Naeno Rocha

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Desse amor eu não quero
nem um pedaço de pão.
Desse amor eu não quero
nem mesmo uma refeição.
Estando morto na vida,
num canto da noite,
não venha buscar-me,
estarei bem aonde esteja,
entenda, eu não quero morrer.

Roupa rasgada na rua,
é bem melhor que amargura,
dentes cobertos de neve,
é bem melhor que guardados.
Estando torto da vida,
não tente mudar-me
não faça votos, não seja tão casta,
meu bem, não tente
virar pra beijar-me.

Inserida por naenorocha

RAZÃO

Há coisas cujo papel é o de apenas justificarem outras. Ha muita teoria em torno daquilo que é palpável, um papel necessário dos que buscam entender aquilo cuja existência é visível , o que de fato existe dentro da matéria absoluta. Existe muita semelhança, ou uma necessidade de que se completem as coisas desordenadas, e tudo se iguala na verdade a que se chega, de que tudo é um tudo,. absoluto e resoluto. A vida, depende não dela só, mas de tantas minúncias, uma cadeia preenchida, completa, e às vezes vazias, das vidas desligadas. O que se pensa, tangenciado o corpo sólido, se diz, ainda sem a verdadeira certeza de qeu aquilo é, ou que é aquilo, de forma tão dura e impenetrável, que não cabe o fio do penamento, entrar, caber. O que se diz das coisas, fala-se sem a exatidão do átomo, e tampouco chega-se a conjunção dos ânios e íons, muito mais lomgíquos e inexplicáveis. E dizem serem eles parte de uma célula, que compõem o homem inteiro, todas as coisas, todos os sentidos e retalhos. Onde cabe a comprovação de Deus, do seu amor, se nem um olhar até hoje foi direcionado a Ele, e acreditamos na sua santa existência sem necessáriamente termos noção de sua aparência e forma. Vimos Cristo, Deus sem dúvidas, mas coberto de das fisionomias humas. Deus é uma dedução, tida pelas atitudes divinas, a que o homem, ainda hoje reluta em atribuir a si próprio. E se Deus não fosse real, certamento o homem chamaria prá si essa divindade.

Inserida por naenorocha

O sangue e alguns retalhos de panos sem peso,
Amanheceram depois da litania dos arrependidos,
Ou oportunistas, que depois de tanto saberem
Fizeram ainda o holocausto, em nome deles.
Ninguém pedira, a não ser suas bocas para dentro,
Nenhum queria retirar-se da última esperança,
E só algumas gotas de sangue, não mais vermelho,
Quase cor de areia, infiltra-se no lugar.
Em meio aos gravetos apagados, pela tempestade,
Ainda em riste erguia o único tronco,
Aonde o esticaram, quebraram suas veias,
Canais que antes tanta bondade escoara.
Julgaram tê-lo tirado de dentro do mundo oco,
Agora muito mais deserto, e ninguém pra se escutar,
Pois que ao justo, exatamente o incólume de qualquer culpa,
Deles se agradaram como ovelha para o abate.
Dos pedaços de pano, que quase não se via,
Dava pra sentir um cheiro brando de cravo se abrindo,
E ele fora pisado, por pés desnecessários, sem valia,
E mesmo assim ardia, em pleno ermo, uma presença santa.
O madeiro, mais afortunado fora lavado,
Com o mais puro líquido. Uma nuvem vermelha,
A deslizar seu lastro, até tocar o ponto onde Ele punha os pés.
E quem dentre tantos maus abortos, poderia sequer querer,
Ter como Aquele justo, a mesma justiça, ser o mesmo Ser.
Um entre todos, o único entre todos, o que nunca igualou-se
A ninguém, nem com o acréscimo desses dois mil anos.
Mas quem julga tê-lo morto, esse realmente morreu,
Quem considera tê-lo tirado, esse sem dúvidas apodreceu.

Inserida por naenorocha

ATRÁS

Hei de caminhar sempre por essa estrada
Que por muito tempo venho já seguindo
Sem que me cause mais a noite anunciada
Qualquer medo ou motivo, de ir já saindo.

Não desiludido, mão sem a ilusão que mude
Um desgarrado que a dor vem no encalço
Caço também a paz...se ela estivesse em tudo!
É essa estrada o lugar, talvez, de encontrá-la.

Busco por aqui, a estrada que me apontaram,
Encontrar minha alma rindo, numa alvorada,
E onde ela está? Talvez siga sem noção,

Sem que me interesse além de caminhar,
Numa ilusão de procurar a minha aurora,
Com os tormentos de sozinho ir andar.

Inserida por naenorocha

UM REI

Sim, trata-se de um rei absoluto,
Que traz as diferenças e vantagens suas,
Que impera, quando na guerra do luto
Ver tombar milhares de suas criaturas.

Sim, trata-se de um rei parecido Deus,
Que quando fala a sua voz às alturas,
Faz se ouvir do mundo e, lá do alto céu,
O outro que grita é sua caricatura.

Sim, trata-se de um rei que reina ao leu,
Em leves lugares pousa e não se vê balançar,
Mas aos seus argumentos, tudo isso é seu,
O amor, a dor, qualquer sentimento, é de lá.

Trata-se de um grande, um guerreiro gigante,
Que comanda à frente toda a humanidade,
E o seu caminhar é certeiro e lento,
E quem o acompanha, chega-o em outra idade.

Inserida por naenorocha

"O amor quando sai só leva a mala, deixa a cuia"

Inserida por naenorocha

"A vida fai ficando mais seleta, sendo mais propícia aos moços, quando esta vai se aproximando do topo."

Inserida por naenorocha

PALAVRAS

Palavras são ditas pra não termos
De recorrermos aos gestos
Que são palavras ocultas
Que quando saem são passarinhos
Arrebentando a gaiola, fugindo.
Palavras são ditas para proferirem,
Tudo aquilo que não basta
E não são necessárias.
Basta em dizer o que não é
Tudo, o que não se faz entender
Por que os sinais por si dizem mais.
Palavras foram feitas para serem vigílias,
E só aqui e ali, um murmúrio
Já temos sido displicentes e vãos.
Os gestos ferem mais que as palavras
E as palavras vestem mais
Que estas sobras de agulhas, navalhas.
Eu me contento em não dizer
Ao que não entendo
De dentro pra dentro e me contento,
Ninguém me ouve, nenhuma palavra,
Que alguém confunda ser a ele dirigida.
E com o mundo costumo agir da mesma forma,
Da mesma forma, as palavras são,
Do mesmo tamanho, da mesma dimensão
Repercutem o engano sendo mal entendidas.

Inserida por naenorocha

PROCISSÃO DAS FORMIGAS

Procuro o sentido
Do caminho das formigas
E de verdade não sei
Pelos rumos aonde vão
Caminhando à frente
E fazem da frente
O lugar do seleiro
Onde tiram e botam.
E andando o contrário
Elas vêm mais carregadas
E vão na ida
E da mesma forma na volta.
O que lhes preocupa é a folha
Não o chão, não o rumo pontilhado.
Disperso o meu olhar
Vai sem nexo,
Carregado de outra dúvida
Uns pingos que se mexem
Voluntariamente, mas parece à toa
Que não andam perdidos
Seus pezinhos que voam.
Não há marcas das formigas
Pelos caminhos que palmilham
E se alguma marca houvesse
Fácil dava pra identificar,
Pra onde é que elas vão,
De onde vem é que elas vêm.

Inserida por naenorocha

NAENO E O VENTO

Pelo mundo inteiro acho que andei.
Aos anjos tristonhos perguntei
A todos arrenegados indaguei
Queria saber o que é o amor.

E ninguém soube me falar
Aí pensei desistir.....
Tamanho e cor eu preteri.
Concluí da dor que se faz sentir
Do amor não se fala
Vestígios de sua essência além
E assim como se já consciente
Do amor não sabe,
Além de misteriosos sinais.

O amor é o zelo,
É a proteção dos espinhos
É o vento quando chega
Abrindo as vagens
Tempo das sementes cairem
E se dispersam para qualquer lugar.

Inserida por naenorocha

" Amor quando eu saí o cais deu prum deserto, aí eu fiquei tão triste e certo: Que o amor é coisa dolorosa, qua a lágrima fria é saborosa"

Inserida por naenorocha

" Estou com saudade e toda tarde choro lembrando rio, o por do sol. Minha verdade é a que tu sabes, eu não consigo viver só".

Inserida por naenorocha

ROMÂNTICOS

Houve um tempo em que os poetas,
Ardiam de amor.
Catavam silenciosos, rimas,
Deliravam em febre e iam solitários,
Tudo em nome de qualquer amor.
Alguns escreviam deitados, e tomavam chá
De hora em hora, enquanto a amada chora,
Por desespero, por não amar,
Por não deixar-se amar.
A repulsiva sorte do pobre, a morte,
Ironicamente os inspiravam a falar de sorte.
Houve um tempo, tempo de delírios,
Dos moços, das tabernas infiltradas,
Das chuvas em mormaços,
De uma dor devastadora, que doía,
Uma dor que não suplantava
As mágoas do poeta em não ser amado.
Será que estar por vir esse mandamento,
Em que a poesia pede esse andamento,
Em vez de externar sua beleza, pureza,
Fica nas tranqueiras, no mal pensamento,
Viver só com a morte ao lado,
Morrer com a amada distante
Com a cama repleta de papéis cruzados,
De obras rimadas, de um corpo finado.
naenorocha

" O futuro é o presente desembrulhado".

Inserida por naenorocha

DECLARO AMAR-TE

Por mim tudo permanecerá assim
Até que se torne alguma coisa
Que ninguém reconheça
O meu amor sentido por ti.
Porque tudo o que te dou é sempre isto
Incansáveis e abusivas declarações de amor.
Vejo na tua ausência
A distância do sol
Te amo porque tu em mim
Responde por ti.
Na minha calada tortura
Que a ti provoco
Torno-me incansável
Feito um cantador.
Feito o mundo
Que não mais nos surpreende
Qua traz o vento cheio de orações
De arrependimento,
De necessidade, prantos
Das calamidades do amor assim.
Porque encostei minha boca na boca da noite
Horas em que estais esquecida
E assim meu amor inoportuno
Silente, só o coração a ouvir
E minhas entranhas a se contraírem
Quando não sou misterioso.
E termino por falar que mais te amo
Repetidas vezes ao dia.

Inserida por naenorocha

CHORO DA ESTRELA

A primeira estrela que eu vi esta manhã
Estava chorando.
E por sua dor impregnada em mim
Declinei o meu rosto e chorei também
E eu só vim perceber
Porque pensei, chover
E dissimulei: chover do nada
Nenhuma nuvem
Foi quando a vi soluçando.
Os pingos de suas lágrimas
Faziam esta chuva
De gotas contadas
Mas que o chão todo molhava.
Os olhos de uma estrela
Não são como os nossos
Que sequer dão para lavar o rosto
Elas lavam a vida inteira
Elas comovem o mundo inteiro
E assim todos choram.
Tomara seja a solidão do tempo
Porque todas as outras estão imersas
No escuro, um domínio protetor.
-Não chore estrela
Não chore
A companhia dos homens não te basta.
Não te redime com a comoção
Pelo teu infortúnio?
Abre a tuas visão
Numa manhã venturosa
Acompanhada de todas as noites
O lindo estrelar.

Inserida por naenorocha

COM RAZÃO

Tem uma razão para esta minha tristeza.
O meu amor não tem cumprido com sua palavra
De todas as manhãs me acordar
Dando-me beijos
Dizendo que me ama
Abrindo as cortinas
Falando de um dia lindo lá fora.

Tem coerência esta minha saudade
O meu amor anda viajando
Pelo mundo andando
Não sei o que, procurando
Algo que a deixe entretida
E eu esqueça o olhar severo da vida
O meu amor sabe de mim, tanto
Que não lhe causa espanto
Antes causa ciúme
Porque é pela vida
Que derramo meu pranto.

Tem cabimento
Toda esta ausência
Eu sou um que está longe de casa
Fora do ninho
Sem ver meu amor
Sem carícias do abandono
Sem o meu amor amar.

Inserida por naenorocha

SIMPLES

Deus não é egoísta
Este sentimento é visto
Ele fez quase tudo bonito
Algumas coisas esquisitas
E para tudo Ele legou um sítio
Lembrou a todos os esquecidos
Depois que já havia partido
E ordenou que as vistas
Fossem todas frontais as divisas
Para que não se sentisse
Sem a nossa dispensada companhia.
De tudo Deus nos serviu
De corpo caminho e vida
De amor que se comprimiu
De suas expostas feridas.
Deus não quer para Si
O que criou para os filhos
E nestes olhares aflitos
Nessas promessas benditas
Deus foi morar no infinito.

Inserida por naenorocha

"Quando somos crianças vemos as coisas, os espeços por onde pisamos imensos lugares. Quando adultos a gente vê cada vez menos e as coisas vão ficando menores e ruins".

Inserida por naenorocha

PARA O BEM DOS OUTROS

Eu gosto de brincar
Com os corações das pessoas
Inclusive com o meu.
Penso que assim
Os animam para o resto da vida.

Gosto de me desencontrar
Das pessoas
Que marcaram compromisso comigo
Penso que assim
Eles possam
Tirar conclusões sobre a vida
Penando a sós.

Gosto de ser débil
Diante das pessoas
Penso que agindo assim
Elas se achem mais interessantes que eu
E não furtem seus tempos
Querendo montarem
Nas costas dos outros.

Inserida por naenorocha

Quero sem que ninguém saiba
A ser desconhecido, eu
Passar imperceptível
Completar minha vida
De não buscar mais nada.
A ambição faz dos homens
Papéis alçados, pelo vento.
A todos aqueles que ter
É não conseguir conjugar
O que tinha minutos atraz
Aqueles que a felicidade
É a paralização dos movimentos da terra
E estão sempre a espera
E tudo o que vier é dote.

Inserida por naenorocha

" Eu já me dei a Deus, por tudo o que Jesus Cristo me deu".

Inserida por naenorocha

ODIGETORP

Não falo do meu amor a ninguém
Existe em mim o medo
Que alguém o reconheça
E desenhe
Seu retrato falado
E aí passe a incomodá-lo.
Mas não o enxergam
Os que o buscam
Trancafiado vive o meu amor
Numa cela semi-aberta
E quando se chega
À hora boa e certa
O meu amor
Permanece só comigo.
Pela melodia, pelo cantar
Eu reconheço o meu amor
Por que é assim que ele me fala.

Inserida por naenorocha

NADA

O nada é a visão da vista oculta
É segredo que não quer emitir a boca
Se curvam diante à altura
Que não se vê mais que se escuta.

É o preso do começo a que não vá
Às estações distantes antes e depois do nó
A que se ata e já a vida está
Por desespero querendo o melhor.

Não há quem nada ver e se põe a falar
Nem tem boca audaciosa que se puna
Por não saber do se trata
Os dilemas que a si propunha.

Do nada se edifica o tudo
E o tudo nada por orifícios fundos
Que por nada começa ainda mudo
Que quando fala já se está no mundo.

Inserida por naenorocha

A ALTURA DO MEU AMOR

Não diga do meu amor uma possessão
Nem o mito que eu mesmo não amo
Que de respeito e temores vãos
Não existe em mim essa comoção.

Há o respeito, o medo ao mito
Há a chegada à errada conclusão
Mas se não for amor, não sei porque me explico
Porque este mimo, esta imensidão.

Linda verdade que pode ser dita
E prazeroso assim o meu amor todo é
Não invisível, não anda escondida.

Ele é o mimo, um vagalume no escuro
Depois da chuva do que era duro
Depois da reza do terço o Bendito.

Inserida por naenorocha