Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#MÃOS

O tempo tem o seu tempo...
Levo comigo a esperança...
Pois nem tudo pode ser dito por palavras...

Os meus olhos de menino...
Escondem muitos segredos...
Meus sonhos já não são levados pelo vento...

A saudade baila em minha memória...
Testemunha de um longo passado...
Trilhas do acaso descuidado...
Hoje em suas mãos me encontro...

O que dizer de seu sorriso?
Quando me afogo em seus lábios,
Caçando seus gemidos...
Suas mãos me dão tudo que preciso...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#AFLIÇÃO

Quando o céu em pranto derrama tuas estrelas...
Em que céu ou abismo tarda?
Onde fazes tua morada?

Quem com correntes tão fortes e sutis prenderá teu coração?
O fogo que dentro de ti arde é um profundo e sincero amor?
Poderá dedicar-me um pouco de ti tirando-me o langor?

Nunca saberás o quanto me é importante...
Não tenho como medir e expressar meus sentimentos...

Se reprimo meus impulsos e desejos...
Afogo meus sonhos...
E choro nos leitos...
É porque sou fraco...
E a morte já fez morada em meu peito...

Rasgo as asas da vida...
E a eternidade confronto com alegria...

Não serás tu homem como eu?
Eu canto...
Eu bebo...
Eu danço...
Ah, sei que também me amas...
Como eu te amo...

Todos clamam na aflição...
E por ela juram gratidão...
A ti não clamo...
Só peço que me estenda a mão...

Ame-me agora então...

Sandro Paschoal Nogueira

Caminhos de um poeta

⁠#AQUI #ESTOU...

Minha caminhada ainda não terminou...
E sentado à beira do caminho estou...

Sinto a carícia da brisa...
E o doce forte beijo do sol...
Não há hora melhor para ser feliz do que agora...

Houvemos vista na terra...
Enquanto alguns foram...
E não voltaram...
Virão outros...

Se amanhã de mim sentires saudades...
Lembre-se das fantasias do sonhar...
O horizonte necessita do silêncio...
Para abrirmos nossas asas e podermos voar...

Haverá de vir sempre um amanhã para poder amar...
Enquanto eu cá...
Sonhando contigo...
Estarei a lhe esperar...

Sandro Paschoal Nogueira

Caminhos de um poeta

⁠#METADES

Deixando uma metade ser devorada pelo mundo...
Enquanto a outra permanece sonhando...

Renascer o tanto preciso...
Única forma por mim conhecida...
Doravante não serei mais dono do meu coração...
Minha sina...
Meu destino...

No tanto que perco...
Em outros tantos encontro...
O tempo escoa...
Cada início é só uma continuação...
Adiante é preciso...

Aos muitos que amei...
Aos que amo...
Na incerteza que é bela...
Penso, mais que uma vez...
Muitos amarei...

Nas ruas de minha alma...
Sob as janelas jardins dependurados...
As noites são frescas..
E os dias ensolarados...

Às vezes dobro as esquinas das saudades...
E o céu chora em tempestades...
A vida é um doce aroma...
Para quem vive apaixonado...

Nem as rugas...
Nem as distâncias...
Está provado...
Cada um ao nascer traz a sua dose de amor...
E é muito bom amar e ser amado...

Sandro Paschoal Nogueira

Caminhos de um poeta

⁠#ESCÁRNIO

Alguns casebres remendados...
Alguns casarões iluminados...
Resididos por fantasmas assombrados...

Entre os becos, mentirosos estúpidos...
Ratos gordos, bem vestidos...
Porcos bem criados...
Galos fanfarrões dopados...

Damas e cavalheiros de sapatos feios...
Pisando torto...
Joanetes inflamados...

O religioso embriagado...
A linguaruda cuidando dos desavisados...
Promíscuos...
Proxetas...
Muitos incubados...

Alcoólatras pederastas...
Afoitos pelos meninos...
Velhas carcumidas...
Sem noção, sem sentidos...
Mocinhas oferecidas...
Muitas delas apenas meninas...

Mancebo sem dinheiro...
De belo topete...
Pouco estudo...
Por pouco se vende...
Apenas um pó...
Um baseado...

Obesas matronas todas suadas...
Com piadas sem graça...
Rastejando pesadas pelas calçadas...
Outras tão magras e secas...
Passam fome com certeza...

A carne está tostada...
Cheira bem mal...
Comida mau temperada e cara...
Causa ventosidade o feijão queimado...
E pela cidade no circo armado...
A mocidade...
Consome drogas em liberdade...

Todo mundo quer ser o patrão...
Fumando bosta...
De pé no chão...
O pouco que ganha...
Gasta em uma hora...
E na cabeça com o pó Royal...
Fica gabola...
Sem saber o tanto que lhe faz mal...

Em cada canto...
Surge um querendo governar o mundo inteiro...
Em cada porta um orgulhoso...
Achando-se portentoso...

Na confusão do mais horrendo dia...
Essa estranha freguesia...
Mascara-se, quem diria...

Afinal a festa está pronta...
A lua no céu nos vigia...
E em grande euforia...
Todos fingem alegrias...

E eu...
Encorbeto ignorante...
Muitas vezes me calo...
Estamos condenados a falar o que se sente?

Tal qual palhaço me visto...
Antes rir da desgraça...
Do que chorar pela vida sem sentido...

De nada mais me assombro...
Esse lugar é bizarro...
Resta-me apenas o escárnio...
Cumprindo esse fado, sorrindo na dor...
Calado...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#DESABITADO

Prazeres acomodados...
Gostos passados...
Amanhã já não vê...
É mofado o desejo...
Vive por viver...

De esperança em esperança...
Ansiando mudanças...
O brilho foi apagando...
Hoje já não sonha...
Não sabe mais o que fazer...

Quando a vida passa...
Lentamente se escassa...
E logo a maior vontade...
Morre...

Ferida que dói...
Que a alma corrói...
Andar solitário entre gente...
Acostumando, nem sente...
Achando-se diferente...
Nem percebe estar doente...

Um não sei o quê...
Sem saber porquê...
Então se esconde...
Mudando o ser...

Do mal ficam as mágoas e as lembranças...
Do bem, só a saudade...
O tempo sobre os ombros fica pesado...
Sofre sem perceber...

Enfim...
Converte em choro o canto...
O lamento é seu hino...
Há muito está morta a criança...
Sua luz apagou...

Seu sorriso e lágrimas secaram...
Plantou terrível destino...
Em si já não pode descansar...
O que lhe resta...
Ninguém pode explicar...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#PLATÔNICO

O meu amor é o meu maior segredo...
Que perdido foi bem cedo...
Pelo olhar do mundo foi devassado...
Hoje só me resta o medo...

Minha alma agora se consome...
Amando menos do que parece...
E fatigado ando...
Com um buraco no peito...

Minhas lágrimas juntam-se às minhas preces...
Como quisesse livre ser...
Ruas, vielas, nuvens percorro...
Sonhando com você...

Quando o sol morre...
Aos céus eu alço...
Junto as miríades caminho...
E solitário me encontro...

De olhar vago...
Espírito perdido...
Da luz do amor fui privado...
Meu coração que sofre separado...
Por não lhe ter aqui ao meu lado...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#TRILHA

Ao longe ouço a harmonia do violão magoado...
Enquanto o céu chora suas estrelas...
Contigo ao meu lado...

O destino fia a noite...
A taça transborda...
Loucos, sacudimos nossa alma...
São esses os mistérios da terra...
Que nos chama...

Traz o vento um longínquo perfume...
Inebriando nossa imaginação...
Relembrando-me os tempos de menino...
Cheio de pureza o coração...

Tempos idos...
Lembranças louras...
Nesse instante o passado em mim suspira...
Meu espírito estremece de alegria...
E seguimos juntos durante a noite...
Nossa trilha...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#VIVER

Viver...
E celebrar a vida...
De corpo e alma...
De forma desejada e querida...

Cercado de flores...
Sem máscaras de cêras...
De muitos amores...
Sem cercas...

Nos sonhos ser um errante...
Abrir suas asas...
Alçar aos céus...
Intensamente...

Viver mais simples...
E de forma ardente...
Amante exemplar...
Sendo feliz somente...

Desde a aurora que enlaça...
À noite que abraça...
Porquanto, bem se satisfaça...
Simplesmente viver...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#OLHOS

Minha alma procura-me...
Sou do tamanho de que me vejo...
Uma vida que é vivida...
Outra no erguer das asas a sonhar...

Quanto mais compreendo...
Menos me sinto compreendido...
Em tudo que aspiro e sinto...
Permaneço em silêncio apenas a olhar...

Vejo uma infinidade de mistério...
A vida passa...
Passa e não fica...
Nada deixa...
Não irá regressar...

E eu a ela ligado...
Sobre a terra...
Debaixo do céu...
Inquietação profunda...
Faz abrigo em meu peito...
De muitas coisas, desejos...

Encostado às esquinas...
Aos olhos com que sonho olhando...
Dos encantos pensamentos...
Sigo ao vento vivendo...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠No dia de #Santa #Bárbara uma homenagem a ...

#OYÁ

Eloyá obá xirê obá salerojá, Eloyá!

Arrancado a ferro e fogo...
Na poeira fui ao chão...
Em meu peito o grito de quem vive...
Eparrei... OYÁ...
Me dê sua mão...

Liberdade perdida...
Na alma muitas feridas...
Implorei e fui ouvido...

E o vento soprou...
Um búfalo cruzou os prados...
Soprou forte um vento diferente..
Um corisco riscou o céu...

Fechei os olhos para ver...
A grande guerreira OYÁ...
Veio tirar meu sofrer...

É preciso coragem para lutar...
OYÁ é vento que espalha...
OYÁ é vento que junta...
Cuida de mim em meus descaminhos...
OYÁ chegou...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#DESVALIDO

Os pés sujos...
A alma triste...
Se há esperança...
Onde está?

No gole da cachaça...
Na bagana fumada...
Nos tempos de criança...
Na alma cansada...

As roupas são um trapo...
Encardidas, mal cheirosas...
Na pele enrugada...
A face da desesperança...

Será que é amado?
Ou somente suportado?
Por alguém tão igual...
Por alguém desigual...

Deixa acontecer...
Ponto final...

O vento traz as palavras...
Tamanha humilhação...
Brilho nos olhos perdidos...
Alguém lhe tem consideração?

Não é ninguém...
Para morrer basta estar vivo...
Para alguém...
Talvez faça falta...
Mas nessa noite malfadada...
Acalenta suas esperanças...
Na marvada cana...

Sandro Paschoal Nogueira

Caminhos de um poeta

⁠#QUEM ?

Quem me deu asas para sonhar?
Quem olhou em meus olhos e me apontou a direção do céu?
Aos astros me ensinou a olhar?
Quem me deu o mundo e as suas ilusões mortas?

Me pegou pela mão e junto a mim caminhou...
Corremos em verdes prados e na esquina me ensinou a decepção?

Quem roubou meus beijos?
Encheu-me de desejos?
Brincou com meus sentimentos?
Jogou-me ao esquecimento?
Dizendo me amar?

Quem me envolveu e não sabendo o que sentia agora também não sabe o que sou?
Quem muito me mentiu e causo-me tamanha dor?

Quem foi que me fez entregar-me de corpo, alma, coração aberto?
Me ensinou os caminhos do amor...
E agora...que tudo acabou...
O pouco que me resta...
O pouco sou...

Tenho fome, tenho sede do infinito...
E escondendo o meu grito...
Descobrindo a esperança, Descortinando a mentira...
Não sei por onde ando e nem para onde vou...

Sandro Paschoal Nogueira

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⁠#ESQUINAS

São tantas as esquinas...
Mas vai ser é só isso...
Bater a porta e sair por aí...
Se perder querendo encontrar-se...
Deixar-se possuir...

Um coração a ser entregue...
Para quem não quer...
Um sorriso...
Parar de enganar-me...
Quantas esquinas eu ainda vou precisar dobrar?

A noite está fria...
Esquinas e cantos de minha alma...vazia...
Miserável vida a quem devo meus tormentos...
E em sonhos...
Esperança ainda vive...

Deixando meus rastros de solidão...
Fechei os olhos, diante do medo...
Fui me deixando, sombra...
Meu coração teima em dizer: te amo...

Sigo no proibido...
O ridículo também deve ser vivido...
Abro um sorriso para o tempo...
Insistente em passar...

Só eu sei...
Imagino o que será...
Sigo...
Nas esquinas, nos bares... nas ruas...
Tendo a lua a me acompanhar...

Sandro Nogueira

Caminhos de um poeta

⁠#SONHOS

Abro a minha janela...
E olho o infinito céu suspirando...
E peço licença para poder sonhar...

Sonhar em que eu tudo possa ser...
E com meus desejos assim sonhando...
Assim quero viver...

Quero me vestir de estrelas...
Nas alturas, entre às nuvens, poder me esconder...
E seguirei tecendo meus sonhos...
Um mistério a resolver...

Que a vida tenha mais cores...
Que seja uma tranquila fonte...
Onde a mentira não perdura...

E a verdade sendo límpida e bem tranquila...
Sem receios, sem pudores...
Não nos machuque por às vezes ser tão dura...

Quero pegar os raios de sol...
E onde reina a escuridão eu o plantar...
E fazer a esperança estender suas asas...
Assim como sonho...
Que você também possa sonhar...

Não me importo em saber...
Quantas guerras terei que vencer...
E, assim, que seja lá como for...
Quero ver sempre triunfar o amor...

Que a felicidade seja bem doce...
E apareça para todos aqueles que choram...
Que o futuro seja mais brilhante...
Só vivemos uma vez...
Só temos uma chance...

A ilusão quando se desfaz...
Dói no coração de quem sonhou demais...
A vida é tão curta...
Precioso diamante...
E o belo um dia também morre...
E sonhando como sonho agora...
Alcançaremos a eternidade...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#ALTURAS

Vagueia o poeta em sonhos...
Fita o céu, em reflexos, das mais variantes cores...
Lá onde os violoes choram...
Louvando a vida e os muitos amores...

Se um sonho se ergue...
Outro sonho cai...
E nesse eterno vai e vem...
O tempo passa e vai...

Desgraçado do poeta pobre...
Cujo em vida o túmulo o cobre...
Não amou...
Não foi amado...
Pela vida passou...
Ignorou e foi ignorado...

Em redoma ilusória...
Fechou-se em falsa glória...
E agora que o amor se foi...
Ninguém há de contar sua história...

O luar no céu se apagou...
As estrelas todas tombaram...
A terra abriu sua garganta...
E o poeta foi engolido...
E agora aqui, no que lhe digo...
Esse vazio medonho me espreita...
O poeta que um dia também sonhou...
Agora jaz na sarjeta...

Estrela d'Alva...
Imaculada e pura...
Faz-me novamente sonhar...
Erga-me às alturas...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#A #DAMA #PRATEADA

Em minha rua, ao anoitecer...
Há tal melancolia...
Que desperta em mim o desejo de sofrer...

Sentado à mesa em um bar devasso...
Lhe contemplo dama prateada...
Nas vertigens do vinho que me encontro...
Perco-me em qualquer abraço...

Nessa Babel em que sobrevivo...
Cantando os amores...
Escondendo os conflitos...
Em tudo o que sinto...
Sinto-me cada vez mais perdido...

Ergo o meu coração aos céus...
E lhe olho suspirando...
Não mais me reconheço...
Sou total abandono...

Tantos se foram...
E tão poucos chegaram...
Atrás de meu pálido sorriso me escondo...
Disfarçando meu embaraço...

Se fosse, por acaso, por ti contemplado...
Apenas um desejo eu queria...
Em poder mudar minha sorte...
Ter aqui ao meu lado...
Os muitos que amei...
E por quem muito fui amado...

Mas o tempo é ingrato...
E lentamente se esvai...
Amanhã já não mais estarás no céu...
E eu aqui continuarei com meus ais...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#AGUARDO

Na solidão em que sonho contigo...
Saudades dos belos dias...
Sigo agora o meu peito a doer...
Só pelos seus olhos...
Eu posso viver...

Ao menos resta ao sonhador o consolo...
De suas mãos dentro das minhas...
Suspiros, arroubos de nossa paixão...

É doce amar como os anjos...
Se aqui fomos amantes...
Seremos uma única alma no céu...

Se um dia tiveres saudades...
Sabes que desde já estou aqui...
Aguardo noite a noite a lua triste...
Aguardo você em mim...

No amor basta uma noite para fazer de um homem um deus...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#NATAL

As estrelas falam para aqueles que se preparam para ouvi-las...
Há rumores por toda parte...
Onde está o Messias ?

Numa gruta...
No bojo de um navio...
Num presépio...
Num presídio...
Na tapera...
Na favela...
No prédio que amanhã será demolido...

O Messias está...
Junto aos enfermos...
Aos desvalidos...
Aos que perderam os sentidos...
Junto aos abandonados...
Apascentando corações cansados...

Estenda sua mão...
Alcance os aflitos...
Veja quantos sofrem com súplicas no olhar...

Para falar do Natal...
Não existem segredos...
Basta olhar para dentro de nós mesmos.

Sandrinho Chic Chic

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⁠#CATIVO

Então, meu destino...
Por fecundo amor à lua...
E o vento vem e tal qual me assombra...
Diante dos deuses profanos...
Sigo em falso desdém...

Sem náuseas e no cio...
A pretexto do frio...
Aflição dos aflitos...
No peito silêncio...
Cessa a alma o grito...

Coisas vãs que o mundo adora...
Começa o instinto...

Não acho o bem que me satisfaça...
Juro pelos céus a fé mais pura...
E a boca, com prazer, em lascívia murmura...

Os olhos requebram...
Então prometo o mais fiel carinho...
Esquento o sangue...
Irriço os pêlos...
E o coração deixa de ser gelo...

A frouxidão no amor é uma ofensa...
Sei disso...
E é esta a diferença...

Eu choro...
Eu me desespero...
Clamo e tremo...
Eu ardo...
Eu gemo...

Quando me entrego...
Tê-me cativo...

Sandrinho Chic Chic

Caminhos de um poeta

⁠#MINHA #ESTRADA

Creio nos anjos que andam pelo mundo...
Creio num céu futuro...
Creio que os inocentes tem pressa em voar...
E eu aqui, cá comigo...
O hei de fazer senão sonhar?

Indago de mim se eu próprio tenho paixão...
E o que há assim no mundo que responda minha indagação?

Um palavra soprada...
Um flor na sarjeta abandonada
Um supremo silêncio...
Nas ruas obscuras e esquecidas...
Cujos espinhos e sangue dão o rumo à minha vida...

Insondável ilusão...
Felicidade cujo crime espero...
Estranha ansiedade que em mim circula...
Sabe-me o sol...
Testemunha-me a lua...

Alongando minha estrada...
Que nem sequer começou...
Só sei que nesse destino...
Vou atrás do que não sei...
Sonhando...
Um dia de cada vez...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#SAPATOS #DOURADOS

Deixe ir as roupas que não servem...
As roupas remendadas...
Os sapatos apertados...
Os móveis quebrados...

Deixe ir as promessas não cumpridas...
As juras mentirosas...
As palavras repetidas...

Deixe ir o que tira o prazer das noites...
A angústia da rotina de novos dias...
O que atrapalha seu caminhar...
A amizade oca...
A palavra mal dita...
Que mata lentamente nossas fantasias...

Deixe ir os que lhe perseguem...
Aqueles de falsos sorrisos...
Os invejosos...
Falsos amigos...
Deixe-os ir...

Deixe ir as lembranças que machucam...
Deixe ir as histórias de tropeços...
Calce sapatos dourados...
E faça na vida...
Um novo recomeço...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#ALMA #TORTA

Quantas gente que ri...
Cuja única vontade é parecer venturosa...
Sendo que muitas possuem...
Apenas uma alma torta...

Ser, já não lhe basta...
O que quer ser e não é...
Através de boca escancarada...
Sorrindo na cólera que disfarça...
Onde a dor mora...
Sua "felicidade" pouco me importa...

Se pudesse ver a si esse espírito que chora...
Que seus sorrisos nada me dizem...
Embora a muitos enganem...
Com sua chaga maldita...
Próprio se devora...

Sempre o cerrado engodo...
De querer parecer belo aos outros...
Bem deves saber...
Se não sabe logo aprenda...
Tudo o que se faz...
Tem retorno...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#PEDRA

A verdade vale a vida...
Livre do jugo da mentira...
Despido de ilusões e vaidades...
Não pode dar amor...
Quem nunca amou...

Como fogo que queima sem arder...
Ainda que o medo costure...
Minha vontade de viver...

E que de repente aconteça...
O que sonho e minha alma deseja...

Ninguém nunca sabe o tempo...
Que não o gastemos com lamentos...
Mas com esperança forte e vívida...
Para sentirmos em plenitude ...
Toda a essência da vida...

Amor...
Aqui me dou...
Em tudo que desejo e invento...
Só quero seu merecer...
Contra a pedra...
Que o tempo me transformou...

Sandrinho Chic Chic

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⁠#PASSAGENS

Foi hoje e foi aqui...
De repente deixou de ser sagrado...
De repente deixou de ser querido...
Deixou de ser desejado...
Deixou de ser bem quisto...

Deixou de ser caminho...
De ser encontro...
Tornou-se uma lembrança...
Transformou-se em um sonho...

Ninguém mede o tempo...
Ninguém nunca sabe de onde vem o vento...
Fogo ondulado...
Luz ardente que me guia...
No que se esvai...
Um recomeço em todo dia...

Quando me vi...
Antes de lhe conhecer...
Ansiei por merecer...

Mas nunca sei como sou...
E agora?
Para onde vou?
A estrela de minha fronte agora se esconde no vazio que sobrou...

Minha alma que perdura...
Contra a pedra que o tempo transformou...
Sonha e sempre sonhará...
Do amor que passou...

Sandro Paschoal Nogueira

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