anandayasmin

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⁠Doce e alcoólatra como vinho.

Nesse cenário,
asfalto molhado, noite fria.
Luzes acesas, prédios altos.
A cidade cheira a cigarros e vícios.

Essa fumaça exala promessas falsas
e cá estamos nós,
em meio a palavras explícitas
e situações formais.

Me disse que sou diferente,
apesar de nossa diferença de idade.
Esse é um mundo de artistas,
nós somos artistas consequentes.

Falando em arte,
seja minha musa?
A última não valorizou os traços que nela realcei.
Percorreria seu corpo a lápis ou pincel,
te deixo escolher.

Só promete sussurrar a sua resposta,
não como promessas falsas que nos têm.

Sussurra.
Minha mente tá barulhenta demais,
mas eu juro que, se for você,
eu vou conseguir escutar.

Inserida por yasz

⁠⁠Humana novamente

"Ela o olhava com olhos apaixonados, transcendiam um brilho sibilino, olhos que imploravam para ser desvendados.
Mas ele a olhava com desejo — desejo aquele que era evanescente.

Oniricamente, algo a revelou, que em desvaneio ela permeou. De olhos alheios ela necessitaria para catarticar-se. Assim ela fez: abriu mão de seus olhos apaixonadamente sublimes e o olhou.

Entretanto, não se surpreendeu — apenas se decepcionou. Mas como poderia se decepcionar se expectativas diante do que ela verbalizava, não criou?

Ele era indelével, mas isso não a impediu de o odiar por uma fração de segundo. Como era onusto explicitamente sua raiva, o que só provava, a quem assistia a situação, quão inefável era sua paixão. Pois apesar de sua raiva, era inelutável, e ela sabia.

Não lhe sobrou alternativa, somente a aceitação da situação. E estava tudo bem.

Porque, apesar desse cisalhamento e de sua incorrespondência, ele fez — mesmo que inconscientemente — olhos desidratados e taciturnos dizerem algo e, em seu âmago, sentirem.

Ela sabia que era efêmero, mas era grata pela explosão de sentimentos que ele causou.

Era muito bom ser humana novamente."

Inserida por yasz

⁠IRA
Eu concordo que não controlamos o que sentimos, e que, apesar disso, controlamos nossas atitudes com base neles. Sendo assim, tenho propriedade para dizer, pois tenho um certo talento de cultivar sentimentos ruins em meu âmago — nada como inveja ou ciúmes, que são sentimentos relacionados a meros humanos — mas sim, sentimentos como tristeza, decepção e, principalmente, raiva. Eu não os controlo, nem quando se protagonizam nem sua intensidade, pois, se eu os controlasse, iria preferir a felicidade, apesar de eu desconhecê-la. Absolutamente ninguém olha para mim e é capaz de imaginar quão lúgubre sou por dentro, pois, apesar da minha ira constante e incontrolável em termos de intensidade, eu controlo meu exterior. Sou, e unicamente, a única pessoa capaz de controlar meu corpo, que é meu templo, e minhas nuances. Principalmente por respeito a mim mesma, nunca sequer demonstrei um pouco do que sinto, pois, ao espalhar ódio em um mundo tão errado já pelas pessoas que vivem nele, me sentiria como uma traidora. E essa decepção, que já existe em mim sobre mim mesma, seria ainda maior. Mas o problema de prender um sentimento assim é que, a cada vez que você precisa se conter, se controlar, ele cresce mais. Me contive tantas vezes que mal posso imaginar a dimensão da intensidade deles hoje.

Inserida por yasz

⁠Sim, eu desconheço a felicidade.

Diante do dilúvio de sentimentos que me atingiu inesperadamente — sem ao menos ter tido tempo de aprender a nadar — a felicidade não veio entre eles.

Absolutamente nada que minha mente é capaz de visualizar me leva a um ápice de felicidade.
Nada deste mundo me faz sentir em casa. Em absolutamente lugar nenhum — nem mesmo na casa que dizem que posso chamar de lar.

Simplesmente, não sinto que pertenço a este lugar.
Porque, se um lar é onde nos sentimos felizes e confortáveis, então nada que presenciei, ou que sei que existe neste mundo, me levou a tanto.

Se a minha felicidade existe…
Ela não é dessa realidade.

Inserida por yasz

⁠Mesmo o perfume, quando trancado num frasco sob pressão, pode virar veneno.
A raiva, quando não encontra válvula, se transforma em incêndio interno: ou sufoca, ou queima.
Te mata de qualquer forma

Inserida por yasz

⁠Até os sentimentos mais puros, quando contidos, podem sufocar.

Inserida por yasz