Marco Aurélio
Para viver uma boa vida: temos potencial para isso. Se pudermos aprender a ser indiferentes ao que não faz diferença.
Em uma conversa, devemos dar atenção ao que é dito, assim como refletir sobre o efeito de cada ato.
Não aja como se você tivesse dez mil anos para jogar fora. A morte está ao seu lado. Seja bom para alguma coisa enquanto você vive e está em seu poder.
O dever de um homem é permanecer em pé, não ser mantido em pé pelos outros.
Limita-te a amar o que acontece a ti mesmo e a trama de teu destino. Afinal, o que seria a ti mais conveniente?
Não te deixes dominar pela impetuosidade, transmitindo, sim, justiça em todas as tuas ações e impulsos, e em todas as tuas ideias conserva o entendimento.
Seja tolerante com os outros e rigoroso consigo mesmo.
Se teu temor não é aquele de algum dia cessar de viver, mas aquele de nunca principiar uma vida em harmonia com a natureza, tu serás uma pessoa digna do mundo que te gerou.
Ninguém te impedirá de viver segundo as diretrizes da razão de tua natureza; nada te acontecerá que se oponha à razão da natureza comum.
Dê a si mesmo tempo para aprender algo novo e bom, e pare de se deixar levar pelo turbilhão.
Em uma palavra, lembra-te que não transcorrerá muito tempo para que tu e ela estejam mortos; logo depois, nada deixareis atrás de vós, nem sequer vosso nome.
Viver a melhor das vidas constitui um poder que a alma possui em si própria, isso sob a condição de ser indiferente com as coisas indiferentes.
O presente, de fato, é igual para todos; o que se perde é também igual.
A vida do homem é apenas um momento, e depois de um certo tempo todos nós estarmos mortos.
Passe então por este pequeno espaço de tempo em conformidade com a natureza e termine sua jornada contente, assim como uma azeitona cai quando está madura, abençoando a natureza que a produziu e agradecendo a árvore na qual ela cresceu.
Sempre que você estiver prestes a encontrar um defeito em alguém, pergunte-se o seguinte: Qual é o meu defeito que mais se assemelha ao que estou prestes a criticar?
Ou vives naquele lugar e com ele já estás acostumado, ou te encaminhas para fora dele, sendo isso o que quiseste, ou morres e assim tua tarefa está encerrada. Além disso, nada existe. Portanto, encoraja-te.
Ao deter-te diante de cada coisa que se apresenta sob teu olhar, pensa que já se encontra em processo de dissolução, que está em transformação e como que em processo de putrefação ou dispersão, ou, alternativamente, que cada coisa nasce e se desenvolve para perecer.
Caminha e corre sempre pelo caminho curto, e o caminho curto é aquele conforme a natureza, de modo que tudo o que digas e faças seja maximamente sensato.
O tempo assemelha-se a um rio e a uma corrente violenta constituídos pelo vir a ser das coisas. Com efeito, tão logo cada coisa é vista, já é incorporada e sucedida por outra que obedecerá ao mesmo processo.
Siga o seu caminho, então, com um rosto sorridente, sob o sorriso daquele que o convida a partir.
A ninguém acontece nada que não possa, por sua sua natureza, suportar.
A felicidade daqueles que querem ser populares depende dos outros; a felicidade daqueles que buscam o prazer flutua com humores fora de seu controle; mas a felicidade dos sábios surge de seus próprios atos livres.
