Tânia Mara Camargo

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CANDIDATA PRA CASÁ
(Tânia Mara Camargo)

Vóis suncê casa com eu?
Tenho dote de moça prendada,
Sei lavá, cozinhá, bordá,
Só num aprendi amá.

Debuio o mio, faço pamonha,
Curá e o cê precisa prová o
Meu mingá.

Sô assiada, limpinha mesmo,
As veiz cato carrapato pelas
Pernas, mais sô virge.

Sô muié da roça, pego na inxada,
Sei capiná, só num sei pegá lá.

Óia to precisando di marido,
To ficando veia,
A vizinhãça ta dizendu que vô
Ficá pra tia.
Casa com eu vá!

Cê vai sê o homem mai feliz da
Redondeza, osotro vão tê inveja.
Num precisa nem botá cabresto,
Sô potranca dereita,
Num sô dessas oferecida que usa
Saia no pescoço.

Óia moço, responde logo,
To loca pra casá
E já tenho Enxová.

(meu presente para o Poeta Caipirinha)
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Tânia Mara Camargo. 1997 – Livro – Vôo de Abiã Participação em Antologias Editora Scortecci 1997 – Volumes IV e V 1998 – Volume VI Antologias para Bienal 1998 – 15ª.Bienal do Livro/SP 2006 – 19ª.Bienal do Livro/SP 2006 – 2.Prêmio Ebrahim Ramadan Poesias Brasileiras

Inserida por anaferreira

PRA CANDIDATA QUE QUÉ CASÁ

Recebi o recado de vóis micê, o Zé dos correio veio intregá
Caboca oferecida ocê né? Mais fiquemo interessado na sinhá
Antão vim se expricá direitinho o que tenho pra vois micê dizê:

Muié prendada, na minha tapera tem lugá
Os principá vois micê já sabe fazê
To pricisado de uma caboca das boa pra lavá, passá, cozinhá e bordá
Mas que saiba também muntá

Vois micê num sabe cumo é amá?
Mais cum eu vai aprendê e ter seu primero home, vois mecê vai gostá
Desse ABC tenho tudo pra ensiná a gente cumeça logo pelus beabá.

Vancê é mulé que procuru, pra modi com eu casá, sabe tudo das cozinha
E olha, sinhá, sou doido por mingá
E do seu quero prová inté se acabá

Vois mecê num se preocurpe, os carrapato ajudo a catá
Mas nun fique pensano que virge ocê vai continuá
Antes de ocê mais eu se casá, vou logo exprementá
Pra modi se podê se a comprová
Se num sujá os pano, pra cidade vai vortá

Bão sabê que vois micê é mulé das roça
No meio do milhará, nois se para pra descançá, dispois de capiná
Antão vou te ensiná, o jeito de certo de pegá lá
Nos cabo da inxada que eu tenho pra ti dá
Se sabe os mio debuiá, já tem como cumeçá

Nun vou deixá vois micê virá tia
Nem ninguém vais mais falá
O povo aqui tudo me cunhece
Sou bom de briga e de prosa
Mais se mexe cuns gado meu
Se arresorvo nas ispingarda, nos canivetes
E a dispois mando umas rosa

Gosto de mulé brejêra, cabrocha cherosa e matrêra
De dia e fora das portêra
Nas noite quero uma potranca braba e arisca
Sorta e sem cabresto pra amuntá e se amuntada
Amá e se amada por toda as madrugada

Óia caboca exibida, vois micê já tem minhas resposta
Vou mandá na cidade ti buscá
E antão nois vai se ajuntá e se casá
Mas vê se num esquece os enxová
Pruque se num trazê, te devorvo pro seu lugá

E só pra vois micê se alembrá
Se num me dá as assistênça
Fica escancarada as concorrênça
Proque tem uma cabrocha do Praneta
Nas lista das pretensão

Bão! Já tem minhas resposta.

Inserida por anaferreira

APREPARANO O CASÓRIO PELA SINHÁ
(Tânia Mara Camargo)

Óia meu noivo, nóis já tamo mais Intimu,
Entonces vim dizê pro ce qui
Tô apreparano u casório.

Tô fazendu uma (CPI) das coisa
Que vô levá.

Tem cá um porco gordo,
Que gosta das verdinha,
Ele usa cueca pra modi
Guarda as notinhas.

Tem um galinho ganizé,
Bão, é brabu como o quê.
Só vendo mesmo,
É miudinho qui nem u
Salário mínimo.

Tem um burro que odeia
Manifestação púbrica,
Num pode falá nada
Que ele dá cada patada.

Ce já cato corrupto na praia?
Aqui na roça tem de monte,
Num pricisa i no mar não,
Adepois explico mio.

Bão, to catando tudo o
Que me apertence.
To dispidindo dos parente.

Num esquece:
Ce vai tê qui mi declará
No impostu de renda.
Porque sinão além dos
Bichos que vô levá,
O leão vai te visitá.

Inté.
Porque beijo e chamegu
Só adepois do casório.

Inserida por anaferreira

APREPARANO O CASÓRIO DO CAIPIRINHA

Me adiscurpe minha sinhá
Mais num tamo intimu ainda não
Farta por as prova de se virgê
Pra vois micê mais eu se casá

Mais como nois ta nas época
De colhê as prantação
Vô isperá pro méis que veim
Pra modi buscá a sinhá

Sô home disconfiado
Mais na sinhá me vô acreditá
Pode se ajunta os pano
Os chêro e os sabonete
Que vô buscá ocê pra casá

Inté já se acombinei
Cas orquestra aqui da roça
Já tudo se ensaianô
A ave Maria dos sertão
Pra modi cumemorá nossa união

Minha sinhá! A mais linda de meu lugá
Num precisa trazê tanta tranquêra
Que aqui num tem lugá
Teixa esses treim aí
Já me abasta o que tem aqui!

Nois mandamo um porco gordinho
De vorta pro seu lugá
Pois era irmão dunzinho que tinha lá
E aqui dava de estragá os otro
De cueca é ansim que o tar se aveste
Vortô pra sua terra, genuíno dos nordeste

Os garnizé pode trazê
Os daqui são tudo iguá
Parece memo o saláro mínimo
Que ninguém se agüenta
Agora já se armentô
Pulô pra trezento e oitenta

Os burrinho daqui são tudo educado
Cada um sabe onde é seu lugá
É mio dexâ esse aí tamém
Se não quano chegá aqui
Vai se acandidatá a sê dono do currá
Pió que se podi inté de ganhá!
O os treim num vai prestá!

Dos corrupto, Sinhá é melhó se ispricá
Vô tá esperano, essa história me contá
Oia, sinhá! Vois micê pode esperá
Seus pertenci e as tranquêra separá
Se adespede dos seus parenti
Mais tem logo que se avisá
Seus parenti fica tudo lá
Aqui num é prefeitura municipá

Num se apreocurpe
De vois micê vô cuidá
E se adecrará que nois vai se amá

Num se apreocurpe
Cuns imposto nem cuns leão
Desse riscado nois intendi
Sô caçado dos bão!

Inté, sinhá!
Dispois iscrevo pra falá das orquestra
Pros dia da nossa festa
Aqui tá tudo animado
Pra modi esperá a chegada da sinhá

To pensano na hora dos bejo e dos chamegu
A sinhá não vai se tê sussêgo!

Inserida por anaferreira

O VISTIDU DE NOVIA DA SINHÁ
Arranjandu o casório
(Tânia Mara Camargo)


Óia o vistidu já provei,
Mai u noivu num podi
Vê, dá azá.

U ternu pro ce já
Incumendei,
Um tar de Armani
É qui vai fazê.
Ce vai ficá bunito
Pra fotografá.

Minha ropa é lá
Da rua São Caetano
Di São Paulo, capitã.
Mai o sapato é di grifi,
É chiqui,
Num sei escrevê dereito
É Czarina ligítima.

Ce num sabi qui qui é
Grifi ?

A madinha Tânia Voigt
Qui mi insinô.
Dissi qui é coisa da arta
Roda.
Num sei desta coisa,
Só intendu di roda
Caipira i roda di
Carroça.

Nóis vá tê cunvidadu
Importanti,
Dexei cum ela
Inté a preparação
Dos cunvite.

Nóis num pode fazê feio,
Porque vai ta lá
Inté o prefeitu.

Inserida por anaferreira

ARRANJÂNU O CASÓRIU

Sinhá!
Pra modi nun dá azá e o casório dá pra trais, pedi a sinhá Genaura que sua carta ditasse.

O vistido num quero vê. O azá é pra valê
O ternu num tem a precisão. O cumpadri Zé das Linhas já se aprometeu de presentiá. Antão ocê se adiscurpe podi disincumendá.

Os retrato é coisa mais moderna, é maquina digitá?
Aqui só tem lambe-lambe e aqueles de estorá.

Ihhh! O tempo fechô tá Armani o maió temporá.

São Caetano e Sumpaulo nois vimo na parabólica, empataro jogano bola e nem pudia. Mais num sabia que de vestido eles intendia.

Cezarina é o nome do fio do Cumpadi Lesbão, que morreu de disgosto adispois do filho virá frô.

Uai! Quem foi que disse que num sei o que é grifi .. e as chave que nois usa pra modi apertá os canu de água.

E coisa de arta roda aqui é tratô. Tem cada bruto que só veno como eles são grande.

Sinhá, só pra se alembrá se acaso trazê arguma coisa de usá as força de luz. Aqui é tudo 220 Voigts.

Uái! Ocê convido o prefeito?
O povo aqui num gosta dele! Nois votamo tudo nele e inté hoje num cumpriu as promessa.
Antão vô convidá o delegado e os puliça.

Ê festão!

Sinhá! Amo ocê!

Inserida por anaferreira

SONHANDU CUM AS FESTA
(Tânia Mara Camargo)


Pensandu cá cum meus butão,
To imaginandu nossa festa.

Os bichu im orquestra,
Fror pra tudu ladu,
Pra adisfarçá o fedô
Du istercu de vaca.

O pessoá du praneta,
Inté o Clésio vai ta lá
Pra morde fotografá.
Vô ta vistida di brancu
I ele vai pô na capa da
Rivista das noiva.
Imagino, vô sê artista.

Só num vô pode abri a boca,
Sinão vão mangá deu.
Num sei falá bunitu qui
Nem os poeta.

Comadi Genaura vai ta lá,
Pra morde fazê sigurança,
Cabra safado ela bota pra fora.

E a Grobo vai fazê a cobertura.
O Willia i a Fátima, o casá vinti,
Vão fazê a reportage.

Dexe de bobage.
Nóis é celebridade,
Ô palavra cumprida.

Fica preocupado não,
Nóis é chiqui.
Vô ficá meiu atontada cum
Os arranjus, esperandu
Os finarmente i comu diz
A comadi Verônica,
Inolvidable!
Credo sei dissu não,
Mai achei taum lindo
I chiqui tamém.

Inté

Tô cum vuntade di iscreve outras coisa, mai
tô cum vergonha.

Inserida por anaferreira

TÔ ANIMADO CAS FESTA

Sinhá!
To animado pra modi sê seu marido
Já tá quase tudo prontu pro acotecido

As orquestra tá insaiano no galinhêro.
Precisa vê os bichinho tudo nos pulêro!
I não se apreocurpe cuns fedô
Nem cuns mal chêro
Pra vaze adubu orgânico
Catêmo as bosta e us istercu

Ocê para de sê isibida
Pensano em sê artista
Capa de rivista só vistida
Num pode mostrá nem dicoti
Minha honra defendu cas morti

Sinhá, num esquece de passá
No cumpadri Antero Buticão
Se precisá abri a boca
Pelo menus os denti vão brilhá

Mas sinhá! Ocê sabe falá cada coisa!
Que inté fico se avermelhado tudo
E os trein fica quereno se mostrá
É melhó deixá pra lá ...

A delegada mais eu já se acertêrmo
Já dei minhas cordenada
A Grobo vai tá aqui?
E o casá vinte tamém?
Acho que vai tê confusão
A turma do Pânico tamém vem!

Antão vamu seguino cas arrumação
Esses palavriados da cidade num entendo muito não
Adispois vois mecê me ixprica?
Num encontrei nada no dicionário caipirêis

Sinhá!
Se tá cum vontade pode iscrevê
Num fique cum vergonha!
Nois vai sê marido e muié

Inté viu, sinhá!
Eu amo voismecê

Inserida por anaferreira

DISPIDIDA DA SINHÁ
(Tânia Mara Camargo)


Tô com o coração apertadu,
Vô deixá meu canto,
Meu rincão quirido,
Meu chão vermeio.

Di noite veju o céu
Estrelado, pareci
Tão pertu, mai
Tão pertu,
Qui a lua dá pra pegá.
Pareci doci de arroiz doci,
Bão de lambuzá.

As porteira aberta,
Isperandu o amo chegá.
I chego!
Tô formosa qui nem
Flô.

Mais o peitu dói
Ademais,
Num gostu de
Adespidida,
Eita firida duída.

Ocê já pode pega na mão
Inté!

Inserida por anaferreira

FUI BUSCÁ MINHA SINHÁ!

Não via a hora sinhá, pra modi de te encontrá.
Encontrei as portêra tudo aberta
Antão pudi entrá e conhecê o seu lugá.

As emoção batêro forte, o coração se adisparô,
Cumeço a pulá qui neim cabritinho novo, arisco,
Só pro modi vê ocê, formosa qui nem frô.

Seu lugá é uma beleza, um rincão muito quirido
Mais pra onde ocê vai, vai pra ganhá um marido
Que se apromete nunca deixá a sinhá com o coração firido

Oia, Sinhá!
Se aprometo ti dá minha pobri vida minha
Pra modi ocê se alegrá.
Ocê vai ser a muié, mais filiz
De tudo quanto é lugá

Tudo se aprometu nas suas mão intregrá,
Se a lua nas noite se iscondê,
Prometu que vou atrais dela com meu laçu
E trago ela pra ocê.

Vamo, sinhá! Deixa eu cuidá de ocê
Se as sodade do seu rincão apertá
Nois vai nele passeá pra sodade matá.

Dexa, sinhá! Eu cuido da sua firida duída
Sopro e ti intrego uma frô
Pra modi demonstrá o meu amô!

Inserida por anaferreira

DECRARAÇÃO DI AMÔ
(Tânia Mara Camargo)


JOCA, taum pouco lhi cunheço
I já to aderretida.
Pareçu uma muriçoca
Abestada cum teu briu.

Tô noivando cum ocê
Pela tar de internete,
I já viramo grudi
Qui nem chicreti.

Homi, ce é taum faceru,
Qui nem sei si vô guentá
ti dá um cheru.

Andu ansiosa por dimais,
Ficu falando cum as paredi
I cum os animais.

Tão dizendú aqui qui paixonei
I qui pra esti mar num teim
Cura.
Si ocê num casá mais eu
Vô ficá cum duença di
Locura.
Pensô vaum mi botá num
Hospitá!
Num veju a hora di nóis casá,

Tamém aqui num teim relógiu
I eu num sei vê horáriu.
Num mi insinaru

Mais sei cuando o sol arriba
Dá uma dor nu istomagu,
É hora di jantá,
I cuando é cedu iscuto o galu
Cantá.

Num vô mi decrará por dimais,
Sinão ce vai achá qui num
sô moça pra casá.

Inté!

Inserida por anaferreira

SONHEI COM A SINHÁ!

Pur mais que eu pense
Que sinta e que se fale
Tem sempri arguma coisa pra dizê

Pur mais que os mundu dê vortas
Rudiando o Sol, vem a danada da lua
Si mi enloquecê

Nas noiti passada
Ocê veio mi vê, sinhá
Nas noiti passada
Sonhei cum ocê, sinhá

Ó Lua luada
Nu céu istampada
Dê licença que queru durmí
É pruquê to torceno pra na madrugada
Ela se arresorve aparecê

Nas noiti passada
Ocê veio mi vê, sinhá
Nas noiti passada
Sonhei cum ocê, sinhá

Ó minha sinhá
Que promessas me dá
De quando aqui chegá
Me amá pra valê

Eu vô ti esperá
Mais agora vô se adeitá
E se aprepará
Que ocê vai novamenti aparecê

Nas noiti passada
Ocê veio mi vê, sinhá
Nas noiti passada
Sonhei cum ocê, sinhá

Inté! Sonhandu com ocê todo dia!
Joca, seu poeta caipirinha, babano de amô!
E de sodade!

Inserida por anaferreira

BOAS NOITE, SINHÁ!

Boas noite sinhá, amô, boas noite
Druma pensano em ieu e isqueci as fofoca
Das cumadri das redondeza
Que ieu drumirei pensano em ocê tameim

Vô mandá procê o meu retrato
Se ocê quisé sonhá cum ieu
Ocê sonhará as noite intera
E ieu sonharei tameim

O que desejo é levá ocê pra capela
E nos pé dos artá ocê mais iei se casá
Uni as nossa vida e arrumá uns piá
Num liga pros falá do pessoá
Ta tudo cum inveja do nosso amô

Bão! Já tá tardi, preciso si imbora
Boas noite sinhá, amô, boas noite!

Inté, intão!
Beju nu coração

Inserida por anaferreira

SODADE DE OCÊ, MEU CAIPIRINHA
(Tânia Mara Camargo)

Tô cá preparanu um brodó
I iscutano a moda di Tunicu
E Tinocu.
Mai a minha vitrola é di
Pilia.
Tenhu um monti di elepê
Caipira.

Nóis num sabi qui qui é
200 voigts,
acá num teim Luiz, só
lampiaun.
As ropa é tudu passada
Nu ferru di brasa, dus
Carvaun qui sobra du fugaun.

Só tomo banhu di bacia, ´
É taum bão,
Tchecu, tchecu...
Cum água du poçu.

Sei das coisa bunita i di
Televisaun quandu a
Madinha Tânia mi leva
Lá na casa dela.
Tem tudinhu, ela é muderna.

Óia, ce vai tê qui mi insiná
A usá as máquina.
Vi o recrame das Casa Baia,
Lá só teim genti fina i cada
Treco isquisito,
Mai funciona.

Se ocê comprá essas coisa preu,
Vô virá madami.
Vai sobra tempu pra nóis vivê
Di chamegu.

Valei-me Santo Antonho,
Finarmente vô pô ocê di pé.
Tava cansadu de vivê di cabeça
Pra baixu né Santinhu!

Inserida por anaferreira

SOZINHU I SEM CARINHU

Ficu aqui nu meu sertâo
Sozinhu i sem carinhu
I guanu a noiti veim
Eu chóru baxim
Soluçanu cum as solidão

A lua quânu si achêga
Derramânu sua luiz
Si dismancha tudinha
Ao vê minhas tristeza
Qui nas noite inté reluiz

To aqui sozinhu
Nessi mundão
Oianu ao longi essa imensidão
Ah! Solidão qui martrata
Tantu esse solitáru coração

Intão, sinhá Mariquinha
Óie pra essi seu Caipirinha
Que fica ancim tão sozinhu
Esperanu por essa doci minina

Vô ti mandá meu retrato
Pra se vê se tudo dá certo
I ocê intão se arresórve
Casá mais ieu di uma vêiz

Inté, intão!
E fique logo boazinha!
Mariquinha du coração!

Inserida por anaferreira

REZA PRA SINHÁ MARIQUINHA

Nossa Sinhora du Sertão
Atendi minhas oração, Santinha!
Nois tudo tá cum sodade dela
Cure logo a sinhá Mariquinha

Santu Antônho
Padruêro das muié sortêra e incalhada
Trati di cunsertá logo a sinhá
Que só farta ela sará
Pra nois dois si casá

São Pedru e São Juão
Padruêro das festa junina e dus quentão
Vê se arruma logo a bichinha
Pra nois dançá quadrilha
E sortá balão

Nossa Sinhora dus Bom Zóios
Cuidi das vista da Mariquinha
Ela tem di ficá bão de logo
Pra modi as borbulêta pudê oiá
E pros iscrito do praneta cumentá

Ocês tudo, Santu e Santa!
Trati di iscurta meus pidido!
Oiá bem o que ocês faiz!
Quero se casá cum a Mariquinha
Tê duas minina
E treis rapaiz

Ocês tome tento! Vice!

Inté, intão!

Inserida por anaferreira

LEMBRANDU DA SINHÁ

Quanu ocê chegô, sinhá
Num sabia qui ia sê ancim
Tão di legerinhu, tomá conta dessi coração
Trazênu alegria pru meu sertão

As mata ficáru tudu verdinha
As vaquinha tão tudu danu mais leiti
Os boi tudu prontim prus corti
E as galinha puedêra dexaru as priguiça di ladu
Tão tudu correnu atrais dus galu

Isso tudu dispois de vê as alegria
Nu coração apaxonadu
Desse poeta Caipira

Mais hoji, sinhá! Tô tão triste aqui no meu ranchinhu
Que inté os passarinhu, fica tudu zoianu pra iêu!
E num canta nada

Os bichim fica tudu cum as asinha pra trais
Andanu prum ladu e pru otru
Cabecinha baxa, tristim!
Isperanu pra modi eu dá umas risada

I quano si dô risada, veno aqueis bichim de biquim fechadu
Pricisa só di vê o arvoroçu que é ...
Eis tudo filiz cantanu e vuanu
Parecenu inté festa de quermesse

Mais podi dexá, viu sinhá!
To peranu ocê sará e vortá a mi iscrevê
Inquantu issu vô cunversanu cum a lua
Nas noite de cantoria, tocanu sanfona
Tomanu uma amarelinha
Daqueas que sobrô du festerê da sinhá Mari

Inté, intão!

Frei Garvão
Primeiro santu da nação
Não mi deixi aqui sozinhu
Mi dê a sua mão

Inserida por anaferreira

SINHÁ MARIQUINHA SUMIU!

Foi ansim tão de repenti
Que perdi a noção dus tempu
Quânu acordei é que tomei tentu
A Mariquinha sumiu cuns ventu

Num sei pra ondi ela se foi
Mais nunca mais noticia tive
Só sei que sozinhu num vô ficá
Vô conquistá otra sinhá

Inserida por anaferreira

AINDA QUERO SI CASÁ

Muitus passus eu dei
Pra incontrá uma sinhá
Que pudessi mi amá
E mais iêu se casá

Mais num tive sorti
De uma cabrocha incontrá
Pra nois dois si incantá
E da vida se aproveitá

Intão tô aqui
Sozinhu e seim carinhu
Quero logo uma cabrocha incontrá
Pra morá mais iêu nu meu cantinho

Inserida por anaferreira

O CÉU NÃO É O LIMITE

Serenidade do céu, cometas passam
Nuvens anunciam-se, plumas leves
Desfeitos os cabelos, ao léu escapam
Amor maior que o nosso, ninguém teve

Cena especial, “estamos nus” e tal
Sobram beijos e abraços surreais
Meu corpo no seu é algo hormonal
Coisas de pele que sentem os casais

E me dirias o que há de anormal?
_São nossos olhos a virarem do avesso,
E o espelho refletindo o ato animal

O teto girando, estrelas, lua, tudo abissal
E o infinito refletindo o nosso excesso
De maneira tranqüila, tão mera, natural!

Inserida por taniamaracamargo