Graça Leal
Na dúvida sobre a personalidade e a transparência dos sentimentos de alguém? Se relacione com este alguém incorporado de um personagem e a dúvida será sanada.
Inventaram uma felicidade padrão, aquela que é exibida como a cabeça de uma caça, e não perceberam que a felicidade real se mantém com a sua cabeça num corpo, também como um animal que, ainda vivo e livre, não está preso a nenhuma armadilha, corre pela floresta em grupo ou sozinho, com sua fêmea ou com o seu macho, com a sua cria por perto ou já independente correndo por outros caminhos, mas que exercita a liberdade de correr pelas matas sem precisar explicar o que faz nela, que deixa a marca dos seus passos, mas não o registro da sua presença, muito menos se permite ser trofeu social.
Amo pessoas que fazem uso dos seus cinco sentidos de maneira a agregar valor ao seu senso de discernimento e ao seu senso de valores humanamente reais, isentando-se do mundinho virtual e sabendo preservar o mundo descortinado que lhe rodeia com todas as suas nuances, diferenças e incompatibilidades. Não tem dinheiro que pague nem religião que acrescente ao poder de ser quem somos e de sermos aceitos do jeito que somos, porque dentro deste contexto somos pessoas muito melhores do que aquelas que se autodenominam boas por seguirem padrões convencionais e religiosos uma vez que, na real, sendo quem somos passamos a ter verdadeiros amigos para todas as horas e não só para as selfies coletivas.
Tudo que não exige empenho intelectual vira repetição, porém exercitar o intelecto deve ser uma ação repetitiva.
Se uma pessoa se ofende quando alguém faz uma crítica genérica, logo sequer cita o seu nome, significa que a sua consciência está puxando-lhe as orelhas.
Alguns de nós somos uns saudosos incorrigíveis, mas fato é que, comparando as épocas, podemos constatar um desprogresso assustador que está desqualificando muita coisa de valor.
Se o que importa é o que vem do coração então as pessoas precisam aprender a aceitar o desprezo recebido e que é ofertado com o mais profundo sentimento.
É muita gente de fé se decepcionando com o seu próximo da mesma fé, penso que seria cômico se não fosse tão trágico.
O passado deve ser visto como uma advertência para que no presente haja gerência e como consequência um futuro de excelência.
A dependência, a falsidade, a oportunismo, a exploração e a vaidade também se disfarçam de bondade. A maldade também pode se disfarçar de amizade, de sorrisos, de caridade, de complacência, solicitude, carência, sofrimento, bom humor, gentileza, de bem querer e até de atenção e respeito.
Protestar é diferente de anarquizar. Porém uma sociedade moderna, que mantém uma alma primitiva não sabe diferenciar uma coisa da outra. Para protestar deve haver um mínimo de conhecimento e coerência, como a maioria não desenvolveu essas habilidades, quando pressionados, recorrem ao vandalismo
Evoluímos tanto quanto sociedade, e dizem que também como seres humanos, que hoje não conseguimos sobreviver sem desconfiar ou nos sentirmos inseguros com a presença do próximo, justo o semelhante que por séculos nos ensinam amar, mas que estando próximo, na maioria das vezes, só nos faz amedrontar, nos enganar, nos decepcionar e nos explorar. Foi muito progresso exterior o que acabou promovendo o retrocesso interior, e o pior - é irreversível.
Me permita voar e serás minhas grades
Me permita partir e serás minha estrada
Me permita ser eu e serás minha alma
Me permita viver e serás meu respiro
Me permita escolher e serás o meu mundo
Sendo meu mundo seremos liberdade
Sendo liberdade seremos o Elo de nós
Unidos seremos individualmente completos
Se, politicamente, tiverssémos o hábito de pensar, bem como projetar intelectualmente as consequências das decisões tomadas para ambientes futuros, não precisaríamos viver para protestar tanto, mas o encantamento não deixa.
Fato é que não se consegue fazer pensar quem opta por se encantar. Uma das armadilhas do encantamento é justamente a impotência reflexiva.
Estou começando a me preocupar com a possibilidade de não ter outra alternativa senão considerar a semelhança entre as salas de aula e o congresso nacional diferenciando, apenas, o salários dos seus ocupantes com poder.
Sempre foi muito conveniente para algumas instituições, religiosas por exemplo, com o aval de muitos hipócritas da sociedade, pregarem a omissão, porque é pelo silêncio que as atrocidades se perpetuam.
A construção de um mundo sem preconceito começa na educação base de uma criança. Podemos não chegar a viver nele, mas não estamos impedidos de colocar um tijolinho nesta edificação que poderá abrigar as futuras gerações num ambiente com mais respeito. Não somos obrigados a concordar e a aderir as novas nuances sociais, mas nos cabe evitar que o irreversível se torne objeto de guerra.
Precisamos ter na consciência que mesmo sendo bons e doando o nosso melhor jamais seremos totalmente vistos como excepcionais uma vez que, aptos a fazer o "top", sempre esperarão mais de nós justamente por esta razão. Por mais que sejamos o melhor que podemos ser seja como pais, como profissionais, como amigo, como companhia etc haverá sempre uma brecha para sermos cobrados por aquilo que não somos ou não fizemos. Jamais algum de nós atenderá integralmente às expectativas do outro.