Paula Tavares (poeta)

Encontrados 6 pensamentos de Paula Tavares (poeta)

⁠O Lago da Lua

No lago branco da lua
lavei meu primeiro sangue
Ao lago branco da lua
voltaria cada mês
para lavar
meu sangue eterno
a cada lua

No lago da lua
misturei meu sangue e barro branco
e fiz a caneca
onde bebo
a água amarga da minha sede sem fim
o mel dos dias claros.
Neste lago deposito
minha reserva de sonhos
para tomar.

Paula Tavares (poeta)
O lago da lua. Lisboa: Editorial Caminho, 1999.
Inserida por pensador

⁠A abóbora menina

Tão gentil de distante, tão macia aos olhos
vacuda, gordinha,
de segredos bem escondidos
estende-se à distância
procurando ser terra
quem sabe possa
acontecer o milagre:
folhinhas verdes
flor amarela
ventre redondo
depois é só esperar
nela desaguam todos os rapazes.

Paula Tavares (poeta)
Ritos de passagem. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1985, Cadernos Lavra & Oficina, 55.
Inserida por pensador

⁠Aquela mulher que rasga a noite
com o seu canto de espera
não canta
Abre a boca
e solta os pássaros
que lhe povoam a garganta.

Paula Tavares (poeta)
O lago da lua. Lisboa: Editorial Caminho, 1999.
Inserida por pensador

⁠Perguntas-me do silêncio
eu digo

meu amor que sabes tu
do eco do silêncio
como podes pedir-me palavras
e tempo
se só o silêncio permite
ao amor mais limpo
erguer a voz
no rumor dos corpos

Paula Tavares (poeta)
O lago da lua. Lisboa: Editorial Caminho, 1999.
Inserida por pensador

⁠A oralidade é meu culto. As mães embalam os filhos cantando ou dizendo palavras nas nossas línguas todas. Se os meus textos puderem ser lidos em voz alta fico muito contente.

Paula Tavares (poeta)

Nota: Trecho de entrevista dado para a revista “Austral”, na edição nº 78 (disponível em Buala.org).

Inserida por pensador

⁠As palavras têm o seu valor. Depende de quem e como as usa.

Paula Tavares (poeta)

Nota: Trecho de entrevista dado para a revista “Austral”, na edição nº 78 (disponível em Buala.org).

Inserida por pensador