Autores Infantis

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Conselhos não são para a gente seguir. Conselhos são para a gente pensar.

Ziraldo
Menino Maluquinho: o livro do não. São Paulo: Melhoramentos, 2014.

⁠Ninguém nunca está satisfeito no lugar onde se encontra.Somente as crianças sabem o que procuram...

A Rã e o Boi

Tomavam sol à beira de um brejo uma rã e uma saracura. Nisto chegou um boi, que vinha para o bebedouro:
- Quer ver-disse a rã-como fico do tamanho deste animal?
- Impossível rãzinha. Cada qual como Deus o fez.
- Pois olhe lá!-retorquiu a rã estufando-se toda-Não estou "quase" igual a ele?
- Capaz! Falta muito amiga.
A rã estufou-se mais um bocado.
- E agora?
- Longe ainda...
A rã fez um novo esforço.
- E agora?
- Que esperança...
A rã, concentrando todas as forças, engoliu mais ar e foi-se estufando, estufando, até que, PLAF!, rebentou como um balãozinho de plástico.
O boi, que tinha acabado de beber, lançou um olhar de filósofo sobre a rã moribunda e disse:
(Moral) - Quem nasce para 10 réis não chega a vintém.

A perfeição consegue-se não quando já não há mais nada para acrescentar, mas sim quando já não resta nada para tirar.

Foi ele, e não outro, que me ensinou a morte e me obrigo, quando eu era moço, a olhar para ela cara a cara, porque nunca ele foi pessoa para baixar os olhos. O meu pai era da raça das águias.

Aquele que interroga, o que em primeiro lugar procura é o abismo.

Só estou disposto a salvar aquele que aceita ordenar-se em volta do pátio interior, da mesma feição que o cedro se edifica em volta da sua semente, e fica a dever o desenvolvimento aos seus próprios limites. Estou disposto a salvar aquela que, em vez de amar a primavera, ama a ordem desta ou daquela flor em que a primavera se encerrou; que não ama o amor, mas sim este ou aquele rosto particular que contraiu o amor.

Estou farto de ter medo de que arruínem a minha obra aqueles que eu não consigo cobrir. Sei que eles ameaçam os outros e conheço os discutíveis benefícios da minha verdade provisória, mas nem por isso ignoro que eles são nobres e portadores de verdades.

Não podes ensinar-me uma verdade que domine todas as verdades particulares deles e as acolha todas no seu seio? Se, destas ervas que se devoram umas às outras, eu fizer uma árvore que uma alma única anime, então este ramo aproveitará da prosperidade do outro ramo e toda a árvore será apenas colaboração encantadora e expansão ao sol.

Ninguém te sacudiu pelos ombros quando ainda era tempo. Agora, a argila de que és feitos já secou e endureceu e nada mais poderá despertar em ti o místico adormecido ou o poeta ou o astrônomo que talvez te habitassem.

Não pedimos para sermos eternos, mas apenas para não ver os atos e as coisas perderem subitamente o seu sentido.

há pessoas que se esqueceram de como é importante criar laços...

Mesmo que se solte uma lágrima de saudade num momento seguinte...

Um laço que nasce , enlaça, abraça, cresce, ama, vive...

Não se desfazem laços quando foram vividos de verdade.

Por vezes soltam-se as pontas mas fica sempre o nó que devemos guardar em nós como um tesouro, apesar da mágoa...

De diferentes laços que criamos todos nos completam , fazendo-nos sentir e ser...

Olhar o céu, ver um sorriso na estrela mais brilhante, é como lembrar uma enchente de maré.
A ligação entre o céu, a terra e o mar.

Quem tem a capacidade de sonhar não foge do real mas complementa-o de uma forma diferente .

Um só campo existe aberto, hoje, para as obras esculturais de algum vulto: o cemitério.

O major trazia sobre si o peso de 60 janeiros.

...
- Papai, por que que o dinheiro que você ganha não chega?
- É pouco.
- Por que que é pouco?
- Porque o patrão paga pouco.
- Então por que que vocês não pedem mais ao patrão?
- O patrão despede a gente e gente fica sem pão.
- Por que que o patrão despede?
- Porque ele é o dono das fábricas, porque ele é o dono das máquinas.
- Papai, por que que vocês não fazem também com ele o mesmo que nós fizemos com o Juca?
- Quem é o Juca?
- Juca era o dono da bola.
- Que foi que vocês fizeram?
- Tomamos a bola dele.
...

Quem pensa que Deus é brasileiro pode estar certo: ele se mudou.

É que ainda não acertamos um meio de vida que faça as invenções beneficiarem a todas as criaturas igualmente. E a maior das invenções humanas vai ser essa: um sistema social em que todos tenham de tudo.

A porcentagem dos inventores, pintores, músicos e artistas de outros tipos é mínima. Em cada cem homens haverá um desse gênero, de modo que ele tem sempre contra si os noventa e nove restantes.

E foi aí que
todo mundo descobriu
que ele
não tinha sido
um
menino
maluquinho
ele tinha sido era um menino feliz!

Ziraldo
O Menino Maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, 1980.

Não seja um cara que não sabe perder. (Pena que não exista curso pra isso.)

Ziraldo
Menino Maluquinho: o livro do não. São Paulo: Melhoramentos, 2014.