Claudia Vitalino
"Hora lagarta outras borboleta, as vezes o contrário, afinal este privilégio queapenas o tempo e as medalhas das lutas contra o racismo marcadas em minha pele, mas sem perder minha rebeldia"
"Emancipar-se da condição de barbárie conformada pelo racismo.
Racismo esse criado, alimentado e mantido de pé, através dos mecanismos de controle da burguesia e escravista brasileira. Romper com a noção de ser negro sumiço imposta pela burguesia através do controle e da administração estrutural, impressa na cultura industrializada e vendida cotidianamente, através do discurso da representatividade, da igualdade e da inclusão" do negro "único"
Eu digo que: Nós pretas e pretos precisamos romper para além das falas de ordem ... Se somos irmãos de cor e de dor, temos que nos incentivar e nos abraçar nessa luta por cidadania . Pra deixar de sentir as brasas é uma ferramenta usada para marcar nosso povo ,marcou nossa alma e nos torna onde que estejamos um só...
Tudo que conquistamos de fato é nossa ancestralidade que é nosso legado Agora precisamos mostramos as garras da "pantera", beleza ,força a dominação não exterminou ... Nos reinventamos hoje mais que nunca, infelizmente em alguns casos reproduzidos pelos capitães do mato da modernidade que rendeu-se ao sistema opressor.
Infelizmente!
- Não e fácil ser herdeiros de DANDARA,ZUMBI e tantos outros que vieram antes ...
A população negra continua a sofrer em nosso país . Além de resistir, a gente precisa existir e não coexiste ...
Que a sonoridade exista de fato para todas as mulheres e pretos juntos, porque entre nós existe a Rebeldia que é nossa liga e alimento.
O pensamento da Mulher Negra não é um Aditivo , mas uma "Formulação feita a partir das Necessidades "Negra"🐾 de sobrevivência genuína como guardiã da resistência de nosso povo em um dos momentos mais sóbrios onde nossa humanidade foi retirada
Metamorfose Negra
por Claudia Vitalino
Hora lagarta,
outras, borboleta —
às vezes, o contrário.
Nem sempre o voo vem antes da queda,
às vezes, é a queda que ensina o voo.
Esse direito de mudar,
de silenciar ou gritar,
de rastejar ou planar,
é privilégio
conquistado com o tempo,
com as medalhas invisíveis
de cada luta travada
contra o racismo
que marcou minha pele
feito fogo e ferro —
mas nunca calou minha alma.
Trago cicatrizes,
mas trago também asas.
Carrego dor,
mas sem perder
minha rebeldia.
Sou feita de fases,
de força e poesia.
E me recuso a caber
nos moldes que tentaram me impor.
Hoje, sou o que sou —
porque resisti.
Reparação Já!
Não é favor, é justiça.
Não é presente, é dívida antiga.
Não é concessão, é reparação.
É o grito do povo preto,
ecoando pelas ruas,
pelas periferias,
pelos corredores do poder
que por séculos nos ignoraram.
É a urgência das mães,
dos jovens,
dos anciãos,
que carregam na pele a marca da exclusão
e no peito o sonho interrompido.
É o Movimento Negro,
que não se curva, não se cala,
que planta consciência em solo fértil
e colhe a força de quem não se abala.
São organizações que se erguem
na borda do abismo social,
erguendo pontes,
construindo saídas,
escrevendo narrativas
para um futuro menos desigual.
Porque não basta sobreviver,
é preciso existir por inteiro.
Reconstruir o chão que nos negaram,
tomar de volta o que sempre foi nosso,
romper as cercas invisíveis,
criar espaços onde antes só havia negação.
Cotas, ações afirmativas,
educação com permanência e acesso,
crédito, emprego, oportunidades—
políticas que devolvem
o que nos foi roubado sem arrependimento.
Porque fomos empurrados ao porão da história,
mas seguimos de cabeça erguida,
com os pés fincados na luta,
com a alma acesa pela vida.
Reparar é corrigir o ontem,
é garantir o agora,
é fazer do amanhã um território
onde o racismo não mora.
Queremos igualdade de fato,
não apenas no papel.
Queremos justiça concreta,
e não um discurso superficial.
Reparar é romper as correntes invisíveis,
é libertar os corpos e os sonhos,
é construir um mundo
onde toda vida tenha o mesmo valor,
os mesmos caminhos,
as mesmas possibilidades.
Reparação é reconhecimento.
Reparação é reconstrução.
Reparação é justiça ancestral,
é equilíbrio histórico,
é dívida que precisa ser paga.
Reparação já, porque a nossa história não se apaga.
Reparação já, porque o tempo da espera não embala.
Reparação já, porque viver com dignidade
é direito, é raiz, é palavra sagrada.