Lesy Williams
Convido o silêncio para jantar comigo;
Ele aceita o meu convite sem hesitar.
Nunca pensei que pudesse ser tão bom amigo;
Num jantar onde tudo veio a fracassar.
A escuridão da noite atinge-me em magnitude,
a solidão avassala-me em plenitude;
Olho para trás e não vejo ninguém,
só mesmo a névoa a cobrir o além.
Há uma subtil estranheza a pairar na minha vida
e levei anos a aceitá-la com a coragem devida;
Escalei diversas montanhas sem medida;
Só para me nutrir com a bondade coagida.
Quem me dera ter inventado uma legítima saída,
mesmo antes de ter enfrentado uma apertada entrada.
Quem me dera não ter dado ouvidos aos demónios,
que fizeram de tudo para me entalar na emboscada.
É preferível manter o silêncio,
que separa à força a divergência dos nossos mundos.
Foi na imensidão daquele incêndio,
que o fogo queimou os nossos medos mais profundos.
O teu sorriso é uma faca de dois gumes,
um fogo que incendeia lentamente, sem dar conta dos danos...
O teu sorriso empurra-me para os velhos costumes,
colocando-me na corda bamba dos enganos.
Eu sou a fraqueza e a fortaleza
balançada em alicerces de Solidão.
Eu sou aquela que provém da Realeza,
mas não se importa com o Pó do Chão.
O querer amar-te...
"Desejo amar-te nas profundezas desta arte.
Não foi escolha minha nem tua;
Pois há uma força que flutua,
maior do que a distância entre a Terra e Marte.
Deixa-me aproximar bem devagarinho,
pois ninguém nasceu para ficar sozinho.
Os demónios condenam o nosso amor,
pois estamos a ser abençoados pela Luz do Senhor.
Quero apreciar cada curva da tua imperfeição
e alimentar este amor até à exaustão.
Porque os contos de fada são para patetas;
A rejeição fez de mim uma sublime atleta.
Deixa-me enfrentar a realidade com sabedoria;
Pois nem tudo foi como eu queria.
Foi no captar do teu olhar manso,
que descobri o meu eterno descanso.
Os amores não devem ser estruturados na aparência;
Para certas sinergias não há ciência.
Muitos me iludiram com promessas e carinho,
mas só tu me soubeste colocar no Caminho.
Deixa-me sorrir com cada patetice tua,
a vida não deve ser feita com tanta seriedade;
Por cada desgosto que se compactua,
Reconstruimos o nosso entendimento na verdade.
Querer amar-te nunca foi decisão minha;
Já foi estipulado nos princípios da fundação.
É juntar os puzzles em linha;
É programar toda esta vontade em realização.
Querer amar-te é transportar o desejo;
Eletrizar a corrente que passa entre o espírito e o corpo;
Libertar as nossas vontades e o sufoco,
que nos confinaram num sonho oco.
E eu vou render-me e amar-te;
Corresponder às vontades do Senhor.
Aperta o cinto e deixa embalar-te,
para explorar os caminhos do Salvador."
A vida são apenas dois dias,
muitos caminham distraídos nas suas vias.
Por cada minuto que passa, a oportunidade escassa.
Vamos fazer dos segundos contados,
um recinto de sonhos bem aproveitados.
Cruzei-me com o retrato daquilo que poderia vir a ser
e só através das tombadas é que pude entender;
Um retrato ilustre e bem mais bonito já existia;
Um bem melhor do que aquele em que eu perseguia.
Aprendi a não temer a vulnerabilidade,
porque ela já não me fere a velha suscetibilidade.
Pois é no desfalecimento da força bruta,
que só amparada pela força oculta.
Que a vulnerabilidade potencie em meu ser,
todos os fragmentos da Imagem que não consigo ver;
Porque ela traz demasiado para o meu entendimento;
Deixo que Jesus me embale no seu ensinamento.