Darlan Xavier

Encontrados 2 pensamentos de Darlan Xavier

ÁGUA LIMPA
Contam os antigos, que se podia tomar banho nas águas dos rios sem se preocupar com a leptospirose. Imaginem que maravilha.
Beber, lavar, cozinhar, tomar banho. Tudo isso era feito com as águas do rio, que de tão limpas, eram cristalinas. Era o ponto da fofoca. Às duas horas, todas as mulheres da comunidade se reunião na beira do rio para lavarem a vasilha do café e também claro, para colocar as fofocas em dia. (Essa não é nada nova).
Mamãe ia levar a louça, sua irmã lavava e outra enjugava. Que belo trabalho conjunto. Tudo muito lindo não é?
Agora, um choque de realidade. Nosso rio hoje é tão sujo, que quando pescamos nele, os peixes que pegamos tem lodo. Imaginem a situação. E muitos reclamam que não era pra ser assim. Mas eu digo que é assim, porque esses que reclamam não quiseram que fosse assim hoje. O agora é o ponto central da vida de muitos. O futuro, a Deus pertence. Mas nós é que construímos, e o que sofremos são as consequências de nossos atos impensados.
Seria tão bom se pudéssemos saciar a sede com a água de um rio, mas não podemos, pois estas já não servem para consumo humano.
Alguns irão dizer: ----“Olha ele nos dando lição de moral. Nunca fez nada que prejudicasse o meio ambiente”.
Claro que faço, todos os dias, e varias vezes, mas é por impulso, por costume. Agora e aqueles que batem veneno nas margens de rios, que fazem desvios, que desmatam. Esses sabem que estão fazendo a coisa errada por que não sentem vergonha na cara. Pois uma bomba de veneno pode ser trocada por uma hora de capina, ou até mesmo uma roçada, um desmatamento pode ser evitado, e o desvio. Para que mudar algo que a natureza criou.
Sou permanentemente contra as práticas que mudem a estética e a física de um lugar.
Agora, o governo vendo o prejuízo de todos com a crescente desvalorização do meio ambiente, criou várias leis e projetos que defendem a natureza. Por exemplo: deve-se conter em toda propriedade, vinte por cento de área de cobertura natural. Resumindo: deve ter vinte por cento de mata. Acho errado. Deveria ter oitenta por cento de mata e vinte de cultivo. Pois alguns não têm um pé de arvore sobre suas terras e também não se intimida com as leis vigentes que defendem essa prática. Tudo porque por vários anos, esses ficaram acomodados.
A água que eu bebo hoje e bombeada de uma cacimba, mas já houve tempos que minha mãe buscava água na fonte para cozinhar. Ela não reclamava. Hoje, se faltar água na torneira, ela dá um pití e logo começa a gritar e ficar estressada. Traduzindo: ficou acomodada, como tantos outros brasileiros, que se tiver que suprir suas necessidades com água da fonte ou rio, ficam loucos e é arriscado até morrerem de sede.
Há aqueles que nunca tiveram a sensação gostosa de tomar banho de rio. Eu, mesmo sabendo dos riscos, adoro me banhar nos rios do meu lugar, porque assim eu recordo de um tempo desconhecido por mim, onde se podia beber tranquilamente um gole de água de rio sem se preocupar em tomar junto com a água umas duas ml de agrotóxico, juntamente com uns dois gramas de coco, com mais um pouco de xixi, formando assim o que chamamos superfluamente de água.

Inserida por darlanmm

O lugar onde eu vivo.

A globalização nos afeta. Em zona rural, também tem carro, tem moto. Bicicleta é passado. Não se vê ninguém andando a pé. Para fazer um percurso de cinco minutos, montamos em uma moto e liberamos no ar cerca de treze gramas de CO2 no ar em que respiramos. Seria mais saudável se fossemos a pé. Mas ao perguntar algumas pessoas o porquê de andarem tanto de carro e moto, respondem que é para economizar tempo. Mas eu estive pensando e posso afirmar que economizando tempo dessa maneira, estamos antecipando nosso fim.
Há poucos dias eu estava trabalhando na colheita da pimenta do reino, a plantação fica perto da estrada, e eu pude notar que em um período de mais ou menos umas três horas, passaram na estrada da zona rural onde vivo oitenta e cinco motos e dezessete carros. Número absurdamente grande para um local como o nosso.
Pense, pois se cada moto liberasse as treze gramas de CO2 no ar. Seriam aproximadamente um quilo e duzentos gramas desse poluente jogados no ar que chamamos de forma supérflua de limpo. Pessoal, mesmo morando na roça, nosso ar não é limpo, as condições de vida na zona rural não é mais tão pleiteada como antigamente, nós mesmos estamos acabando com a nossa fama de bons viventes, pois nossa qualidade de vida está sendo prejudicada por nós mesmos, que pensamos estar fazendo grande coisa aproveitar os benefícios da nova era, mas estamos é acabando com o maior bem que possuímos, o local onde vivemos.
A alguns anos atrás, as pessoas se reuniam em família e iam passear pelas estradas aos domingos. Eu mesmo me lembro de como era prazeroso ir a igreja com minha mãe, minha irmã, meu pai, minha avó, meus tios, todos a pé, pois era uma diversão andar pelas estradas e se encontrar com os amigos para papear. Os poucos que tinham carro ou moto, ao invés de ir à igreja, iam aos campos de futebol para jogarem bola. Pois parecia que tinham medo de dar carona para os outros. Não parecia, tinham!
Quem tinha um veiculo automotor, o tratava como uma joia. Lavava toda semana, polia, e deixava nos trinques para exibir o possante aos finais de semana. Meu tio conta que sua primeira bicicleta ele ganhou com dezesseis anos, e ainda só podia andar aos sábados e domingos, pois tinha que trabalhar durante a semana. Hoje, hum. Nem precisa falar. Os filhos de papaizinho são presenteados com uma moto aos doze anos de idade. E muitos morrem aos treze por imprudência no transito. Os que não morrem, ganham um carro aos dezoito, mas agora não escapam, morrem aos dezenove (talvez vinte... ou quem sabe vinte e um), porque dirigiram embriagados.
É exceção àqueles que ainda vivem como no século passado, privados dos meios de comunicação, sem ter um veiculo para se locomover, mas ainda somos um bom número. Kkkkkkkkkk!!!.
Afinal. O que eu quero mostrar com isso. Que a indústria automobilística esta crescendo desenfreadamente? Também. Mas o foco implícito é: Nós estamos por demasiado desenvolvidos na zona rural. Isso acarreta coisas boas, mas em muitas ruins também. Pois se aproveitarmos tudo agora e para nós, não terá as próximas gerações do que se suprir.
Sei que controvérsias virão, mas essa é minha opinião.

Inserida por darlanmm