Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
Existe uma grande distância entre nós
Distância que desaparece quando eu fecho os olhos
e imagino você do meu lado.
É algo espontâneo, escrevendo coisas lindas para ti enquanto ouço música,
fonte de inspiração, porque nada é tão liberto quanto o poder das nossas imaginações,
meu grande amor.
Eu estava cansada de tudo tão igual,
Dessa mesmice habitual.
Mas do nada, você apareceu,
Diferente de tudo e tão fora do comum.
Seu jeito singular e perfeito
Era algo que eu nunca havia visto antes.
Não esperava encontrar alguém assim,
Mas cê chegou e atropelou tudo dentro de mim.
Com teu olhar cativante e presença marcante,
E essa voz alucinante,
É impossível não querer estar contigo.
Tão diferente, menino, você é especial,
Desde então o mundo não foi mais o mesmo.
Você trouxe sensações,
De trovão e calmaria, ondulações.
Com você, eu corro como um trovão na tempestade,
Ou danço na chuva como um passarinho que cura.
É ser a sua guitarra chorando ou seu piano cantando,
Ou simplesmente um apagão que some e deixa confusão em meu coração.
Entrar no seu mundo também pode ser assustador,
Pois você parece a personificação da desconexão do tanto faz.
Mas contigo, tudo faz sentido,
E a cada dia descubro algo novo e excitante
Eu desconheço esse seu jogo
Num mundo paralelo
Não sei se você quer me amar
Ou me enganar
Eu tento entender suas intenções
Mas tudo que vejo é confusão
Você diz que me quer
Mas some sem explicação
Eu desconheço quem você é
E o que quer de mim
Às vezes parece tão real
Outras vezes tão distante assim
Eu não sei se devo confiar
Ou se devo me afastar
Esse jogo que você joga
Só faz meu coração se quebrar
Eu desconheço esse seu jogo
E já cansei de tentar entender
Se é amor ou só ilusão
Ou se é só um jeito de me prender
Eu preciso seguir em frente
E não mais me iludir
Se você quer jogar esse jogo
Eu prefiro não mais participar.
Eu não consigo entender se da boca que disse eu gosto de você também disse não há nada que eu possa fazer.
Preciso resolver algo que deixei estacionado e se depois tiver que acontecer a gente volta a se ver.
As ondas do mar carregam lembranças do que já fomos
Numa dança de momentos perdidos e sonhos que afundaram
Nossas pegadas na areia agora se apagaram
E o vento sopra as palavras não ditas que se soltaram
Talvez tenhamos sido marés destinadas a mudar
Levando nossos sentimentos para longe, sem voltar
Mas o tempo não é nosso inimigo, é só uma canção a tocar
E se a vida nos der uma nova chance, quem sabe poderemos recomeçar
A cada 10 de agosto, lembrarei desse banco à beira-mar
Das palavras não ditas e do sentimento que quisemos preservar
Mesmo que as águas tenham nos levado para longe, em algum lugar
Talvez nos reencontramos na melodia das estrelas a brilhar.
Eu juro que quis me encaixar no seu mundo Mas suas mentiras e insensatez como um lego se desfez. Parada fluvial
Cruzo a linha, espaço-tempo Sim, garota, eu quero a gente, mas agora é diferente vejo um reflexo
De um feixe de loucura ou paranoia, são palavras suas
Tempo, que me faz perder o tempo, pensando no tempo que a gente olhava a onda calma, a noite enluarada, você perdendo a calma, e eu perdendo a alma
Um brinde a mim, que sou trapaceiro, assassino do coração alheio Me perdoa, Ana Sou um tirano que te ama Meu coração também sangra
Eu sou uma alma humana, Ana
Eu estava jogando dama, enquanto observava você jogar xadrez. Eu poderia ter te dado um xeque mate, mas por cortesia, preferi perder.
Não me importo com suas narrativas e as reviravoltas do enredo, pois eu não as escuto. A única voz que consigo ouvir é a dos desejos do meu corpo, a voz ruidosa da minha mente e a inquietação da minha alma.
Eu quero viver.
Quero o dia, o pôr do sol,
A praia, o mar, o camarão,
O suco de abacaxi com hortelã.
Quero o avião, as nuvens, as luzes da cidade ao aterrizar, a noite, a lua cheia,
Novas paisagens, novos cheiros, novos sabores, novas risadas.
Quero a estrada, o acelerador, cabelos ao vento, a música.
Quero o gramado, o cheiro de terra molhada, o milho verde, o bolo de fubá,
A serra e o frio.
A loucura de São Paulo,
A alegria do Pará,
A intensidade de Brasília,
A extravagância de Las Vegas,
O luxo de Dubai,
O capitalismo da China,
O bom gosto francês,
A astúcia italiana,
A responsabilidade japonesa,
A inovação coreana,
A boemia artística.
Eu quero o tudo e o nada,
O luxo e o simples.
Quero viver.
Quero estar aqui e ali,
Fazer isso e acolá,
Depende do momento,
De como me sinto.
Só quero ser inteira em fragmentos.
É pedir muito? Só quero o direito de escolher.
Sonhos e querer....
(Marcel Sena)
Às vezes eu acho que o mundo acabou.
Às vezes eu acho que nem começou.
Queria eu, crer na sua crença,
Queria eu, fazer a diferença,
Diferente não sou,
Entre gritos e gemidos, sussurrando estou.
Te vejo e reparo, avalio sua face,
Vulgar, indiscreto seus dotes eu meço.
Chorei, resmunguei, não quero a dor.
Incrédulo, sincero, a dor me persegue.
Na vista, um corpo domina,
Me, toma, me laça, pela vista conquista.
Queria poder profanar sua crença.
Poderoso não sou, sinceridade e tédio é o que me restou.
Sou humano, sou fraco e cheio de pecados.
Um vernáculo de amor indecifrável.
Assim segue o mundo, de crentes e descrentes impondo sua mente.
Uma coisa eu sei: amar, ser amado, improprio ou errado.
Sua vida, tuas vidas, nossas vidas, minha vida.
Acabe o mundo e assim sempre sou. Implorante ou impondo
Pensamento desconectos que o mundo mudou.
Cuiabá. 14 de junho de 2015;
Bisbilhoto um desconhecido que
acaricia minha gata na rua.
Ele vai.
Eu chego.
Ela foge.
Essa tem meu dote,
tá sempre na saideira.
Sarnento conhecido que sou
só peço carícia na coceira
CONTO DO MEIO
Quando pequeno, eu estava no aniversário de um amiguinho
e pus meu dedo no bolo.
Não coloquei e tirei. Não passei o dedo.
Apenas enfiei a ponta do indicador naquela parte branca.
O dedo permaneceu lá, parado, enfiado, intacto.
Todas as mamães me deram um sorriso falso.
Os papais estavam bêbados no quintal.
O único homem ali perto era o tio Carlos.
Tio Carlos se escondia atrás dos óculos e da câmera fotográfica.
Era bobo, agitado e gorducho.
Quase sempre sorrindo.
Tinha poucas, raras, nenhuma namorada.
Tio Carlos atrás dos óculos, da câmera e de namorada.
Meu braço esticado era a Golden Gate.
Uma conexão entre minha consciência
e aquele montante de açúcar.
A ponta do dedo imóvel, conectada, penetrada no creme branco.
Uma das mamães resolveu liderar a alcateia
e me pediu para tirar o dedo.
Pra que tanta coragem, perguntou meu coração.
Porém meu dedo,
afundou um pouco mais.
Olhei-a nos olhos sem docilidade.
Meu corpo imóvel.
O dela recuou.
Minha mamãe, sem graça,
falou que isso passa.
Eu atravancava, ria e dizia:
- Vocês passarão, eu... - estendia a aporia.
Eu era a Criação de Adão na Sistina.
Era mais que Michelângelo,
Era Adão no Bolo,
Era Bolo em Deus.
Mamães desconcertadas. Olhando umas para as outras.
O silêncio reinava,
o reino era meu.
Mamães desorientadas. Olhando para mim.
Tio Carlos com a câmera fotográfica
olhava para as mamães.
Acho que ele era apaixonado por umas três mamães,
ou mais,
ou todas.
Esperei um não.
Esperei um pare.
Ninguém era páreo
para um rei.
Tirei.
Se eu tivesse que fugir,
eu nunca teria ido.
Estaria de corpo lá,
e alma cá.
Com o despeito em si
e um pedido despido.
No fato de anteontem,
o eu de ontem
acerta em cheio.
Ele enxerga o buraco,
onde o eu de hoje
só vê o meio.
Todos os dias eu era colocado por horas numa sala fechada onde eu era obrigado a ficar quieto, parado, a me aguentar acordado, a segurar o pum, a me angustiar sozinho com as paixões, a limpar o nariz catarata na manga, respirar com a boca, sede, a segurar o xixi. De toda minha atenção, a professora tinha 10%. Eu olhava pra ela e me chorava em silêncio. Perdido e ciscando palavras, nunca entendia o que os adultos estavam dizendo.
Haja viagem que viaja em si,
essas eu viví.
Vi a parede enredar a aranha
e a pele respirar o ar manhã.
