Ariano Suassuna

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Não existe arte nova ou velha, só boa ou ruim.

Ariano Suassuna

Nota: Trecho de entrevista ao Jornal Folha de São Paulo (Ilustrada), publicada em 28 de julho de 2012

O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você pode ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano são os mesmos.

Ariano Suassuna

Nota: Trecho de entrevista ao Jornal Folha de São Paulo (Ilustrada), publicada em 28 de julho de 2012

Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

Nobres Damas e Senhores
ouçam meu Canto espantoso:
a doida Desaventura
de Sinésio, O Alumioso,
o Cetro e sua centelha
na Bandeira aurivermelha
do meu Sonho perigoso!

Ariano Suassuna
SUASSUNA, A. Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006
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A mulher e o reino

Ó romã do pomar, relva, esmeralda,
olhos de Ouro e de azul - minha Alazã!
Ária em corda do sol, fruto de prata,
meu Chão e meu Anel - cor da Manhã!

Ó meu Sono, meu sangue, Dom, coragem
água das pedras, rosa e beldever!
Meu candeeiro aceso da Miragem
meu mito e meu poder - minha Mulher

Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer

Mas quando a luz me diz que esse ouro puro
se acaba por finar e corromper
meu Sangue ferve contra a vã Razão
e há de pulsar o Amor na escuridão!

Quem gosta de ler não morre só.

O autor que se julga um grande escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só pode ser julgado depois da sua morte. Muito tempo depois.

Se os alemães não leram Guimarães Rosa, Euclides da Cunha ou Machado de Assis, quem perde são eles.

O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado.

Só o teu nome é o que importa!
Todos os outros são erros.
Tu tens a chave da porta
dos sonhos e pesadelos.

Ariano Suassuna
Duarte, Neide. Em sua última entrevista à TV Globo, Suassuna revela poesia inédita. Jornal Hoje, 24 jul. 2014.
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Não me preocupo muito em ter ou não uma posição como artista. Literatura para mim não é mercado. É a minha festa, é onde eu me realizo. Digo sempre: arte é missão, vocação e festa. Não me venham com essa história de mercado.

Acho Melville, por exemplo, extraordinário. Agora, Madonna e Michael Jackson são muito burros, limitados, medíocres. É ofensivo dizer que representam a cultura americana.

A novela não tem nada a ver. Que língua é aquela que eles falam? Você está no meio de nordestinos aqui. Já ouviu um de nós falar daquele jeito? Aquilo não é fala, é miado de gato"

Não tenho medo (da morte). Só tenho medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo; e não ter uma morte limpa. Eu quero pelo menos uma morte limpa.

A meu ver, enquanto houver um miserável, um homem com fome, o sonho socialista continua.

Sigo tendo pena de nossos adversários aqui em Pernambuco, porque eles não sabem o que é felicidade, porque felicidade é torcer pelo Sport.

O homem não nasceu para a morte: o homem nasceu para a vida e para a imortalidade.

A globalização é o novo nome do imperialismo, e o gosto médio é uma peste, é muito pior do que o mau gosto.

Toda arte é local antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal.

Os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras.

Eu não tenho imaginação, eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo.

O Amor e a Morte

Sobre essa estrada ilumineira e parda
dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.
Tua nudez na minha se desdobra
— ó Corça branca, ó ruiva Leoparda.

O Anjo sopra a corneta e se retarda:
seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.
Ao toque do Divino, o bronze dobra,
enquanto assolo os peitos da javarda.

Vê: um dia, a bigorna desses Paços
cortará, no martelo de seus aços,
e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.

E a Morte, em trajos pretos e amarelos,
brandirá, contra nós, doidos Cutelos
e as Asas rubras dos Dragões antigos.

É preciso mais fé para acreditar de que o homem se originou do macaco do que ter fé para acreditar na história de Adão e Eva.

“[…] no meu Catolicismo, os bichos que servem de insígnia ao Divino são todos rigorosamente brasileiros e sertanejos. Por exemplo: na minha linguagem nunca entram leões ou águias, bichos estrangeiros, mas sim Onças e Gaviões”.

(em "Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta". 8ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 2006., p. 562.)

Ser poeta é muito bom porque eu não tenho nenhuma obrigação de veracidade. Eu posso mentir à vontade, cientista é que não pode.

Eu divido a Humanidade em duas metades: de um lado os que gostam de mim e concordam comigo. Do outro, os equivocados.