Assim sou eu Menina Mulher Deusa Menia

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Se sou estrela, foi o público que me fez estrela, não o estúdio nem ninguém em particular, mas o público.

Sou carente, gosto de carinho, de saber que as pessoas se importam comigo e principalmente, de alguém que me mostre que tudo vai ficar bem.

Sou imatura, egocêntrica e debilmente iludida por uma autoestima analgésica de efeito rebote. E dane-se. Um dia o meu amor verdadeiro chegará e será diferente de tudo isso e nós vamos chorar de emoção por ter valido a pena não sangrar até a morte nos insistentes e rotineiros momentos de angústia e nada e vazio e solidão e inconformismo.

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.

Ricardo Reis
Poemas de Ricardo Reis. Lisboa: Imprensa Nacional, 1994.

Não sou idiota, faço graça porque gosto de ver as pessoas sorrindo.

Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão; tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimos, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.

Desconhecido

Nota: O pensamento costuma ser atribuído a Clarice Lispector, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

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E penso: sou feio, então, sou desagradável, é isso, é isso — é só isso, sou incapaz de inspirar qualquer erotismo em alguém. Fico me ferindo, mas também dou voltas e penso: não, não é nada disso, sou legal, sou mansinho, sou até bonitinho. E penso tantas e tantas outras coisas, mas o real não se modifica. E o real, parece meio grosso dito assim, mas no fundo é isso mesmo (…)

Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Máquina escrevendo.

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Não acusar-me. Buscar a base do egoísmo: tudo o que não sou não pode me interessar, há impossibilidade de ser além do que se é – no entanto eu me ultrapasso mesmo sem o delírio, sou mais do que eu quase normalmente –; tenho um corpo e tudo o que eu fizer é continuação de meu começo; se a civilização dos Maias não me interessa é porque nada tenho dentro de mim que se possa unir aos seus baixos-relevos; aceito tudo o que vem de mim porque não tenho conhecimento das causas e é possível que esteja pisando no vital sem saber; é essa a minha maior humildade, adivinhava ela.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Já não me importo

Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta

Fernando Pessoa

Nota: Trecho de poema do livro "Novas poesias inéditas", de Fernando Pessoa.

Não sou de frescura e muito menos de compulsões consumistas. Mas ainda tenho um lado mulherzinha: choro à beça, sou louca por flores, não vivo sem meus hidratantes, aprecio o cavalheirismo, gosto de ficar de mãos dadas no cinema, devoro revistas de moda, me interesso por decoração e fico chocada quando escuto expressões grosseiras.

Sou uma mistura de caras e bocas, sorrisos e olhares, atitudes e palavras, estilos e comportamentos. Mas personalidade eu só tenho uma, diferente de muitas pessoas por aí!

Abstrações são encantadoras, mas sou a favor de que se deva também respirar o ar e comer o pão. (O jogo das contas de vidro)

Por pudor sou impuro.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Desconhecido

Nota: O pensamento costuma ser erroneamente atribuído a Clarice Lispector.

Escrevo muito simples e muito nu. Por isso fere. Sou uma paisagem cinzenta e azul. Elevo-me na fonte seca e na luz fria.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Não choro minhas perdas, nem temo a inveja e o olho gordo que me rodeiam. Sou de Deus, quem não é que se cuide!

Atrapalhado é pouco. Tudo que pego estrago. Sou a prova viva de que é impossível manter a seriedade por muito tempo. Gosto de morder as pessoas e ouvi-las reclamar depois. Tenho uma certa obsessão por sorrisos. Sou tão idiota a ponto de rir de mim mesmo. Explicar algo sem risadas, não funciona. Eu vejo graça em absolutamente tudo que não tem. Eu choro, mas consigo compensar isso depois. E é o suficiente.

Não confunda fragilidade com inocência. Sou frágil, não idiota.

Minhas palavras cuidadas incomodam. Se não explico, pareço louca. Se explico, sou louca.