PabloAfonso
Dois olhos, uma árvore
Eu e a natureza
Abro a janela e é o que vejo, o verde
Mas a verdade é que nem tudo são flores (ou folhas)
Há situações que são espinhos, como a moça de verde na calçada
De verdade, meus olhos nunca foram tão facilmente convencidos a olhar
Olhar uma estrela caminhar sobre o chão
Mas estrela, o que te trazes aqui?
Eu mesmo respondo, visivelmente vejo seus motivos
Era uma tática, mais uma tentativa astral de me tirar o foco do que realmente importa
Meu pé de laranja lima, com suas lindas folhas cor de natureza, naturalmente verdadeiro.
Não gosto de lembranças
Elas me levam a um mundo que não posso alcançar
Me tornam cada vez mais inválido
Queria morrer de uma vez, para não mais me lembrar
Mas existe ainda um problema, uma questão fulcral
Após minha partida, não hesitarei em deixar para esse mundo fútil
Minhas memórias póstumas
Tais cheias de dor, lamento e nostalgia
Acredito que na minha reencarnação lembrarei do cheiro do caixão
E após muito lutar para esquecer tais memórias, eu ainda me lembrarei com vontade.
Do marrom escuro, dos animais me mastigando, acho que até do desespero
Sentirei falta.
O universo não me gosta, me destrói
Saí com meu carro numa linda manhã de domingo
Alí, num caloroso sol eu fui atormentado
Parecia uma revolução, uma revolução dos bichos
Cães, veados, um URSO, tudo isso na via que eu vinha
Quando pensei ter desviado de tudo, me surpreendo mais uma vez
A 4° praga do Egito no meu parabrisa, era como um ataque feroz, golpes fugazes
No momento que paro meu veículo, tomo minha atenção para outra coisa;
Meu tanque estava vazio.
O quão rápido o mundo pode girar?
Num dia eu tinha tudo, esposa, filhos, carro, casa, dinheiro, muito dinheiro
Mas de repente, ela quis me deixar, até hoje não me disse exatamente o motivo
Nosso quarto, agora é quarto de despejo
Mesmo que eu não aceite isso com facilidade
Todos os dias vejo nossa cama, os lençóis ainda estão dispostos da maneira que você os deixou quando partiu
Senhora, voltes, ainda há espaço na casa, tanto desde que me deixastes…
Hoje já não me restou nada, nem dinheiro, tu levaste os filhos, o carro, tenho no máximo uma casa. Não serei modesto, uma mansão
Uma mansão grande demais pra mim
Por isso, senhora, eu aceito sua presença
Quando quiser voltar, será bem vinda
Mesmo que em meu coração já não exista chão para pisares.
Essa eu fiz pro nosso amor
Ele é como os batimentos do coração
vem e vão, constantes, mas inconsistentes
É como um furacão, devastador, mas não dura pra sempre
uma tempestade com trovões, intensa
mas que basta vir o sol para que tudo se acalme
Nós nos amamos, nos desejamos
mas basta um problema… somos desconhecidos
basta um desentendimento, uma situação mal explicada
e o orgulho vem e nos separa
Bem, eu queria dizer que a culpa é só sua
porém, nesse caso, acho que eu faço questão de ser vilão
O céu, ah, os grandiosos céus
Inspiração, direção, cor, simplesmente “céu”
Uma companhia que, desejada ou não, sempre está lá
Carrega o azul do mar, o branco das nuvens e o amarelo do sol
Mas no meio de tanta beleza, jaz também dor
Cada estrela é uma loucura, um caos
Cada astro, astronomicamente aleatório
Tudo é uma bagunça, tente entender e enlouquecerá
Ele é um charme fatal, te preenche de luz
Mas te conduz a demência, a loucura
Repare nas suas cores, branco, azul, rosa, cada vez mais escuro, até as verdadeiras trevas
As trevas não são o que é totalmente escuro
E sim o que é escuro mas tem luz, uma luz que induz
Induz a uma verdade absoluta
“O céu é lindo”
Lindo e perfeito, perfeitamente caótico.
O ar, o mais leve dos 4 elementos
Ele não tem cheiro, cor
Sua presença até passar despercebida
Mas não se enganem, o ar pode se irar
Nesse estado é onde surge o vento
O vento é perfeito, caótico no nível certo
Lindamente solto, turbulento
Mas nem tudo é beleza ou leveza
Se os ventos se irarem, agora são furacões
Também tornados e ciclones
Ali ele já não mais se importa
Está tomado por raiva, descontrolado
Mas não o culpo, não, de jeito nenhum
Se é só nesse estado em que é visto, que mal tem?
Se mesmo sentindo a brisa diária você não valoriza o vento, bem
Não reclame do tornado.
Eu estive pensando em você ultimamente
Sim, você mesmo, mãe Terra
Sempre bela, lindamente organizada a cada nível
Relações ecológicas, níveis tróficos, ecossistemas...
Você é pura esperteza, tudo funciona perfeitamente
Porém o egoísta e capitalista humano, com suas garras medonhas
Tira tudo da nossa querida mãe; Água, fauna, flora, toda biodiversidade
Destrói tudo que toca, uma verdadeira maldição
E o pior, nós é quem perdemos, mas existe uma questão pouco falada
Foda-se a ecologia, consumo consciente é uma piada
A briga aqui é por ego. Nós morremos, sim, mas não sem tirar tudo de você
Pouco importa se meus filhos vão respirar petróleo ultraprocessado
Eu enchi meus bolsos de dinheiro e deixei a querida mãe Terra num aterro
Tanto faz se ela sofre, eu ganhei, cada lágrima que ela derrama
É dinheiro que tenho no bolso, e sem mato para roçar
Eu venci, nós vencemos, mamãe, apenas chore mais e mais
Sinta doer, sufoque, se esse é o único jeito dos meus bolsos encherem, bem
Farei uma nova viagem às Maldivas.