Sébastien-Roch Chamfort

26 - 50 do total de 66 pensamentos de Sébastien-Roch Chamfort

Hoje em dia, aqueles que amam a natureza são acusados de romanescos.

Quando se tem a lanterna de Diógenes, tem que se ter o seu cajado.

Qualquer homem que, aos 40 anos, não é misantropo, nunca gostou dos homens.

Muitos livros devem o seu sucesso à afinidade entre a mediocridade das ideias do escritor e as do público.

É de desejar a preguiça dos maus e o silêncio dos tolos.

O vício não seria completamente vício se não odiasse a virtude.

Um amoroso é um homem que se empenha em ter mais amor do que lhe é possível ter, e essa é a razão por que todos os homens amorosos parecem ridículos.

É mais fácil legalizar certas coisas do que as legitimar.

Por pior que um homem possa pensar das mulheres, não há mulher que não pense ainda pior do que ele.

Goza e faz gozar, sem fazeres mal nem a ti próprio, nem a ninguém, eis, suponho eu, toda a moral.

Existem defeitos que são uma protecção contra alguns vícios epidérmicos, do mesmo modo que, em tempo de peste, os doentes de febre quartã escapam ao contágio.

A sorte, para chegar até mim, tem de passar pelas condições que o meu caráter lhe impõe.

O ser humano tem até de experimentar o amor, para que compreenda bem o que é a amizade.

É pelo nosso amor-próprio que o amor nos seduz. Como resistir a um sentimento que embeleza o que temos, que nos restitui o que perdemos e nos dá o que não temos!

O homem chega inexperiente a cada idade da vida.

Aquilo que aprendi já não o sei. O pouco que ainda sei adivinhei-o.

Há mulheres que se encontram à venda e jamais conseguiriam dar-se.

Para alguns homens, as ilusões sobre as coisas que lhes interessam são tão necessárias quanto a vida.

Não é fácil encontrar a felicidade em nós mesmos e é impossível encontrá-la em outro lugar.

A calúnia é como uma vespa que o importuna e contra a qual não se deve fazer qualquer movimento, a não ser que se tenha a certeza de a matar.

Nas grandes coisas, os homens mostram-se como lhes convém; nas pequenas, mostram-se como são.

A nossa razão torna-nos por vezes tão infelizes como as nossas paixões; e pode dizer-se do homem, quando isso acontece com ele, que é um doente envenenado pelo próprio médico.

Todas as paixões são exageradas, e são paixões apenas porque exageram.

A imaginação é o que faz o preço daquilo que recebemos.

As máximas gerais são na conduta da vida o mesmo que as rotinas para as artes.