Rosa Montero
"...ninguém pode resolver tua vida por ti e, para poder tocar o céu, é preciso ter morrido. Desconfia daqueles que têm mais respostas do que perguntas. Daqueles que te oferecem a salvação como quem oferece uma maçã. Nosso destino é um mistério, e talvez o sentido da vida não seja mais do que a busca desse sentido". (Nyneve falando a Leola sobre aqueles que seguiam para a Terra Santa na Cruzada das Crianças, no século XII, em "A História do Rei Transparente", de Rosa Montero)
Ele vinha da infância e nunca tivera uma parceira estável, queria me viver até me esgotar, queria que montássemos juntos uma casa, que sonhássemos um futuro, que nos enchêssemos de compromissos de eternidade até as orelhas. Eu provinha da fatigante travessia da idade madura e sabia que a eternidade sempre se acaba, e tanto mais cedo quanto mais eterna.
Todos estes livros, reparo, estão me mudando por dentro. Eu não podia imaginar que isso de ler era como viver.
A dor real é indescritível. Se você consegue falar sobre o que te aflige, você está com sorte: isso significa que não é assim tão importante. Porque quando a dor cai sobre você sem paliativos, a primeira coisa que leva são as palavras.
O mais importante dos bons romances reside nas elipses, no ar que circula entre os personagens, nas frases menores.
O que chamamos de loucura é uma ruptura da narrativa comum, uma sensação de solidão brutal que não cabe na palavra “solidão”.
Quero escrever como conseguimos ter uma vida mais leve e mais plena. Para isso, precisamos entrar em acordo com a morte. Quando está plena a consciência da morte, está plena a consciência da vida.
Nós, romancistas, somos pessoas que não amadurecemos totalmente do ponto de vista cerebral. Descobri que, na infância, todos os nossos neurônios se conectam e, na adolescência, há uma poda de algumas conexões. Em 20% da população, essa poda não é feita totalmente: são as pessoas com transtornos mentais e os artistas.