Victor Hugo

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Que volúpia não é sentir-se sinceramente abominável.

Há certas descidas ao fundo do abismo que retiram um homem do meio dos vivos.

O olho do homem é feito de modo que se lhe vê por ele a virtude. A nossa pupila diz que quantidade de homens há dentro de nós.

Quem ama quer, e aquele que quer relampeja e cintila.

A perda das forças não esgota a vontade. Crer é apenas a segunda potência; a primeira é querer, as montanhas proverbiais que a fé transporta nada valem ao lado do que a vontade produz.

É hora da tempestade. O mar espera silencioso.

As quimeras nele e sobre ele, a nuvem noturna, cheia de faces confusas, atravessava-lhe o cérebro.

As suas reflexões não eram pensamentos, o seu sono não era repouso. De dia não era um homem, de noite não era um homem adormecido.

O pesadelo era o descanso do desespero. Passava noites a sonhar e os dias a cismar.

É esse o efeito das existências esvaziadas, a vida é a viagem, a idéia é o itinerário. Sem itinerário, pára-se. Perdido o alvo, morre a força.

Só os grandes espíritos resistem. E ainda assim...

Mas a sua alegria apagava-se dia-a-dia, e cobria-se de poeira, como a asa de uma borboleta que um alfinete atravessou.

O pesar é nuvem e muda de forma.

Aceita-se a massa do infortúnio, a poeira não.

A lua batia nas árvores, algumas nuvens erravam por entre as estrelas pálidas, o mar falava às coisas da sombra, a meia voz, a cidade dormia, do horizonte subia uma neblina, a melancolia era profunda.

Ela abaixou a fronte, como se o rosto na sombra pusesse na sombra o pensamento.

Não pode pensar quem está em êxtase, como não pode nadar quem está numa torrente.

Ser é fato, não ser é o direito.

O homem, carnívoro, também é coveiro. A nossa existência é feita de morte. Tal é a lei terrífica. Somos sepulcro.

Vivamos, seja.
Mas façamos com que a morte nos seja progresso. Aspiremos aos mundos menos tenebrosos. Sigamos a consciência que nos leva para lá.

Mas Gilliat vigiava. Espreitado, espreitava.

Desejo que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a desejar.

Myriel teve que resignar-se à sorte de todas as pessoas que chegam a uma cidade pequena, onde é maior o número de bocas que falam do que cabeças que pensam.

A verdade é como o Sol. Ela permite-nos ver tudo, mas não deixa que a olhemos.

O que falta às pessoas não é força, e sim vontade.