Vitório
A leitura te faz pensar duas , três, ou até um milhão de vezes . Mas, basta você acreditar que pode se tornar uma pessoa melhor a cada página que lê.
A Contabilidade para os 50+
Durante muitos anos a grande preocupação das pessoas eram envelhecer e não ter espaço no mundo do trabalho para elas. A temática sempre era um velho clichê: “cedo demais para aposentar e velho demais para trabalhar”. O medo era uma constante, ser demitido por não trazer frescor jovial, um verdadeiro pesadelo. A idade sempre foi um divisor de águas no mundo dos negócios, eram os mais velhos que assumiam cargos de liderança e que chefiavam a maioria das empresas ou estavam sentados nas melhores cadeiras da política ou sociedade, enquanto isso, a classe trabalhadora pobre, sofria com os preconceitos das idades. Nunca foi novidade para ninguém que para os cargos de representatividade sempre eram escolhidos as pessoas que tinham os melhores “QIs” e para as vagas de secretária, as melhores aparências, para cargos de baixa complexidade, a seleção era feita de acordo com as percepções de cada gestor e se houvesse uma possibilidade de ascensão de cargo, ficaria com aquele que puxasse mais saco da chefia imediata. Quase não havia meritocracia. Raros cargos possuíam no seu staff preto na liderança, era uma triste realidade. Mas, os tempos são outros, agora considera a inteligência, proatividade e conhecimento a alavanca para que o crescimento profissional se faça valer de verdade. A importância dos valores e do respeito implantado nas empresas, o advento do “Compliance”, métodos de humanização das formas de tratamentos aos colaboradores e a valorização do capital intelectual, foram imprescindíveis para que o racismo, o xenofobismo e os constantes assédios morais fossem amenizados nos escritórios e empresas em todo o mundo. Não significa que foi erradicado, mas que foi introduzido uma nova roupagem de tratamento aos colaboradores, dando voz e valorizando a cultura das empresas, colocando em xeque a missão, visão e valores que fazem a empresa ser respeitada no mundo corporativo. Assim, entra a nossa temática, os 50+, classe que carrega uma carga de experiência e são melhores preparados para as adversidades, pois este conjunto de pessoas, tiveram ao longo de sua vida profissional, revezes incríveis de mudanças estruturais nas empresas em que prestaram serviços, durante muito tempo, as empresas viraram as costas para estes profissionais que segundo, alguns empresários, são aqueles profissionais que tem mania de saber tudo e são reticentes e indiferentes às mudanças. A contabilidade, como exemplo de transformações ao longo dos anos, provou que é importante ter um profissional mais qualificado por perto nas tarefas do dia a dia. Não adianta contratar pessoas com “sangue nos olhos” e zero bagagens. Os profissionais “seniores” são capacitados e conhecem bem a área que sempre trabalhou e não tem resistência em ensinar e passar para frente seus conhecimentos. Muitas empresas tem preferido contratar pessoas com idade avançada que profissionais recém formados, dados as faltas de conhecimento ou mesmo a falta de comprometimento, jovens não gostam de completar suas tarefas por inteiro, na maioria das vezes, procrastinam suas tarefas por dias, enquanto os seniores tem a perfeita mania de realizar tudo tempestivamente, sem maiores urgências, dentro dos prazos e o empenho é dez vezes mais eficazes e eficiente, dado ao seu ritmo de desenvolver as tarefas, colocando cada tarefa em um tempo de realização especifico, planejamento, conclusão e entregas são impecáveis em si tratando das pessoas 50+. Não quero com isso, que os jovens não são compromissados ou ineficientes, quero dizer que a maioria não tem planejamento ou não entregam como deveriam suas tarefas. 70% das empresas que tem sucesso, tem no seu quadro funcionários que estão trabalhando lá desde a sua fundação, essas empresas sabem valorizar seus funcionários e isso os deixam familiarizados e confortáveis em trabalhar por vários anos nestas instituições. Empresas que abrem as portas sem intenção de modernizar atendimentos, dar cara nova ao mercado, com certeza estão fadadas ao fracasso, sempre é preciso ter em mente que uma boa carga de experiência dá um toque de sofisticação e requinte ao ambiente, além de confiabilidade. Investir em 50+ é dar uma nova chance ao mercado de aproveitar as pratas que ficaram perdidas nas gavetas do mundo corporativo. Esses profissionais tem uma enciclopédia dentro da cabeça, tem muito a contribuir e ensinar, são pessoas que viveram os tempos das vacas magras e gordas do mundo do trabalho, por terem nascidos nos anos 60,70,conheceram os períodos bons e ruins do universo das humilhações e sobreviveram para assistir as melhorias e merecem uma oportunidade de viver essa nova fase em que, as empresas cuidam dos colaboradores, dá estrutura para que possam viver com mais qualidade e assim, receber a tão sonhada aposentadoria com qualidade de vida.
Eu sou Cida Vitório e sim, sou 50+.
Senhor Clomb
Esse conto começa com uma cartinha de uma menina de 6 anos para o seu vizinho......
“Prezado Senhor Clomb, como o senhor está? Não é novidade que o senhor já sabe que a casa da direita é nossa, quer dizer da minha mãe e minha. Mas, o fato é que o senhor continua jogando entulho no quintal aqui da casa. O que tem na cabeça? O que pensa que está fazendo? Não sabe que a nossa casa é o nosso lar e é sagrado? Poderíamos jogar todos os lixos que temos, mais o que o senhor envia pra gente na sua casa. Mas, não vamos fazer isto. Não somos iguais. Toda a terça recolhemos os lixos e mandamos para a reciclagem levar e o resto para o caminhão de limpeza levar. Mas, fico aqui pensando, será que o senhor quer ajuda para descartar seu lixo? Não consegue, e é por isso que fica descartando seu lixo em minha casa. A minha mãe e eu moramos somente nós duas naquela casa e não temos outra pessoa para ajudar na limpeza da casa, por isso, pego todo o lixo e refaço o serviço, que o senhor nos dá extra para que não fique o entulho na nossa porta. Mas, eu pergunto, por que? Porque o senhor não gosta da gente? Precisa de algo? Posso ir na sua casa ajuda-lo com seu lixo uma vez por semana. Mas, ficar jogando lixo na minha casa, é um absurdo. Se quiser minha ajuda, posso ajudar. Posso e não vou cobrar nada do senhor. Minha mãe me ensinou que devemos amar o próximo e ajuda-lo. Embora, eu tenha 6 anos, como bem, brinco, ajudo em casa e ainda posso auxiliá-lo nas suas tarefas de casa”. O senhor Clomb, sem saber que dizer, nunca mais jogou lixo na casa da menininha, que tímida e doce cativou o coração de pedra do senhor Clomb. Depois desta carta, também o senhor Clomb escreveu uma cartinha para a menininha, que por sinal, se chama Olívia e estava escrito assim:
“Cara menininha, não há nenhum problema entre nós, poderia vir até a minha casa com sua mãe tomar um chá?”
Olívia, muito feliz pediu sua mãe para acompanha-la a casa do senhor Clomb e ela foi. Chegando lá, recebeu um belo sorriso, chá e bolachas. Senhor Clomb pediu desculpas por ter feito essas maldades com as duas e a partir daquele dia, ficaram bons amigos, até o dia do falecimento do senhor Clomb, que foi um dia muito triste.
Olivia, hoje está com 18 anos e olha altiva para a casa do lado e pensa como foi feliz com o vizinho. Boas recordações. Olívia não guarda mágoas, seu coração só tem espaço para coisas doces e alegres. Sua mãe a chama da cozinha e ela se vira e fala: --- já vou mamãe. E assim termina esse conto.
Cida Vitório,
Na vida, não cobre os outros e não permita ser cobrado. A vida é como um quadrado, ela tem seus limites, e dentro desses limites é você quem manda e faz o que quer. Ninguém poderá cobrá-lo dentro desses limites. Da mesma forma, você não deve cobrar ninguém, deixe as pessoas serem livres para fazerem o que sentirem em seus corações.
Na vida, poucas pessoas se importam verdadeiramente com você; a maioria está preocupada apenas com seus próprios problemas. Se alguém pensa em você, geralmente é por interesse. Portanto, concentre-se em buscar o que lhe traga mais conforto e em evoluir a cada dia. Em resumo, valorize-se mais.
Na vida, sempre haverá dor, todos os dias você precisará fazer coisas que não quer fazer, nessas situações, não as negue, aceite-as e supere-as. A vida trata-se de superá-las todos os dias.
Saia da sua zona de conforto. A nossa mente sempre tende a fugir das dificuldades e abraçar o caminho fácil. No entanto, o caminho fácil é uma ilusão; você caminhará até um lugar que não tem nada de valor. Escolha o caminho difícil, pois é nele que se encontram as coisas mais valiosas que a vida pode oferecer. O caminho difícil é doloroso e você terá que fazer coisas que não terá vontade alguma de fazer porque sua mente não quer. Nesse momento, inicia-se uma batalha: vença sua mente. Mesmo não querendo, faça.
Meus dias são como uma chuva triste, que cai em silêncio.
Não tem grito e nem soluços, apenas o sentimento.
Ando em busca de contentamento, mas o que tenho são as
nuvens no pensamento.
nasci no carnaval e por isso minha vida se tornou banal,
minha mente está sempre dando sinal, criatura estanha essa
cida, que ora chora, ora sorri, mas sempre consegue viver simplesmente
em busca da sua origem e semente.
sou como areia que escorrega das mãos, sou como água de torneira, como pingos de chuva fina, não pertenço a este mundo, mas este mundo me pertence, quando você pensa que me domina, eu saio à francesa e desapareço entre as fumaças da vida. Sou um fantasma nas vidas das pessoas, entro e não fico muito tempo, tenho medo das partidas, por isso, saio primeiro. Não tente conhecer uma pessoa pelo seu agir, ela pode interpretar um papel, tente decifrar pelos sorrisos espontâneos, pois não há nada mais inocente e verdadeiro que os sorrisos de alguém, as falas são pensadas, mas o riso é de graça.
Se eu pudesse......
Se eu pudesse eu viajaria no tempo.
E nesta viagem, queria ver o real acontecimento do meu nascimento,
queria entender as escolhas feitas sobre minha nada fácil infância e .....
se eu pudesse queria entender porque tem mães que não amam seus filhos.
Se eu pudesse queria mudar a minha história, queria sentar no colo de minha mamãe e ouvir canções de ninar, queria festas de aniversários todos os anos, nem que fosse somente um beijo.
Se eu pudesse......
Queria ter tido um lar só meu com papai e mamãe e queria sentir o carinho dos sorrisos numa mesa.
Ah! Se eu pudesse.....
Queria respostas, porquê o abandono? Porquê fui mandada embora dos seus braços, mãe?
Passei uma vida sem entender.
Você não existe mais e se eu pudesse, perguntaria. Se eu pudesse......
SOMOS SERVOS INÚTEIS
Lc 17, 7-10
O discípulo do Reino comporta-se, na comunidade, como um servidor. Tudo quanto faz prima pela gratuidade. Não se poupa, em se tratando de ser útil aos irmãos, pelo fato de servir por vocação. E faz tudo quanto está a seu alcance, sem optar pelo serviço que lhe é mais cômodo. Também se recusa a fazer exigências.
Rompe com o projeto do Reino, o discípulo que se deixa contaminar pelo espírito farisaico e serve aos outros com segundas intenções. Serve para ser visto e louvado, para poder exigir de Deus a salvação, para fazer penitência pelos próprios pecados, para pagar alguma promessa. Todas essas são motivações que desmerecem o serviço realizado.
A correta compreensão do serviço cristão decorre do tipo de relacionamento do discípulo com Jesus. O servidor cristão sabe que seu Senhor olha para além das aparências; que concede a salvação movido por misericórdia, e que é inútil pretender apresentar-se diante dele com o título de justo. O Mestre recusa-se a estabelecer relações comerciais com seus discípulos, na base do dar e receber. Não impõe a ninguém um serviço para castigá-lo ou levá-lo a penitenciar-se, e sim, como sinal de superação do próprio egoísmo e demonstração da capacidade de fazer-se solidário.
Quando o discípulo serve, movido por este espírito, tem consciência de estar fazendo o que lhe compete. E não passa de um servo inútil.
EVITAR OS ESCÂNDALOS
Lucas 17, 1-6
O relacionamento, no interior da comunidade cristã, deve ser de fraternidade e de respeito mútuos. Contudo, as pessoas que estão dando os primeiros passos na fé merecem atenção especial. Não devem ser tratadas com intolerância e impaciência por quem se considera firme e maduro na sua adesão a Jesus. Esse tratamento poderia levá-las ao desespero, acabando por abandonarem sua caminhada de fé. A isso chamamos de escândalo. E Jesus advertiu seus discípulos a evitá-lo.
A ofensa feita a uma pessoa fraca na fé atinge o próprio Deus. Daí o castigo terrível que Jesus sugeriu para quem escandalizar um pequenino. É Deus o primeiro interessado em que alguém se converta ao Reino anunciado por Jesus, e se esforce por adequar sua vida a esse mesmo Reino. Porque conhece a fraqueza humana, o Pai sabe que ninguém é capaz de atingir a maturidade da fé, da noite para o dia. O processo é lento e penoso, feito de altos e baixos. Ele acompanha, com carinho e paciência, cada discípulo do Reino que se esforça para crescer na fé.
Deus não suporta que alguém se intrometa e ponha a perder a obra de sua graça. E o escândalo, em última análise, consiste em desfazer a obra de Deus, no coração das pessoas. Portanto, é obrigação da comunidade colaborar para que os pequeninos, apesar de suas quedas, sigam adiante, fazendo amadurecer sempre mais a própria fé.
O DIA DO FILHO DO HOMEM
Lucas 17, 26-37
Muitos cristãos da comunidade primitiva, não vendo realizar-se sua esperança do fim do mundo, corriam o risco de levar uma vida acomodada e monótona, como se tivessem perdido o sentido de viver. Foi necessário chamar-lhes a atenção para o risco desta atitude inconsiderada e pessimista. O alerta visava não deixá-los esmorecer na caridade, e manter assim, viva a chama da esperança.
Os discípulos de Jesus não deveriam ser tomados de surpresa, como havia acontecido com o povo por ocasião do dilúvio. Sua vida despreocupada, centrada nos prazeres, dispensava Deus e seus apelos de conversão. Esse povo preferiu levar uma vida de impiedade, indo de pecado em pecado, como se o seu futuro já estivesse garantido.
Bem outra foi a situação do justo Noé, temente a Deus e submisso à sua vontade. Ele foi salvo por não ter se deixado corromper pelo pecado que grassava na sociedade, mantendo-se fiel a Deus e não se desviando pelo caminho do mal.
O cristão, realmente preocupado com a volta do Senhor, não se acomoda. Embora veja a fé de muita gente arrefecer, persevera na prática do amor e da misericórdia. É a forma de conservar sua vida, como Jesus recomendou.
30 de novembro de 2012
Mateus 4,18-22
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
4 18 Jesus, caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19 E disse-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”.
20 Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.
21 Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os,
22 e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
//COMPANHEIROS NA MISSÃO
O chamado de Jesus deu uma guinada vida de um grupo de pescadores do Mar da Galiléia. O Mestre os queria como companheiros na missão, para fazer deles pescadores de homens. O seguimento exigia várias rupturas. A mais imediata consistiu em “deixar as redes e o barco”, seus instrumentos de trabalho, para assumir um tipo novo de atividade. A segunda diz respeito ao mundo familiar: os filhos “deixam o seu pai”. Como conseqüência, devem deixar sua terra e suas tradições para se colocar a serviço de um projeto de alcance universal.
A metáfora da pescaria sublinha aspectos importantes do exercício da missão. Enquanto pescadores de homens, deverão ser pacientes e perseverantes, quando os resultado do trabalho não corresponder ao esforço empregado. Deverão enfrentar, sem medo, as tempestades e as adversidades, quando no horizonte da missão despontar perseguição e morte. Deverão estar sempre dispostos para o trabalho, alimentados por uma forte dose de otimismo e de alegria. Sobretudo, deverão ser movidos pela esperança de, apesar das adversidades, ver seu trabalho reconhecido pelo Pai.
A decisão de deixar tudo associava, definitivamente, os discípulos ao Mestre Jesus. Como o Mestre, estariam a serviço da implantação do Reino de Deus na história, esperando contemplar a vitória do bem, da verdade, da justiça, do perdão, da igualdade e do respeito por todos, sem distinção. Este foi o projeto de vida levado a cabo por Jesus, embora sua caminhada se concluísse com a morte de cruz. Por esse caminho, seguem também seus companheiros.//
Comentário do Evangelho
Lucas e Mateus, começando seus evangelhos com a narrativa do nascimento de Jesus na cidade de Belém, vinculada à memória de Davi, têm a intenção de atribuir a Jesus uma origem davídica. Nos evangelhos de Marcos e de João não há referências ao nascimento em Belém. Lucas destaca as condições de despojamento e pobreza neste nascimento. Enquanto Mateus narra a visita dos magos do oriente trazendo ricos presentes, Lucas narra a visita dos humildes pastores em vigília dos rebanhos de seus patrões. Lucas é o evangelista dos pobres amados por Deus. Em um mundo marcado pelas injustiças dos poderosos, o povo oprimido vislumbra a libertação e a vida plena
OS FALSOS PROFETAS
A simples pertença à comunidade cristã não é suficiente para garantir a credibilidade do discípulo. Existem pessoas que se apresentam exteriormente como cristãs e, na realidade, nada têm a ver com o projeto do Reino. Jesus as chamou de falsos profetas. São cristãs apenas na aparência. Mesmo assim, são capazes de enganar a muitos e desviá-los do caminho traçado por Jesus. É necessário acautelar-se!
A pista para reconhecê-las e desmascará-las foi oferecida pelo próprio Jesus. Ela consiste em verificar como tais indivíduos se comportam. Os falsos profetas tendem a desvincular sua vida daquilo que pregam. Ensinam uma coisa e fazem outra muito distinta. Pregam o amor e a misericórdia, mas são egoístas e impiedosos. Exigem o perdão e a reconciliação, porém nutrem o ódio no coração e criam divisão na comunidade. Anunciam o absoluto de Deus e seu Reino e, contudo, são apegados aos bens deste mundo e cultivam uma forma escondida de idolatria. A vida dos falsos profetas é feita de hipocrisia.
A parábola da árvore boa e da árvore má é ilustrativa do verdadeiro e do falso profetismo cristão. Se o profeta é, de fato, autêntico, sua vida será expressão dos valores do Reino postos em prática. Já a falsidade do profeta será perceptível no seu modo incorreto de viver. Por conseguinte, é no projeto de vida que se reconhece quem é discípulo do Reino.
O POUCO QUE É MUITO (Mc 12,38-44)
As aparências não influenciavam o juízo que Jesus fazia das pessoas, porque seu olhar penetrava no íntimo delas. Por esse motivo, não lhe era difícil perceber a motivação profunda de suas ações.
Os mestres da Lei, por exemplo, não o enganavam. Prevalecendo-se da estima que gozavam do povo, tornavam-se vaidosos e inescrupulosos. Sentiam prazer em ser reconhecidos como pessoas altamente consideradas. Sendo assim, abusavam da boa fé e da hospitalidade das pobres viúvas, passando longas horas de oração na casa delas, só para comer do bom e do melhor. Portanto, tornavam-se operadores de injustiça e dignos da mais severa condenação.
A generosidade dos ricos também não enganava Jesus. Com prazer jogavam consideráveis esmolas no tesouro do templo, para serem vistos e louvados pelos presentes. Tal esmola, porém, embora valiosa em termos monetários, não tinha valor para Deus.
Bem outra era a situação da pobre viúva que, tendo oferecido apenas algumas moedinhas, fez um gesto altamente agradável a Deus, porque marcado pela simplicidade e pela discrição. Talvez, só Jesus a tenha observado. A viúva não ofereceu do seu supérfluo. Antes, abriu mão do que lhe era necessário, para fazer um gesto agradável a Deus. Por isso, seu pouco tornou-se muito aos olhos de Jesus.
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
SENTIMENTO DE GRATIDÃO
Lucas 17, 11-19
O reconhecimento e a gratidão são sentimentos nobres de quem sabe acolher como dom os benefícios recebidos de Deus. Apesar de serem tantas as pessoas beneficiadas por seus milagres, Jesus estava atento para este aspecto. Não lhe passava despercebida a reação de quem se via curado por obra de seu amor misericordioso.
Por ocasião da cura de dez leprosos, só um teve a gentileza de voltar para agradecer a Jesus. E era um samaritano, portanto, um estrangeiro, na mentalidade dos judeus. A gratidão brotou de um excluído e desprezado como pagão. Só ele foi capaz de glorificar a Deus, cujo Reino se fez presente em sua vida pela ação de Jesus. O gesto de adoração do samaritano, prostrado com o rosto em terra, aos pés do Mestre, demonstrou a consolidação de sua fé naquele, a quem recorrera com tanta confiança. E foi salvo pela fé.
O que se passou com os outros nove curados? Por que não voltaram para agradecer o dom da cura, que lhes permitiu reconquistar o direito de cidadania? Talvez, se tivessem esquecido de que haviam recebido um dom totalmente gratuito, ou pensassem que Jesus havia feito simplesmente sua obrigação. Logo, não era necessário voltar para agradecer-lhe.
É a ingratidão de quem, sendo agraciado com os benefícios divinos, permanece fechado aos apelos do Reino de Deus.
O REINO ESTÁ ENTRE VÓS
Lucas 17, 20-25
No tempo de Jesus, havia uma verdadeira febre de fim de mundo. Discutia-se, com vivo interesse, a questão de quando o Reino de Deus haveria de chegar. A dominação romana, na Palestina, fazia crescer ainda mais o desejo de tempos novos, sem opressão e perseguição, onde a vida do povo fosse regida somente por Deus. A festa da Páscoa era uma ocasião excelente para fazer reacender a esperança de libertação.
Jesus recusou-se, de maneira taxativa, a deixar-se levar por estas correntes escatológicas que queriam submeter o Reino de Deus a seus programas, descurando a verdadeira ação de Deus na história humana. O apelo de Jesus orientou-se para a responsabilidade humana de preparar-se, com toda liberdade e seriedade, para o encontro com o Senhor. Isso não se faz correndo, de cá para lá, em busca de fatos extraordinários ou de figuras messiânicas, identificando-os como sinais premonitórios da consumação do Reino.
Tudo isto se tornava desnecessário, porque o Reino já tinha despontado no meio do povo, na pessoa de Jesus, o Filho do Homem. Observando as palavras e gestos de Jesus era possível confrontar-se com uma história humana onde Deus exercia o senhorio absoluto. E todo aquele que tivesse a coragem de deixá-lo ser o Senhor de sua vida, tornar-se-ia a personificação do Reino, como Jesus.
