Apolo Green

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Monólogo⁠ do astronauta:

Existe comunhão entre os astros? Tudo o que vive se articula dentro do seu próprio âmbito social. E as estrelas? Dialogam entre si? Que mistérios ocultam em seus núcleos ardentes? Que afetos dissimulam em suas órbitas solitárias? Somos parte, apenas seus fragmentos extraviados. Por que não dominamos a linguagem das estrelas?
Tempo que corre e tempo que se curva. Quando o homem perdeu a conexão com as estrelas? Em que instante, nos apartamos de quem éramos e olvidamos quem fomos eons e eons atrás? Agora vivendo escravos de domos quadrados. Onde estamos e onde abandonamos quem somos? Voltaremos para casa um dia?
Desdenhamos tanto, que infelizmente renunciamos. Tempo que corre e tempo que se curva, até esquecermos o idioma das estrelas. Agora só restam os murmúrios submersos, as lágrimas que se precipitam no fundo do peito e a vergonha do arrependimento.

⁠Poema da Solidão:

eu não desisti de mim, só não sei
mais onde devo procurar.
eu não me perdi, só não consigo
mais me reconhecer.

⁠você é fronteira
eu sou refúgio
tua mente é galáxia
meu corpo é cometa

⁠A Odisseia do artista independente:

ser um artista independente é como tentar empinar uma pipa. sem ajuda do vento. sem a linha. e sem a pipa. o que seria mais rebelde que este ato altruísta?
o mundo dobrou a arte em um corpo frágil e sinistro. hoje em dia no universo artístico não é suficiente ter talento. o artista precisa ser barulhento, desafiar o mutismo e sacrificar a si, mesmo que contradiga sua identidade, ou afundará em silêncio.

Onde vivem os poetas?

Os poetas são como os astros; só podemos contemplá-los, nunca tocá-los. É possível registrar um fragmento do conjunto de elementos que compõem as suas poesias, mas jamais seremos capazes de penetrar no labirinto das suas emoções.