Carlos Seabra

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mãos que se tocam
olhos que se encontram
beijo na boca

misteriosa,
Mona Lisa só ri
depois que goza...

gota na água
faz um furinho como
prego na tábua

moinhos ao vento
Quixote e Dulcinéia
no pensamento

crianças mortas -
mundo que escreve mal
por linhas tortas

volta cometa -
serão as saudades
deste planeta?

patins no gelo -
riscos que se cruzam
como novelo

cerveja gelada
amigos no boteco
palavra molhada

chuva lá fora -
os pássaros, molhados,
foram embora

quarto escuro
silhuetas se amam
pecado puro

crime na tela -
mordomo no cinema
acaba na cela!

brilha o grampo
ou ela tem no cabelo
um pirilampo?

fruta mordida -
saudade de teu beijo
na despedida

palhaço triste
é como pássaro preso
sem alpiste

casal trocado
juntos pulam o muro
lado a lado

um beijo no pé
outro em tua boca
depois do café

flor amarela,
no vaso, vê o mundo
pela janela

era uma vez
um sapo que - beijado -
poeta se fez

pardal no fio
ouve o telefone
mas não dá um pio

vela acesa
testemunha olhares
sobre a mesa

mulher aflita
telefone toca
cafeteira apita

ao te adorar
não sei mais se tens
corpo ou altar...

mosca na sopa
xilique no boteco
cliente louca

dia de eleição
primeiro o seu voto
depois a traição