Cassiane Souza
Assim como o sol que se põe no horizonte, o envelhecer ilumina de forma mais suave, porém intensa, revelando beleza naquilo que já foi vivido.
A alimentação consciente também nos ensina a olhar para cada refeição com profundidade: não apenas o que colocamos no prato, mas como comemos com presença, gratidão e atenção. Cada colherada se torna um abraço, cada refeição um encontro, cada sabor uma memória viva.
Assim como um peixe sabe que não vive fora da água, devemos compreender nosso lugar no mundo, reconhecer nossos limites e agir de acordo com o que nos nutre e sustenta. Que “águas” lhe dão vida e sabedoria, e onde você está tentando nadar fora delas?
Somos folhas, água, vapor e memória. Somos corpo que pede colo e alma que encontra sentido em rituais simples.
Banhar-se com ervas é um ato íntimo e político.
É afirmar que o cuidado não precisa ser caro, nem distante. É desfazer o preconceito que marginaliza os saberes populares como se fossem “coisas de crendice”. É reconhecer o poder que existe em uma folha que brota no quintal.
Não é sobre espiritualidade. É sobre saúde. É sobre presença. É sobre a dignidade de cuidar-se com o que se tem e com o que se sente.
É comum nos sentirmos perdidos em meio a tantas mudanças. Mas talvez a beleza esteja em abraçar essas transformações, entendendo que, como na natureza, também podemos brotar, murchar e renascer.
Às vezes, a mais terna doçura que Orí me concede é guiar-me por caminhos que meu coração não ousou escolher. Estranhas, por vezes dolorosas, essas sendas silenciosas guardam os segredos mais genuínos da minha alma, onde nascem as bênçãos que apenas o destino sabe revelar.