Maria da Penha Boina

201 - 225 do total de 275 pensamentos de Maria da Penha Boina

Analogia

Um homem é intitulado guerrilheiro quando luta contra uma Ditadura,
um homem que luta contra uma Democracia, este é um autêntico terrorista.
Um homem que sabe viver consigo mesmo é sábio,
um homem que necessita de qualquer coisa ao seu lado para viver é desventurado.

Inserida por MariadaPenhaBoina

O idiota

Lisonjeou-me, adulou-me
carismaticamente
galhardamente
para encobrir a imaginada galhada
camuflou-se pretensiosamente
subjugou-me com a absoluta certeza
que a sua idiotizada sedução
aliviaria a sua oprimida cabeça.

Perdeu e, perplexo, se odiou
alucinado em trama, em conspiração
chamou-me hipócrita
e eu vos digo:
minha alma fica intransparente
a minha virtude se torna disfarçada
quando digladio com idiota
porto-me hipocritamente.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Contradição

Disseste
Quero lá saber de economia
de política e de filosofia
Quero lá saber de poesias
de futebol e sociologia
Quero é saber o que queres
quero saber se estás por mim
Eu respondo-te:
Não faço filantropia
vivo de saber de economia
política, filosofia, futebol e sociologia
Enquanto tu, abana bandeirinhas
fazendo campanhas de politiquinhas
atrás de mesquinharias
tentando cabelos curtos
fazendo analogia
tirando verruga do rosto
perdendo autonomia.

Inserida por MariadaPenhaBoina

O último ato

Vejo-te lindo, sorridente, reluzente
todo contente, arranjado em cor
não carece de tabaco, ficou casto
bebe do bom licor

Mas, que derrota à devotada
com o lume apagado
vagando em meio ao nada
lesa, fria, em noites de calor

É tão passageira a felicidade
murcha a flor da vaidade
traga a cachaça, do pulmão sai a fumaça
companheiros do sofredor

A abestada arrefecida
dedicada conselheira
acariciará a tua pálida beleza
adornada, coroada em flor

Terás noite de brilho
mar em calmaria
o lume acenderá a mais bela fogueira
ao nobre Viking? Penhor.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Impostura

Chegou pisando leve como uma lebre
Não podia fazer nenhum barulho
Sorrateiramente amarelado
Não acendeu a luz
Culpado, assustado
Não podia ser pressentido
Mas a desgraçada da coruja
Soltou um pio de som soturno
- Ele ficou com os olhos esbugalhados
A sua senhora levantou-se marmota
E ele, não havia pensado na lorota.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Safo

Já tarde da noite, chegando em casa
depois de mais uma teatralidade
da aula que conduzi na faculdade
me dei conta que sou agiota de vida

Quem necessitar poderá pedir-me emprestado
sem hesitar, não sou capitalista
posso até colocar um preço
cobro um sorriso, dou-te o endereço.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Recaída

Fecham-se todos os cadeados
a fim de não ter de suportar a repetição da moléstia
dos desentendimentos por rotulação
da degradada vivência

Desgoverna-se pela droga o sentimento
nas noites de amargura do enlouquecedor dia
Procura-se nas portas entreabertas, esquecidas
transcrever emotividade adormecida

Insanidade é o que significa
traçar-se um efeito inabalável
depois, apagar das espinhas as causas primárias
proporcionando o caos interior do que já estava resolvido

Acorda-se arrependido
tateia-se as portas novamente
foram lacradas inteligentemente
para não invocar dupla recaída.

Inserida por MariadaPenhaBoina

As baratinhas

Não gosto de baratinhas
De nenhuma delas precisamente,
Mas existem as francesinhas
São traquinas, brincalhonas,
Correm velozmente.
Por saberem do meu dissabor
Insistem em ser minhas amiguinhas
Ficam a brincar comigo persistentemente.
Quando no joguinho eu entro
E empunho a vassourinha
As danadinhas todas afáveis
Correm e imergem
Para dentro do ralinho.

Inserida por MariadaPenhaBoina

O estado da arte da ignorância e o poder

Eu bem sei que você não tem nada de bom
Esse é o seu carma
Não tem beleza
Além disso, teve a má sorte de ser pouco dotado
por pouco seria eunuco
Anda encurvado denotando a preguiça
Não tem dinheiro nem estudo
analfabeto funcional
É fraco e necessita de estar acompanhado
para desfrutar dos haveres alheios
Até tenta manipular, mas é facilmente manipulável
só faz o que os outros mandam
Camufla-se de penas macias
mas a alma é de felino
Reina no seu âmago a acusação
O seu umbigo é o centro da galáxia
O seu 'machismo' a sua desgraça
O seu inimigo é quem te estende a mão
Você é o bobo da corte
companhia à diversão
Sua mais forte característica é a usabilidade
lenço descartável
papel higiênico feito de material reciclável
Suas crenças, valores, mitos e ritos
são históricos, do mais remoto passado
Você até que consegue algum espaço na corte
é o tipo necessário aos donos do poder
A sua alcateia é das hienas
para limpar o que se deixa apodrecer
Alimentado, solta risadas de consideração
Inevitavelmente substituível, esse é o seu sofrer
Revoltado por perder as migalhas
pega o seu martelo e ameaça todos acima de você
Tem desejo de vingança, quer matar e quer morrer
Arremessa a esmo as suas armas
cai exausto, não atinge nada
só tumultua a ordem do poder
cai na jaula, fica um tempo e se acalma
espera a sorte lhe sorver
Eis que acontece o acaso
volta a dançar conforme o embalo
assim vai levando a vida sempre ausente
mesmo no estado presente
E eu solto o meu grito
- Ignorante!!!
necessitamos de gente como você.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Retaliação

Foi de uma insistência de proeza épica
ocasionando a minha cedência impensada
ao encontro virtual
resultou em uma paixão que me cegava
em um amor incondicional
tudo em mim se alterava, palpitava
da carência para despropositados atos
abandonei o holograma
converti tudo para o real
deparei-me com um corpo delicado
revestido com alma fétida
com sorriso falso e o beijo esmolado
não chorei, não protestei
apenas aprendi a imitar com o ser camuflado
habituado a ludibriar
quebrador de corações
destroçador de ternurinhas
sem nunca se importar
joguei o jogo dos fracos
minha artimanha
fazer com que sentisse em sua pele falsa
a dor que toda gente sente quando menosprezado
com um belo sorriso nos lábios
sentei-me à mesa
e degustei o melhor do cardápio.

A vergonha de ser feliz

Por que você julgou que eu fosse morrer?
Tenho a certeza que era essa a sua maior vontade
Minha verdade?
Estão nos anos que vivi quase morta
de arrependimento e sofrimento
suportando a infelicidade
pela falta do meu próprio eu
da minha autonomia e estabilidade
trocados por um ambiente hostil
Fugi para ter de volta o meu mundo
Continuei por algum tempo a sofrer
sabendo da sua insanidade
revolta, ódio e até onde iria a sua intolerância
E eu te digo, você trabalhou como rato de esgoto
mas, víboras se alimentam de ratos
Como disse o poeta Gonzaguinha
"viver é não ter a vergonha de ser feliz"
Eu sei, você não conseguiu a sua vingança
mas encontrou a bonança
sem a vergonha de ser feliz
Sabe por que o poeta disso isso
sobre a vergonha de ser feliz?
É que a felicidade está no amor que sentimos
e quando não existe amor de verdade
sabemos que a felicidade é passageira
são momentos no arrepio das ilusões
apoio para as frustrações
Sem consciência e em apuros
usa-se e abusa-se incondicionalmente
por um tempinho feliz
Mas, quando consciente
sabe da "incompletude" que tem
e aquilo que completa é incompleto também
É isso que nos causa vergonha
e para suprir a danada
grita-se aos quatro ventos
que não tem a vergonha de ser feliz
por já estar desolado
com a felicidade que tem ao lado
E digo ainda,
não vou morrer por causa da sua felicidade
pelo contrário
ela suscitou a minha independência de responsividade
libertada das suas agruras
e tenho vergonha de dizer
pela falta de carência interior
o quanto sou completamente feliz.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Metamorfose por completude

Querer ser é humano
Ser per se stante
Não, é perjúrio introspecto

Professa com imprudência
valores internalizados
avivados de senso comum

Sem moral e com medo
ceifa a consciência
alivia a vergonha, silencia

Apartado de si e sem ser
não persuade
debalde luta pela plenitude

Certo da incompletude
metamorfoseia-se algures
abasta-se com qualquer ser

Inserida por MariadaPenhaBoina

Sem noção

A vida é assim
A gente vai a todo o vapor
trabalhando que nem cão
do meu conforto não abro mão
até divido o meu pão
e tem aquele que fala mal da minha razão
não tem coração
não aceita o meu casarão
nem o apartamento de magnífica visão
leva um pontapé no bundão
e depois pede perdão
perdão - não
e passa a viver de ilusão
perdido na escuridão
vai se desgraçando para ter satisfação
cai por terra toda a sua condição
perde totalmente a noção
pensa que todos são iguais nessa Nação
sente-se bem em morar num prédio caixão
de usucapião.

Inserida por MariadaPenhaBoina

A morte do amor

Para que o amor não fique insosso
Não dure somente uma canção
Não passe de uma paixão
Sou capaz de planejar anos e anos em solidão
Multiplicar tudo que for tangível
Segurança à união
Depois, concretar a alma e o coração
Alicerce para uma duradoura relação
Os desatinados não acreditam nisso
Acham que, se existe amor, mora-se até no lixo
Não existe amor que dure
Quando falta o tostão
Dói tanto outros órgãos do corpo
Que se esquece o coração
Morre a afeição.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Abichornado

Se você acha que não te dei
tudo aquilo que queria,
eu digo a você
te dei amor, carinho e poesia
mas não era o que você pretendia
dinheiro era a sua inquietação
minha vida, servidão
não importava a você
o cansaço, o desgaste
no semblante da menina
então eu tomei de você
muito mais do que podia
tirei o seu sono e a sua fantasia
deixei para você
a saudade da mordomia.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Essencial

Seu moço,
você não gosta da semideusa
observe quem você ama
a deusa seminua
que toda a gente aclama
Você alcoviteiro perverso
nem se ressente
inevitavelmente, conivente.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Minha culpa

De quem é a culpa? Deve ser minha
Sou apenas uma parte do núcleo do átomo
Que valor tem a minha estima?
Ensinei aos meus descendentes
civilismo, conduta ilibada
Para quê?
Para viverem e presenciarem
terrorismo e corrupção
comandados pelos marafões no poder
Mas, a culpa deve mesmo ser minha
desiludida com tamanha podridão
escorreguei na casca da banana
que o mandrião mandou ao chão
Tamanha foi a minha desilusão
que derramei tantas lágrimas
e enchi a barragem em Mariana
e ela se rompeu
Aniquilei com o rio tão doce
cheguei ao mar tão salgado
detonei a região
As minhas lágrimas secaram
vai ter seca, faltará energia
afundarei com a economia
e a miséria reinará
e toda culpa é minha.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Efêmera

Sou quem planta a planta dos pés
no fundo do rio das ariranhas
na poeira cósmica
no vértice do kilim

Nada me enaltece
nada me tortura
para cada sensação
revolvo as quimeras da infância

É volátil o voo da emoção
é como seguir os rastros que deixei
nas infinitas dunas em que caminhei

Todo elemento com o seu movimento
cada momento, enriquecimento
os meus fascínios, passatempos.

Inserida por MariadaPenhaBoina

À Hanna

Hanna possui milhares de "amigos"
tem a Tina, a Lene,
talvez a Celine, Dora e Deusa também
é interminável a lista, impossível falar de mais alguém

Hanna política, artista
toca flauta transversal erudita
em perfeita melodia
mas, somente quando lhe convém

Conheço Hanna de touca
com sorriso cativante e olhar meigo
não é lá boa boca

Hanna é bem do tipo
não é do ambiente boa bisca
joga cartas com o amigo do amigo
e tira proveitos disso

Hanna necessita de estar em evidência
como não tem lá muita inteligência
só faz pacto com a demência.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Saudade II

Sinto muita saudade
das mentiras que me contava
elas me divertiam mais que novas piadas
eu conseguia passar horas e horas a ouvi-las
eram por demais, engraçadas
eu engolia a satisfação, não ria.
Pode me chamar de louca
louca sempre fui um pouco
mas sabendo toda a verdade
e poder ouvir as estórias mais tresloucadas
durante anos a fio da sua boca
era fruição de graça.
Sinto muita saudade
saudade das sua mentiras.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Nirvana

Sou meio abestada às artes manuais
Engenho melhor as máquinas
Introspectiva fico diante delas, fico imbecil
e o silêncio enche o meu mundo, meio estúpido
Vivo sossegada, descompromissada
Diante de mim, uma parede acinzentada
um varal com peças de roupas penduradas
alguns sons que veem de fora, inidentificáveis
Desenredo o meu silêncio em palavras
turvas, mudas, inexatas
Desprezo os clichês e as suas cópias desordenadas
que quebram o fascínio poético
daqueles que bem escrevem os seus nadas
Assim, passo as minhas horas, encantada
entre turbilhões de ideias
vou afugentando as ditas realidades
dessa sociedade cheia de crendices
Desculpai. Mas não nasci para os afazeres banais
para costurar as roupas rotas
e almoçar ao meio dia e meia
a minha didática de vida é outra
Sei, desiludo, não sou de bom trato
boa companhia
Vou, conforme vai o vento
lamento por causar desapontamento
sou obtusa diante do compreensível.

Esquecimento

Não me lembro mais das aventuras que tive
O cheiro não chega mais com o soprar do vento
Tento através de um esforço hercúleo
relembrar dos sorrisos, dos gestos
e dos sons das palavras ditas
e não me lembro
Tentei eternizar o efêmero
foi a minha mais pura tolice
Nasci com inclinação para o imortal sentimento,
me traí, mas não me repreendo.

Inserida por MariadaPenhaBoina

O vazio do Jeca

Vai lá neguinha
esquentar os pezinhos
é a estação mais propícia
para tomar chá e tirar a cortiça
Vai lá neguinha
seja ao menos coadjuvante
para esse triste cenário
solitário, invernal
leve o seu calor no abraço
nem só de outono
vivem os palhaços.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Carnaval 2016

Carnaval, eita! como é bom
Samba no pé, pele suada
a rua, um cabaré
Eita!... como é bom
de um lado um beijo molhado
do outro, um desejo danado
e o coração zabumba bumba
no ritmo da canção
Eita! carnaval
overdose de pulsação.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Minha forma de amar

Atordoada eu fico
por amar de uma forma tão excêntrica
amor de encanto eternizado
causador de assombramento
mas, é amor venerado,
não é amor medido
é amor discutível, irreverente
que tem a beleza do que é enigmático,
e é esta a sutileza:
- quem estagiou nesse meu amor indeterminado
por ele viverá deslumbrado.

Inserida por MariadaPenhaBoina