nataliarosafogo

ali,

na quietude onde as memórias se acalmam,
o prazer dum instante só, livre...para resgatar pensamentos cativos...

Livros e folhas de papel são um agasalho que sempre me consola, eleva a asa da minha mão e eterniza os meus momentos.

o sol da tarde caindo lentamente na linha do horizonte...e eu testemunho o êxtase do momento.

no balancear dos loureiros deixei a minha infância, hoje as memórias me chegam na corrente da brisa, num murmúrio de nostalgia...

calo as palavras, sarei as feridas, recompus a dor, para que reste de mim uma remotíssima fragrância que me perpetue...

teimosa nostalgia que me ata à vida... subirei sem vacilar até ao topo da montanha.

Mudam as estações, logo chega o inverno, também a vida muda e traz o frio na reta final.

o cérebro trabalha na escuridão, mas há ideias que saem brilhantes...

qualquer sítio onde se possa ler é aprazível, mas nada se iguala ao prazer de ter um livro nas mãos...

a vida supõe-se ser um etinerário de esperança, mas se a felicidade andar ausente tarde ou nunca se alcança.

as memórias são como um filão precioso aprisionado no mais escuro da mente num subtil silêncio.

o amor não quer gaiola mas, quer que sejamos dele prisioneiros.

um povo que não confia em quem o governa e não reage, não é digno da sua pátria...

trago na bagagem da memória um espelho que me revela um rosto que não encontro, uma voz que não alcanço, por muito que em mim procure...

a vida é um suspiro, quando teu sonho vai a meio, acabaste de suspirar...

quando imploro à mente pelas recordações, chega-se a mim a alma da saudade que preenche o meu vazio...num gesto de bondade

há uma distância mínima entre a tristeza e a felicidade...é preciso encurtá-la e sorrir

deixemo-nos a reflectir sobre a vibração e a força da natureza que nos traz uma alegria vital..

sinto o silêncio sinto-o crescer, resta-me calar-me e aceitá-lo já que ele fez muro no meu peito.

há um campanário em ruína sem sinos nos meus ouvidos o silêncio é de pedra, jazem ecos de recordações...

a vida deu-me um destino sem prazo, hoje reconheço a ausência dos meus melhores dias...

na minha memória um caudal de tempo, que é dor que percorre a pele quando uma ruga mais se inscreve no meu rosto...

desempoeiro as memórias para matar o tempo, antes que ele me mate a mim ou me olhe como se fosse meu dono...

anseio esquecer-me do mundo,
que insiste sempre no perigo,
dou-me conta que no pulsar dos meus versos
me vou amparando, para sair ilesa
desta luta que é o dia a dia..

há feridas que nunca acabam de fechar-se ou de extinguir-se, dias amargos, sem beleza, que trazem névoa ao espírito e o desespero é do tamanho do oceano...resta a esperança sustentada...que nos faz ainda acreditar em milagres...