Eduardo Pinter
A chuva é igual ao povo:
Uma gota é o som mudo da pessoa;
Um pouco mais é a correnteza avassaladora.
Quando acho que estou no caminho certo
Ao meu lado não vejo nenhum sorriso
E ao me ver, me vejo como se fosse cego:
À cada passo há um perigo
Quando me sinto sozinho...
FACE A FACE
Não vejo o teu olhar face a face
Há uma penumbra entre minha sombra e a sua
Há um medo deste medo de sentir
E os ventos destes tempos não sopram para mim
E a quietude das paredes falam mais alto
E o verbo: seguir um sorriso - parece insólito
Talvez, por isso, quando sonho já estou acordado
Assaltando e se entregando à um novo Amor!
Às vezes, é preciso se esconder
P'ra não ser apenas mais um
fugitivo das sombras em agonia
Às vezes, convém até aparecer
de vez em quando pelas sombras
só p'ra não se sentir tão só
Às vezes, é só bobagem
aos olhos vagos que não vagam neste sentido
Às vezes...
Não há nem sentido!!!!
MAR DE TEU OLHAR
Eu preciso tanto do teu olhar
pra ter forças perante ao mar
onde navego sem olhar
para os lados negros do passado
Em teu sorriso meio escondido
distante até quando preciso
me faz fingir não precisar de abrigo
Acho que és do que mais preciso
E é tão difícil dizer isso!
PRANTOS DE JARDINS
Seus olhos brilham tanto
que os meus se ofuscam
só de olhar
As sombras de teus jardins...
Oh, céus! Me encantam
só de pensar
E suas suaves mentiras
por Deus, me escravizam
só de sonhar
E suas gotas em prantos
nos meus, são sonhos
que cansei de chorar
UM DIA A MAIS
Sonhos errados
Ilusões iludidas
Só foi um mau dia?
Caminhos turvos
Em jardins obscuros
Só foi um mau dia?
Vinho seco
Conhaque sem gelo...
Só foi um mau dia!
Pálidas flores
Em jardins de concreto
Só foi um mau dia?
Noites quentes
Nestes corpos tão frios
Só foi um mau dia?
Suave inverno
De abraços vazios
Só foi um mau dia?
Embriaguez
Escondendo saudades...
Só foi um mau dia!
Presença distante
E esta alma ausente
É só mais um dia!
E se o sol escurecer o pensamento?
E se a noite esclarecer o devaneio?
Como as flores ficarão em seu solo?
Como as manhãs brilharão em seus olhos?
Quantos argumentos terão a tristeza?
Quantos invernos terão a estação?
E quantos momentos aquecerão a frieza?
Quantos tormentos serão Solidão?
A chuva alisa o rosto frio
Como aquece o mesmo febril
As velas escondem a escuridão
D’alma cansada de ilusão
E os vultos voltam e atormentam
Acalmam a ferida aberta
Desolam a inquietude severa
E enfraquece os sonhos que sangram
E ainda temos tempo
P’ra perceber que não há mais tempo
E chorar nunca resolveu a sede
Nem mesmo o rumo da correnteza
DERROTAS
Hoje eu falei com você
E meu coração estremeceu
Depois de tudo que aconteceu
Acho que meu coração morreu
Acho que a última célula sobreviveu
Apesar que meu coração totalmente se perdeu
Mas, estou sentindo pequenas batidas
É a chance de repôr minha vida
Pequenas batidas que me avisam
Você ainda está vivo
Uma derrota não é a morte
A derrota é uma barreira
Que faz parte de uma vida
Pois sem ela não existiria
A experiência para a próxima vez
Novamente não errar
Os lados que pensam ter na vida
Infinitamente são planos e vários planos
Em minha visão o que se diz da morte
É vida; e o inverso é onde nos encontramos
Por algum esquecimento necessário
Estamos aqui para equilibrar nossos conhecimentos
Com a sina de evoluir à perfeição
E fazermos desta a estrada da grandiosidade
Da purificação, da felicidade pura
Sem ressentimentos, sem egoísmo, sem inveja...
Mas, quando vejo um marginal assassinar uma mulher em estado de graça
Após roubar (ou furtar?) seu veículo
Me mostra que ainda tenho muito à evoluir
Pois meu sentimento impuro,
Me faz retroceder à evolução: “olho por olho – dente por dente”
E isso é mau - mas me sentiria bem melhor!!!!!!!!!!!!
SAUDADE D'AVÓ 2
Há 8 meses um último suspiro
no último 13 deste que é janeiro.
Não se percebe mas,
12 meses já bate à porta
e a gente que finge ser gente...
O mundo foi melhor antes desta hora
que consumiu a alma de um tempo
que aqui não se encontrará mais.
Mas, me aguarde Vó!
A gente ainda se vê.
Beijos de seu Neto.
