Rosane Jovelino
Dona De Si
Ela é furacão de emoções
Viramundo através de suas formas
Fogo, ar, terra e água
Independente!
Insubmissa!
Destemida!
Deusa mulher
Dona de si
A consciência de pertencimento que caracteriza uma identidade, implica em reconhecer a ancestralidade
A consciência de pertencimento de uma identidade é acolher a ancestralidade que nos convoca a vida.
Griô
E sons dos atabaques penetravam em todos os voos do silêncio
Brotavam cantos do eterno continente
Não cessavam nunca
Inspiravam o velho griô
Aqueciam o Quilombo
Faziam-nos felizes
Toques das mil faces
dos segredos de si
soberana, que enaltecem os olhos
Invadem a alma
É vento que sopra fogo
libera os desejos
É poder, lua de mistérios
Quem ousaria
decifrar!
Elevastes teus olhos ao céu extraordinariamente belos e contentes, dançaram entre o azul e dourado do sol que nascia. Um viver subjugado levantava-se carregado de ancestralidade.
Cuide desse bonito lugar
desse olhar que caminha por dentro
que circula por inteira
transborda lume
conquistado pelas
janelas da alma
Acolha tuas águas
reconheça tua história, ancestralidade
conheça tuas correntezas
Aceite suas marés
Guarda tua alma, seu interior
na doce magia daquele luminoso céu de sabedoria, abundante de amor
te ensina a se agradar, se abraçar em primeiro lugar contemplar a si mesmo
Sou quilombola, carrego em meu ser o eco das lutas ancestrais e o poder de um povo que nunca se rendeu.
Rosane Jovelino
Ecos do Amanhecer
Ecoam palavras no tempo,
ressoam na profundeza do ser,
em uma sinfonia intensa de amor,
sob cantos e ritos de atabaques,
guardiãs do amanhecer, dos sonhos,
da liberdade.
A voz que ecoa em mim
é canto de liberdade que me guia.
É a voz de todas que vieram antes
e ainda caminham comigo.
Maré Ancestral
O quilombo é mar aberto,
profundo e vivo
roda acesa de memórias, de tempos:
os ecos dos ancestrais ressoam,
guiando o povo
na maré da história
e da luta contínua que navega mesmo em tempestade.
Nas encruzilhadas das águas,
entre travessias, cantos e tambores,
seguem,
celebrando a vida,
a força do coletivo.
Canto Primeiro
Teu canto primeiro
vem de longe
feito tambor que trama o mundo.
Por trilhas de água e fogo
costura o destino: insurgente.
A memória é chão batido,
é dendê de pilão,
é ouro firmado,
cheiro de baobá no vento,
é cantiga no pé da árvore,
encantada de histórias,
luz na encruzilhada.
O tempo dança em espiral,
e, na gira, os passos dos antigos
ainda caminham contigo.