Luis Carlos Lopes de Abreu
O sentido da vida é de uma geometria
expansionista, com todas as suas linhas
a confirmar todas as suas dimensões.
Contudo, é a ciência mais fácil
de ser compreendida, desde que se tenha
sensibilidade e amor a tudo que Deus criou.
Está guardado e disposto tudo
que cabe a cada um de nós e
o sentido disso vai muito além
daquilo que acreditamos ser.
Parecem-me, as percepções humanas, segundoas minhas próprias, serem o que nos caracterizam
como a perfeição da criação Divina com o únicopropósito de testemunhar a fantástica e caótica
relação entre o mundo dos sentidos
e o mundo das idéias.
Todas as coisas criadas pelo Homem não foram criadas por ele. todas já existiam e nós só as percebemos e as moldamos com o que temos.
Comemos num mundo de sentidos, mas pescamos num mundo de ideias.
Minha vida se parece com o que não desejo e o que desejo ser.
Sou aquilo que ainda não e aquilo que jaz um dia.
E agora, o que sou?
Já foi, durou menos que um susto.
E agora, o que sou de novo?
Nunca imaginei ser isso!
Mas já vai indo também.
Quero ser algo melhor e se puder até sorrir mais.
Queria ser algo que durasse mais tempo, só um pouco mais.
O ser dura muito pouco e o que fica é somente o sentimentoque o momento de ser nos imprime, seja antes ou depois dele.
Não posso sustentar um estado de ser mais que um breve momento,
mas posso querer isso várias vezes, em vários momentos. Assim apreciar os sentimentos proporcionais às minhas escolhas.
Acho que sou isso!
E já foi de novo.
Acho que sou isso também...
Não consigo dormir.
Rolo pra todos os lados, e enfim, perdi.
Levantei-me no meio da madrugada.
Não sabia o que me encomodava.
Nenhum pensamento durava muito.
Cada assunto que meu cérebro buscava pensar findava já na introdução. Não tinham desenvolvimento, muito menos conclusão. Era como seu eu pescasse e fisgasse peixes que não me serviam e então eu os lançava de volta no rio.
Peguei um livro e extraí os trechos filosóficos para passar o tempo. Cada trecho com seu autor indicado logo abaixo.
Quando percebi, já estava amanhecendo.
E acompanhado a mutação lenta das trevas em luz, me dei conta.
Não estava amanhecendo.
A terra é que estava girando.
Pra mim foi a maior descoberta, mesmo sabendo que isso já acontecia.
O ponto onde eu me encontrava, não era mais diante do Sol e sim de uma estrela mais próxima que as outras tantas do universo.
Me senti totalmente alienado, mas de maneira iluminada.
A manhã está mesmo chegando?
Incrível! Não pode ser!
O que está acontecendo?
Foi nesse instante que tive o maior insight
da minha vida, até aquele momento.
O dia nunca mais raiará.
A noite nunca mais cairá.
O tempo como eu conhecia se desfez bem ali e se mostrou como algo jamais imaginado por mim.
Não há dia, não há noite.
Dia e noite são apenas um.
Não há verão e inverno também não há,
Outono já não existe e primavera jaz.
O mundo mudou?
Acho que nada no mundo mudou.
Apenas giramos num carrocel sem cavalos.
Sempre foi assim.
O dia nunca existiu e a noite não é o que eu pensava.
A madrugada, a manhã, a tardinha e a noite Só existem dentro de mim, nas minhas percepções, assim como as estações do ano, que também não existe.