Fernando Aramburu

Encontrados 21 pensamentos de Fernando Aramburu

Pedir perdão exige mais coragem do que disparar uma arma, do que acionar uma bomba.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Leia tudo o que puder. Acumule cultura. Quanto mais, melhor. Para não cair no buraco onde muita gente está caindo neste país.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Será que não dá para ser feliz neste mundo? Eu não sei para que nascemos.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Os bárbaros adorariam que todos nós entrássemos no jogo deles. Desse modo teriam provas da existência dessa guerra que só existe na cabeça deles.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

A missão dele não era pensar nem sentir, era cumprir ordens.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Aprenda muito na escola. Aprenda e aprenda. Não pare. Se você não aprender, está perdido, me escute.

Fernando Aramburu
Años lentos (2012).
Inserida por pensador

Não deixemos que o ódio amargure nossas vidas.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Não fica chateado com isso, mano. É a lei da vida. No final, o esquecimento sempre ganha.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

Você vai ver como acusam as vítimas de se negarem a olhar para o futuro. Vão dizer que nós queremos vingança. Alguns já começaram.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

(...) um homem cuja única paisagem são as quatro paredes de uma cela, agoniado sob o peso do que fez em nome de princípios que outros conceberam e ele, obediente, ingênuo, adotou.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

Como as mulheres sabem nos manipular. Deitado na cama, com a mente em branco, Joxe Mari olhava o quadrado de céu azul da janela. Ficou um bom tempo ali imóvel, em atitude apática, com as mãos enlaçadas atrás da nuca. Por fim lhe vieram pensamentos. Ou melhor, imagens. O tempo, de repente, retrocedeu a grande velocidade. O tempo era um filme que mostrava a sua vida de trás para a frente. Saiu logo da cadeia e entrou em outra e depois em outra, foi torturado, depois preso, voltou à luta armada, à tarde chuvosa em que Txato olhou nos seus olhos, ao pub onde atirou pela primeira vez em um homem, à França, à vila e, chegando aos dezenove anos, as velozes imagens mentais pararam de repente. Imaginou então um destino diferente, que culminava com a realização do seu grande sonho: jogar no time de handebol do Barcelona F.C.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

Constatou: pedir perdão exige mais coragem do que disparar uma arma, do que acionar uma bomba. Essas coisas qualquer um faz. Basta ser jovem, ingênuo e ter sangue quente.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

Para quê? A resposta o enchia de amargura: para nada. Depois de tanto sangue, nem socialismo nem independência nem porra nenhuma. Tinha a firme convicção de ter sido vítima de uma fraude.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

Saiu do ETA, dormiu bem. Ele já andava balançado em suas convicções de uns tempos para cá. Tudo influi: a solidão carcerária; as dúvidas, que são como mosquitos de verão que não param de rondar; certos atentados que, por mais que se esprema, não cabem no espaço cada vez mais estreito das justificativas habituais; os companheiros que considerou desertores num primeiro momento e agora compreende e, em segredo, admira.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

Joxe Mari se deixou guiar. Recebeu ternura, carícias, palavras amorosas sussurradas no ouvido, e gostou. Esse foi o problema. De noite, sem conseguir dormir, entendeu de repente, e foi como se o teto da cela tivesse caído em cima dele, que estava perdendo o melhor da sua vida. Não é que não tivesse pensado nisso antes. É que então teve pela primeira vez a sensação física de que havia jogado fora sua juventude. (...)
Tempos depois, Aintzane parou de escrever. Bem, deve ter encontrado outro. São coisas que acontecem. Só que na cadeia elas doem mais.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

– Você é um cara legal, sempre foi, putaquepariu.
Gorka já estava saindo quando se lembrou do recado de Josune.
– Se você não tem nada para dizer a ela.
Nesse momento Joxe Mari já estava dando as primeiras pedaladas.
– Diz a ela pra seguir com a vida.
E os dois amigos foram embora, e Gorka, dezesseis anos na época, os viu avançar nas bicicletas em direção à estrada, Joxe Mari com o casaco de lã que lhe pedira emprestado, o outro com os seus sapatos. Gorka teve uma sensação repentina de mau agouro.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por anac2bj

⁠Você se esforça para dar um sentido, uma forma, uma ordem à sua vida, e no fim das contas a vida faz o que bem entende com você.

Fernando Aramburu
Pátria. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
Inserida por pensador

⁠Os andorinhões só vão voltar na próxima primavera. Eles me deixaram sozinho com todo esse monte de humanos que me oprime e me exaspera. Li que os andorinhões emigram para além do Saara, chegam até a altura de Uganda, por aí, e que passam a maior parte da vida no ar. Exatamente o que eu queria: não tocar no chão, não tocar em ninguém. Se eu pudesse ter optado entre nascer homem ou andorinhão, depois de ter visto tudo que vi, escolheria a segunda alternativa. (...) Que bela filosofia existencial: sair de um ovo, cruzar os ares em busca de alimento, olhar o mundo de cima sem ser atormentado por questões existenciais, não ter que falar com ninguém, não pagar impostos nem contas de luz, não se achar o rei da criação, não inventar conceitos pretensiosos como eternidade, justiça e honra e morrer quando chegar a hora, sem assistência médica nem honras fúnebres.

Fernando Aramburu
Quando os pássaros voltarem. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.
Inserida por anac2bj

⁠No meu entender, a felicidade é parecida com aquilo que algum romancista que não lembro o nome escreveu: o resultado, com consequências físicas e mentais altamente prazerosas, de colocar uma pedra no sapato, andar um quilômetro suportando a dor – momento crucial! – tirar os sapatos.

Fernando Aramburu
Quando os pássaros voltarem. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.
Inserida por anac2bj

⁠A solidão, como se sabe, é indulgente, mas a longo prazo tira mais do que dá.

Fernando Aramburu
Quando os pássaros voltarem. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.
Inserida por anac2bj

⁠Posso jurar que comecei a gostar mais da vida desde que sei que tenho nas mãos a alavanca para finalizá-la. Por essa razão, os momentos triviais acabaram para mim. Qualquer coisa que eu faça hoje tem um ar estimulante de despedida. De repente, tudo faz sentido (sim, Patamanca; sim, Camus), pois tudo acontece em relação a um ponto exato de referência. Agora, sim, agora é que acho realmente que a vida (os sete meses que me restam) merece ser vivida. A certeza do suicídio a torna apetecível, talvez porque, depois de experimentar o doce sabor da aceitação e da serenidade, eu me sinta liberto do que chamam do sentimento trágico da existência. Não tenho mais amarras. Nem as ideias, nem as coisas me prendem. O mundo seria, não sei se mais bonito, mas com certeza mais pacífico se todos soubessem desde a infância a hora exata da sua última inspiração de oxigênio.

Fernando Aramburu
Quando os pássaros voltarem. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.
Inserida por anac2bj