mfpoton
Ligeiro dedilhar
de teclas brancas e negras
emergindo canções
num vago salão
como que preenchendo
um coração
com notas que cravam
no peito
uma melancólica melodia
ate que
de canção em canção
de repente
surge uma
pirilando
num chorinho
no piano
como que conotando
minha alma brasileira
faz acender
minha euforia...
Algodão doce a preencher
o céu de cor de rosa
numa nuvem passageira...
e os olhos de criança...
A firmar o palito tão desajeitadamente,
e um novelo do tamanho da carinha
a grudar nos cabelos...
Para desespero...
A nuvem resolveu chover cor de rosa,
desta satisfação despreocupada...
lambuzada...
Educar seria mostrar sua ainda inabilidade
ou deixar sujar-se para que sinta a sua vontade.
E deixar que um passeio... seja um passeio...
uma singela descoberta de criança e pais...
Verde olhar
fixo obtuso a fitar
o mar que em espelho
ao reflexo deste olhar
verde está...
o pensamento em marasma
neste apartamento
a marisia a consumir
a alma em metal
com gosto de guarda-chuva
Oh! Verde mar...
destes olhos a fitar
a cumplicidade da vida
e arrastar pensamentos...
te arrancar deste apartamento e
te levar para prencher o mar
de verde do teu olhar
Ah!...Volúpia
porque me fizeste
acreditar
em encantos
quando de encontro
passaste por mim
com olhos vazados
a entranhar-me
realidade e
despindo-me
em público
despudoradamente
como num arranco
do peito
e fazer de meus sonhos
vísceras
Cubro o rosto
e corro ao vento
como em acalento
vem o vento
acariciar-me a face
em marisia d'alma
corroendo meus devaneios
Que lástima....
por que sonhei!
Suspenso no espaço
sem chão
numa extasiante
vontade de prosseguir...
Em estado de desalento
como uma desarticulada marionete
sem fios
solta na imaginação
a devagar na imensidão
sem saber onde chegar
alma num corpo em flutuação
que não aprendeu a esperar
Ate que por si só
vai se deteriorando
e despencando como
se não se sustentasse
mais na altura
e na suspensão do ar...
Rosas...
já tão exaltadas
de todas as formas
intensa ou singela...
Vermelha
fervilhante beleza...
de entusiasmo à vida
Amarela
lúdica referência ao sol
da lucidez do teu calor
e intensidade dos teus raios
Branca
envolvente pureza acetinada
serenada de orvalho
deslizando em gota
a exalar seu aroma
Ah!...que todos os poetas
se silencie...
somente
para admirá-las
Um anjo
com um candelabro
a iluminar a noite
como vagalume
piscando fechos de luz
ao passar entre
bloqueios das folhas...
Vagante noturno
nas lembranças infantis
afastando o medo
vem em proteção
enfrentar o medonho escuro
para suportamos
e vencermos a noite
até quando ao raiar do sol
num novo tempo
chegar...
um anjo lindo
e seguirmos na noite
para adimirar-mos a lua...
O que seria do mundo sem anjos
se deflagaria a solidão
e o mundo esvaziaria...
Olho a minha volta
encontro uma mulher azul
e uma pessoa vermelha
sei que não sou doida
não aguento mais tanta mascaração
não encontro mais ninguém
só tem fantasmas a volta
não suporto mais tanta solidão
pra onde foi todo mundo
só eu fiquei aqui
se me sinto tão só
porque não fui embora junto
não sei nem onde estava
ou que procurava
perdida em mim mesma
e agora pra onde vou
só encontro eu aqui
e não tenho mais ninguém
Preciso te reconhecer
nesse antro de malucos
pra nunca mais te perder
e não ficar aqui
sozinha... sem você.
Venha...
Seja o sol no meu dia,
para eu me sentir lua na noite
e refletir sua energia.
Seja orvalho no desabrochar da flor
nas gotas do seu suor.
Seja chuva para nutrir a terra,
e não torna-la árida da tua falta.
Seja o coração da minha mente,
o motivo do meu romance;
a fonte primaria de inspiração
dos meus versos.
Seja a essência desbravadora,
me proporcionando sentimentos
de segurança como complemento
da minha serenidade.
Seja a cumplicidade da minha
natureza... seja meu par.
Um caracol...
De tanto encontrar
refúgio em mim acabei
aconchegando-me em concha
fechando-me em ostra
mariscando versos na maré
que vem como ondas
de ressaca cheia
em crescente quem sabe...
eu veja sereias
minguante das coisas
tristes e feias
mexilhando uma nova paixão
que como ondas
que vem e vão
sempre virá outra
talvez ainda maior
que arraste os caramujos
ou alise as algas
do fundo do mar.
Caixa de bombom
cor de rosa
papel delicado
fita de cetim
delicioso detalhe
um sentimento suave
e laminado estardalhaço
de tesão enrustido
ou sabor viciado
prenuncia-me fatos
que me faz acreditar
que esteja tudo consumado
Papel luminoso
de bombom de licor
ao meu ouvido educado
numa saborosa
estridente
lembrança de amor
do meu namorado...
De repente me pego
repentista de seus versos...
sei que estas em meus
delírios...
sinto a textura de seu rosto
sua barba de fazer,
em meus sonhos...
E no alvorecer
sei que em algum
lugar estas...
e sei que estou...
em seu pensamento
nessa refutação desvairada
de mensagens deliciosas;
como ondas que
vem e vão...
dessa nossa imaginação...
meu rebatedor de emoções...
nem sei se me inspira versos ou
ainda mais amor...
As vezes fico como a lua...
que não vira a face...
pois é sempre a mesma...
mas muda de fases...
e as vezes fico oculta...
meu amor...
Ah! Vida! Vaga
Vagabunda...
Errante...
Parece que não levas
Nada contigo
Só um vazio gigante
Tentando enganar a
Si próprio
Ou a quem vê
Quando na verdade
transparece em cada poro
que és pura
obsessão de amor...
A mulher da prateleira,
como mostruário... tão comum, em espécime...
Como aquários de gatos em pet shop,
tão farto no mercado...
Tentando um valor alto, como a um leilão...
O preço do prego que consegue,
é cair da prateleira...
Como latas em tiro ao alvo, em parque de diversão...
E o brinde é uma garrafa de vinho...
Qual a real do irreal
Como saber ate aonde não sou louca
Não quero ser micha,
nem tampouco perfeita
Se o que sinto é verdade
Como saber sem ver o brilho dos teus olhos
Nem sei se falo de mim
Espelhando-me em ti
Ou delírio de volúpia na minha loucura.
Ou tenho medo de tocar
E a realidade se apresentar outra
Meu sonho se desmanchar
O encanto se quebrar
E eu me descobrir outra
Não... Não consigo parar de te olhar
Me perguntar tantos será!...
Se não posso acabar
Pois acabaria comigo
Ficaria como zumbi
A entender menos que antes
O que faço para aquietar minha mente
Aquietando a sua...
Acreditando que difícil e fácil não existe
O que sinto sim
Só não sei se real a realidade
O que faço...
Bater em sua porta no meio da noite
Sem que você saiba quem sou...
Louca de amor
Posso rir, se nada existir
Ou não suportaria este riso
Ao invés de suspiros...
Borboleta azul cintilante,
Num céu azul resplandecente
Tão leve e suave como deveria ser o amor,
Não devemos tocar, mas ser tocados...
Se tentarmos segurar sem zelo se desfaz o encanto...
Há quem te prenda um alfinete no peito, para te manter
Apenas a lembrança da tua beleza,
mas não sua magia...
Quero planar feito borboleta
Num singelo toque, te beijar...
Como a uma flor...
Do entardecer no casulo
Sentir a pegada do leito
Na doçura dos teus beijos
E toda essa magia...
De uma linda borboleta
Que me faz pensar em você...
O que Deus estaria pensando, quando te criou
Estaria ele apaixonado...
Quando olho teus olhos
Te vejo...
Carregada pelo teu olhar
Me perco...
E penso que são meus
Pois me coloco aí
E o chão some
O que sinto flui
Como notas no espaço
Se condensando em canção
com rimas que descompassam
Meu coração
nos intervalos da respiração...
O tempo corroeu nossos sonhos
Mas não nossa alma
Sua expressão juvenil continua a mesma
Seu Heavy metal virou balada
Meu nome continua tatuado em seu peito
Mas não sei quem você é
Não sei se enlouqueci
mas te esquecer nem pensar
A respiração presa de emoção
por ter encontrar...
Tudo se misturou numa fusão louca
o coração não quer ficar aqui
a saltar, pular e me empurrar pra ti
como louco desvairado, numa busca
que nem sei por onde ir...
Ah! Meu Deus porque esse louco
não se aquieta e me deixa em paz
mesmo nesta vida sem nexo
se não sei... de ti
Como criança perdida, sem saber o que encontrar
ou o que esperar ...
Enlouqueci... enlouqueci...
O que posso fazer por mim...
Se você soubesse, como reagiria...
fugirias de mim...
Preciso de suas palavras
em meu ouvido,
para senti-lo ao lado;
nos seus sussurros,
sentir-me mulher...
sentir as mãos em seu
peito de relva em entrelace
nos meus dedos,
o frescor dos seus
cabelos molhados
te sentir...
a fera nos teus olhos
que abranda em sorrisos,
porque sabes que estou aqui...
Perdoa-me por não ter preenchido teu olhar com toda ternura que sinto por ti,
Não demonstrando, escapando, fugindo nem sei de que...
Quantos afagos ficaram esquecidos no costume do cotidiano, e agora me culpo
Por não tê-los te dado, mãe...
Beijos, abraços, arrumar seus cabelos... sinto como se tivesse te abandonado...
Por que não vou poder mais te ver... você não foi sozinha...
foi levando meu coração junto... vai tranqüila, mãe...
em paz...
fique sabendo, que sempre te amarei....
Só que me sinto tão só... por saber, que não vou mais te ver, conviver, conversar com você, mãe... te amo
O amor...
é se ter a certeza, que ele esta ali...
mesmo que neste momento não esteja aqui...
apenas saber que ele existe...
Quando duas almas se encontram...
que por motivos, sei lá... acumulados...
bastam saber da existência...
que já supri um peito tão apaixonado...
Querer entender as razões da vida
que nos une e nos afasta
somente em espaço e tempo
pois o amor vence este plano
na energia de uma paixão inexplicável...
Borboleta branca tão esvoaçante,
cintilante ao meu olhar...
Venha ao meu alcance e num toque de amor,
me traga a mensagem de um anjo...
Vou sentir até medo que esse amor tão lindo,
possa ser singelo... mas não breve...
Venha borboleta branca, leve minha mensagem...
diga a este anjo, de um conceito de amor...
que de tantas vidas se eternizou...
pela simples razão do reencontro...
numa esvoaçante busca do amor...
Meu sol, meu mar, meu ar...
fincando bandeira de posse em meu chão
em meu caminhar...
que a mim não me desferez nada além de vocês
partirei em domínio deste território
apossar-me, onde todos pensam ser posseiros
ignorando-me...
Onde deixei a ermo
na minha tradução de vida
se pudessem, levariam-me até meu pensar...
em detrimento de mentalidades que sempre ignorei.
Encontrar forças e retornar ao que a mim pertence
antes que por numa espécie de troféu do domínio
me levem além dos anos, também a alma...
Preciso tanto renascer, ressurgir como a uma fênix das cinzas de mim mesma...
Sozinho encontrar um caminho
onde me arranque das garras do condicionamento
onde me parece tudo perdido e triste...
só falta você além de mim mesma...
Farol vermelho,
sangrando desejos,
aperto no peito;
não encontrei em ti...você
O dia se descolorindo,
embaçando como vidro na chuva
perdendo as cores, ficando cinza
As lanternas e faróis da noite
em traçados rápidos,
como você me atravessando
A vida te afasta, quando pensei
que te aproximava
sentindo sua presente ausência
que me preenche de
saudades dos teus olhos
O meu ou seu...medo de se dar
ficamos paralisados
buscando sonhos... nem sonhados...
Nada importa, nada
O que importa,
São conquistas...
Realizações
Como num leilão
Quem da mais...
Quem da mais...
Quem paga mais...
Quem tem mais...
Seu Rolex...
Sua guitarra...
Seu leilão vira feira
Seus solos viram marchas
Dois pra lá... Dois pra cá
Pois acaba virando tudo... A mesma coisa...
Eu não sou...
Me falta algo
Que não sei bem o quê
Mas sei que falta...
As tardes ficam vazias
Os domingos sem entardecer...
Não da pra preencher
Com amenidades
Ou com um idiota qualquer
Preciso do solo da sua guitarra
A me preencher a alma
Com uma linguagem
Como se fosse a mim mesma
Espantar uma solidão
Que não se engana
facilmente...
Não da pra ficar sem uma canção de amor...