nataliarosafogo
a noite abre o baú das lembranças, palpitantes de aromas da infância, colheita de certezas e sonhos.
quando se abrem brechas na memória, a vida fica sem tino, estremecem os alicerces e a alma veste-se de negro...
cheira a mimosas e o aroma cabe-me na lembrança... e por um fio, o arrepio fica preso, a uma saudade que é continuidade do sonho de sempre...
saltei ao caminho e a vida se fez pressa, morreu a esperança de tanta promessa...moinho sem vento, mói meu pensamento....
anseio esquecer-me do mundo,
que insiste sempre no perigo,
dou-me conta que no pulsar dos meus versos
me vou amparando, para sair ilesa
desta luta que é o dia a dia..
a vida é areia que escoa por entre
os dedos por mais hábeis que sejam,
é na verdade uma desolada estrofe difícil de
soletrar...
nos dedos da solidão, há palavras fugitivas do tempo...e no mutismo dos olhos, recordações que não querem renunciar...
lágrimas são nascente que irrompe do coração, cascatas velozes na memória, rio lavando a pele do rosto, redentoras do tempo e da dor.
O passado é remota fragrância existente em nós, o presente é tão inocente, tão criança, que nem a si se conhece... é um sopro cristalino, como pode saber que existe? E o amanhã é folha de trevo difícil de encontrar.
o amor é essencial, deixai a voz do coração fazer-se ouvir...ninguém pode mandar o sol parar, assim como impossível é, dizer ao coração que oculte o que sente.
confundida às vezes me afasto de mim e choro, mas logo depois o sonho me move e apaga qualquer vestígio de turbulência...
infância...a doçura onde os anjos cintilam...tempo onde o coração é um fiozinho a correr indiferente ao que lhe surgirá pela frente...
Tudo tem um limite, até as lágrimas que se derramam por amor... logo a mais obscura penumbra no coração se torna claridade.