boa
Mesmo que neste mundo
Tanta coisa conspire
Pra que aconteça o contrário
Quando tudo houver se acabado
E eu olhar pros lados
E Perceber
Que meu tempo passou
Vou me sentir agradecido
Olhar para a frente e seguir
Humilde e sem glória
Rumo ao desconhecido
Onde eu sei, tenho certeza
de que há de iniciar-se outra história
talvez em língua portuguesa
talvez não
Mas tudo que eu vi e senti
Há de seguir comigo
Vou levar pra sempre esta existência
Guardada
Aqui no meu coração
"A vida às vezes pode parecer uma concorrência, uma disputa, um concurso ou algo assim. Por mais que ela pareça ser isso, nunca perca o foco e jamais se esqueça: A vida não é nada disso, a gente precisa se corrigir rapidamente. A gente precisa com urgência, salvo raras exceções, abandonar as equivocadas doutrinas nas quais fomos educados, pois nossos pais e alguns educadores nos ensinaram muita coisa errada. A Vida é a vida: Algo pra ser vivido com alegria, desprendimento, solidariedade e amor ao próximo. Deus não nos colocou no Mundo pra descobrir qual de nós ´é o melhor.
A vida não é um concurso, uma concorrência ou uma disputa. Essas coisas existem para classificar alguns e deixar outros de fora, portanto, se todos nós estamos vivos e vivendo a vida, ela não pode ser isso. Nós é que precisamos, enquanto há tempo, aprender a enxergá-la de outra maneira."
Sempre
As coisas ainda são
e pra sempre serão
do jeito que elas estão
e serão pra sempre assim
Algumas sob o nosso chão
E jamais serão encontradas
Muitas, diante de nossos olhos
e mesmo assim, não poderão
Jamais ser vistas
Pois os mesmos ventos
Que as trazem e as entregam
Carregam em si mesmos
Todos os entraves
Que tornam graves nossas vozes
e todos os medos que nos cegam
e assim como permanecem por anos
se vão um dia, velozes
Não foram parte integrante de nada
Não estavam nos planos
e se vão pra sempre
Morar nas estrelas
Que apesar de serem tantas
Mesmo que você, pra sempre as conte
Jamais haveremos de saber ao certo
Quantas elas são
Ou onde estão aquelas
Que se encondem nos confins
de algo que é e pra sempre
Será o Universo sem fim
E nos envia de lá
Tantas luzes
A todo momento
E mesmo assim não nos alcançam
Enquanto isso
Anjos e coisas ruins
Cantam e dançam
Longe de você
Perto de mim
Fazem festa sem compromisso
Luz e sombra
Nenhum som e pouco viço
Tudo aos extremos
E há de ser até o fim
Pra sempre assim
e, apesar de tudo isso
Ser eterno
Jamais saberemos
edsonricardopaiva
Com o tempo a vida ensina
Que assim como a falta de amor
Todo amor que for demais
Sempre traz atrás de si
À reboque
Um toque demoníaco
Que quando se espalha
A tudo contamina
E o coração não suporta
Foi vivendo que aprendi
Que quanto mais portas
Eu abrisse ao Mundo
Mais portas pra mim
O Mundo fecharia
Pois quanto mais risos eu ria
Mais vultos distantes
Me dando as costas
Haveria de ver
E aprendi a recusar convites
Me cansei de evitar confetes
Deixei de ser
Aquele que eu era antes
Passei a olhar a tudo
Protegido
Sob o escudo da prudência
A lente da confiança
Abandonou-me os olhos
Após tantas punhaladas
Que deu-me a vida
Devido à falta
Da devida vivência
Que eu carecia
Hoje
A cada vez que nasce o dia
Eu desconfio daquilo que me espera
E me atiro ao circo de feras
Sem ódio, rancor ou vingança
O tempo ensinou-me apenas
A esperar que algo bom aconteça
Mas que porém
Espere sem muita esperança.
Um dia
todo mundo queria
Que um dia
Todo mundo fosse feliz
e assim estaria
tudo pronto e acabado
Mas o que ninguém sabia
é que esse dia
talvez já tivesse chegado
Mas todo mundo
estava muito ocupado
Sonhando
ou vivendo o sonho errado
e assim
mais um dia foi passando
enquanto todo mundo procurava
aquilo que mais queria
e estava ali
o tempo todo.
Mas todo mundo, ao mesmo tempo
Estava olhando pro outro lado
No Brasil é assim
Tem Justiça de rico e justiça de pobre
delegacia de rico e delegacia de pobre
Tribunal de rico e tribunal de pobre
Cadeia de rico e cadeia de pobre
Polícia de rico e polícia de pobre
Juiz de rico e juiz de pobre
Igreja de rico e igreja de pobre
Padre de rico e padre de pobre
Cemitério de rico e cemitério de pobre
Mas eu creio que se houver
Céu e inferno brasileiros
Eu acho que lá não vai ter "jeitinho"
Pois anjos não se corrompem
E nem o diabo consegue ser tão corrúpto.
As coisas são assim:
Você pode passar uma vida
Qual fosse existência perdida
Indo procurar bem longe
Alguém que muito lhe foge
Faz previsão de viagem
Bota provisão no alforge
Gasta muitos pares de botas
E outras mais, sobressalentes
E sai a escalar Montanhas
Dormir ao relento
Enfrentar chuva e vento
Contente
Numa procura tamanha
Que talvez nunca termine
Ou acabe em desesperança
Por não encontrar
Aquilo que não enxergaste
No teu ponto de partida
O Par de olhos
que tanto procuraste
Atravessaram a vida, lindos e tristes
Pedindo-te que voltasse
Querendo enxergar você
